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A Resistência dos Xukurus de Cimbres da Aldeia Mãe Maria: Fé e Devoção em Meio à Adversidade

A Tradição e Devoção dos Xukurus

No coração do sertão pernambucano, na lendária Vila de Cimbres, a devoção dos índios Xukurus de Cimbres à Nossa Senhora das Montanhas transcende gerações. Este povo indígena, que cultiva a fé com fervor, homenageia a santa desde tempos imemoriais. Os Xukurus, cujas raízes se entrelaçam com a terra de Cimbres, celebravam suas tradições, batizavam seus filhos e honravam seus ancestrais aos pés da Virgem encontrada por seus antepassados na mata.

O Conflito e a Expulsão

Em 7 de fevereiro de 2003, um conflito doloroso mudou para sempre o destino dos Xukurus de Cimbres. Expulsos de sua terra natal, viram-se afastados das raízes que os sustentavam: a terra dos pais, avós e ancestrais, onde aprenderam a trabalhar, onde criaram seus animais e viveram em paz com seus parentes e amigos. A Vila de Cimbres, que abrigava seus mais preciosos momentos de fé e união, foi perdida em meio à discórdia.

A Força da Fé e da União

Apesar da dor da expulsão, os Xukurus de Cimbres mantiveram viva a chama da devoção a Nossa Senhora das Montanhas, a Mãe Tamain, como a chamam em sua língua. Na Aldeia Mãe Maria, onde hoje vivem, a fé se tornou um elo ainda mais forte de resistência e perseverança. Ali, entre a mata virgem preservada e a pequena vila construída com esforço e dedicação, eles continuam a celebrar suas tradições e a manter viva a cultura indígena.

A Celebração da Fé

Todos os anos, em junho, os Xukurus se reúnem para celebrar as festividades em homenagem a São João, seus ancestrais e a Mãe Tamain. Esses rituais sagrados renovam a força e a esperança deste povo guerreiro, simples e amigável. A união na luta pela reconstrução de suas vidas e a fé inabalável em Deus e na Virgem Maria os confortam e sustentam, mantendo viva a memória de sua amada Vila de Cimbres.

A Nova Capela e a Continuidade da Devoção

Na pequena vila de Biá (idealizada pelo índio Biá Xukuru de Cimbres, irmão do Cacique Francisco), um novo símbolo de fé surgiu: uma capela de orações. Este espaço sagrado, onde celebram missas em homenagem à santa anualmente, é um orgulho e um testemunho da devoção inabalável dos Xukurus de Cimbres. A imagem de madeira encontrada pelos seus antepassados na mata , que milagrosamente retornava para o alto das montanhas (permanece na antiga e lendária Vila de Cimbres), mas a fé deles os torna próximos Dela e Ela a cada dia mais próxima deles sendo o centro de suas orações e esperanças sempre.

Um Legado de Fé e Perseverança

A história dos Xukurus de Cimbres é uma narrativa de fé, resistência e devoção. Mesmo diante das adversidades e da expulsão de sua terra natal, eles continuam a honrar Nossa Senhora das Montanhas, mantendo viva a cultura e as tradições que herdaram de seus ancestrais. A cada ano, a celebração da fé fortalece a união deste povo batalhador, que encontra na Mãe Tamain a força para seguir em frente e lutar por dias melhores.

Em um tempo de incertezas, a história dos Xukurus é um poderoso lembrete do poder da fé e da perseverança. Mesmo afastados da terra onde nasceram e cresceram, eles permanecem firmes na devoção e na luta, iluminados pela esperança de dias melhores, celebram com alegria e paz, a proteção da Mãe das Montanhas.

Este era o lugar onde eles homenageavam a Nossa Senhora das Montanhas até 2003, antes do conflito (esta belíssima Igreja foi contruida com a ajuda dos seus ancestrais):

Entre 1662 e 1664, o missionário oratoriano, padre João Duarte do Sacramentofamoso por suas virtudes, fundou uma missão junto ao povo indígena cariri pertencente à etnia chamada Xukuru. O local foi batizado pelo padre como Missão de Ararobá, nome da serra em que se encontrava. Posteriormente o nome do local foi trocado por Monte Alegre e, em 1762, para Cimbresconhecida hoje pelas aparições de Nossa Senhora das Graças em 1936.

No entanto, quando o padre Sacramento chegou em Ararobá, ali já existia uma forte devoção a uma pequena imagem de madeira da Santíssima Virgem. Esta imagem havia sido encontrada pelos índios no mato em cima do tronco de uma Caraibeira. Os índios haviam tentado levar a imagem para sua aldeia; no entanto, esta sempre retornava milagrosamente para alto das montanhas, onde por fim foi construído sua primeira capela.

Francisco Mendes Galindo, 03/07/2024.

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