Atualmente 430 vagas de terapia intensiva (UTI) do SUS, em Pernambuco, estão com pacientes que apresentam sintomas de covid-19
Cadastrado por
Cinthya Leite
Publicado em 16/11/2022 às 16:37 | Atualizado em 16/11/2022 às 18:42NOTÍCIA
Leitura: 6min
A nova alta da covid-19, impulsionada pela circulação das novas subvariantes da ômicron BQ.1 e XBB, já é refletida na assistência hospitalar pública em Pernambuco.
Atualmente, segundo dados do painel que apresenta os dados de leitos de síndrome respiratória aguda grave (srag) no Estado, 430 vagas de terapia intensiva (UTI) estão com pacientes que apresentam sintomas de covid-19 (suspeitos ou confirmados). Isso corresponde a uma taxa de ocupação de 74% dos leitos de UTI, considerando as 581 vagas desse tipo ofertadas para srag, via Sistema Único de Saúde (SUS), em Pernambuco.
Além disso, há 46 solicitações ativas para leitos públicos de UTI no Estado. São pacientes com srag que permanecem em fila até a regulação ofertar uma vaga. Desses 46, 32 são pessoas adultas e 14 são crianças.
Segundo mostra o painel de leitos da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag-PE), a última vez que Pernambuco teve um número semelhante de pacientes em fila foi julho deste ano.
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O número de pessoas em fila de espera retrata que está mais difícil encontrar uma vaga para pacientes com srag/sintomas de covid-19.
Em relação aos leitos de enfermaria, Pernambuco tem 318 deles ocupados, entre os 507 disponibilizados na rede pública. Com isso, a taxa de ocupação das enfermarias está em 63%, e há 40 pessoas com sintomas de covid-19 em fila de espera por uma vaga desse tipo.
Entre os pacientes que aguardam um leito de enfermaria, 36 são adultos e 4 são crianças.
NOVA ONDA DE COVID
Ao todo, neste atual momento da covid-19, a rede SUS de Pernambuco conta com 1.088 leitos (contando UTI e enfermaria). Desse total, 748 estão com pessoas que apresentam sintomas de covid-19. Assim, a taxa de ocupação geral está em 69%.
A reportagem do JC entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde (SES) para questionar como o governo analisa esse cenário de maior demanda por leitos durante esta nova onda da pandemia.
Em nota, a SES diz que o governo de Pernambuco “continua monitorando de forma permanente e criteriosa a evolução do cenário epidemiológico da covid-19“.
Sobre o questionamento que fizemos diante do aumento na taxa de ocupação das vagas de UTIs e da fila de espera, a SES responde que “os leitos citados não são exclusivos para a covid-19, pois atendem pacientes com os mais diversos quadros respiratórios, virais ou não”.
No entanto, a secretaria não menciona que outros agentes infecciosos estão por trás desse aumento na ocupação e da fila de espera.
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“Além disso, a Central de Regulação tem constatado, entre os usuários admitidos nos serviços de saúde, pacientes colonizados com a doença, mas internados por outros quadros clínicos que não a covid-19.”
Não fica claro se esses pacientes teriam sido internados pela doença de base (diabetes, por exemplo), com a covid-19 sendo um achado em exames laboratoriais, ou se a covid-19 agravou a doença de base, o que poderia levar ao internamento.
“A SES-PE também reforça que, no momento, o número de vagas disponíveis nos leitos voltados para casos de srag é superior à atual demanda, e as transferências estão sendo realizadas dentro do giro das unidades.”
A nota ainda destaca que Pernambuco “não vislumbra, no momento, a abertura de novas vagas”, mas que, “se houver necessidade, haverá a conversão de leitos na rede própria e contratualizada”.
NOVA ONDA COVID: HÁ AUMENTO DE CASOS GRAVES?
A Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES) ainda ressalta que o aumento da positividade para covid-19, nas últimas semanas, tem impactado principalmente no registro de casos leves.
“Para se ter ideia, na última semana epidemiológica (SE 45), o Estado registrou 32 casos de srag confirmados para a covid-19, o que representa 15 a mais do que o registrado na SE 44 e 18 a mais que a SE 43. Já entre os casos leves, o aumento foi bem maior: 3.207 casos confirmados na SE 45, 734 na SE 44 e 634 na SE 43.”
A SES não explicou, contudo, que há uma demora maior para o processamento dos exames dos casos de srag, em comparação aos pacientes que apresentam manifestações leves da doença e que recebem, em 15 minutos, o resultado do teste. Assim, logo os casos leves entram para as estatísticas.