O presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, teceu críticas ao governo federal nesta quinta-feira (27), afirmando que falta perspectiva de longo prazo no país e que houve uma deterioração da política, tendo como reflexo a não identificação da população com o poder Executivo.

“Um governo que foi eleito para melhorar o Brasil, não conseguiu fazê-lo. Um governo que sinalizou que ia melhorar a política, piorou a política no Brasil. […] Só se supera essa crise de confiança com o voto, não tem ninguém com uma varinha de condão para dizer que esse cristal não está quebrado. E o cristal é a relação de confiança entre o governo e a sociedade”, afirmou Campos.

As declarações foram dadas a jornalistas após evento no Recife pela memória da deposição do governador de Pernambuco Miguel Arraes – avô de Campos -, em 1964, quando foi instaurado o regime militar.

A disfunção entre o que quer a sociedade e a pauta política foram apontadas pelo socialista como um fator que contribui para a atual crise de confiança que o país enfrenta.

“Nessa relação entre o Congresso e o Executivo, a população não se vê, não percebe seus interesses representados. É um debate muito distante do cotidiano e da pauta da sociedade. […] Nos preocupa que essa disfunção, esse descasamento entre os que representam e os que estão representados possa gerar um desânimo, uma descrença, uma apatia, um desejo de não participar”, disse.

Provável candidato à presidência, Campos voltou a afirmar que o ‘Brasil real e o Brasil de Brasília’ são diferentes e que falta uma visão de longo prazo para o governo atual. “Você percebe que existe no país hoje, mais que uma crise macroeconômica, é uma crise de confiança, de expectativa”, apontou.

O resultado da crise é a desconfiança não só da população, como também dos investidores, como o recente rebaixamento da nota de crédito da dívida do Brasil pela agência de risco Standard & Poor’s, indo de ‘BBB’ para ‘BBB-‘.

“Essa crise vem da percepção que agentes da sociedade e do mercado começam a não saber para onde estamos indo. As idas e vindas do governo em relação a vários aspectos terminaram por criar essa compreensão. O governo até pode chegar para vocês e dizer que o projeto é esse, mas as pessoas não creem, não percebem.[…]Você vê hoje os setores mais estratégicos cheios de problema”, avaliou.