“Ele não vai ser enterrado,
ele não vai ser sepultado
Ele vai ser plantado,
para que dele nasçam novos guerreiros,
minha mãe natureza”.
(Zenilda, esposa de Chicão Xukuru)
17 anos depois da morte do Líder Chicão, mais do que nunca, a “chama” do Povo Xukuru está acesa e a brilhar. Pois, ontem dia 14/05/2015, o Presidente da Câmara Municipal de Pesqueira (vereador Sil Xukuru) colocou em pauta o Projeto de Lei que cria o Dia da Consciência Indígena em Pesqueira (que será o dia 20 de Maio, que também é a data comemorativa da morte do Cacique Chicão, um marte deste tão bem conceituado Povo Xukuru). O Projeto, merecidamente, foi aprovado por unanimidade e, esta, é, sem sombra de dúvidas, mais uma prova de conquista e da presença marcante deste Povo indígena, que mantem a sua cultura e a sua tradição enriquecendo a nossa História todos os dias e, consequentemente, cooperando com o desenvolvimento da nossa sociedade.
Francisco Mendes Galindo/ pesqueirafuxico.com
Veja matéria sobre a morte de Chicão!
Um dos momentos mais marcantes da minha militância nos direitos humanos foi quando pude testemunhar um relato de Marquinhos Xukuru, filho de Chicão Xukuru, cacique assassinado em 1998 na terra do seu povo, no município de Pesqueira, agreste pernambucano.
Naquela quente tarde de Porto Alegre, no Fórum Social Mundial de 2005, as palavras de Marquinhos geraram duas sensações nas mais de duzentas pessoas que o ouviam.
Um nó na garganta, por estarem diante de uma pessoa marcada para morrer.
Ao mesmo tempo, uma serenidade acalentadora, geradora de confiança renovadora da disposição, graças à energia contagiante que aquele jovem cacique expressava na fala, no olhar e nos gestos.
Marcos Xukuru terminou seu depoimento em lágrimas, provavelmente sentindo a ausência – ou a indignação – que a morte de seu pai lhe causou.
O momento de intimidade partilhada durou pouco. Mal largava o microfone e era cercado por uma dezena de irmãos em armas e repórteres, alguns estrangeiros, sequiosos por ouvi-lo por mais tempo.
Eu entre eles.
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Neste momento em que se investiga a denúncia de (mais) um ato de barbárie cometido contra os índios, cabe lembrar – ou conhecer, para a maioria – esse nome.
Falar da luta indígena no Brasil sem mencionar Chicão Xukuru é como ler um livro com suas páginas centrais rasgadas.
Apesar disso, e assim como a própria luta indígena, Chicão é um nome amplamente desconhecido pela sociedade em geral, inclusive em Pernambuco, cenário principal da vida deste grande guerreiro do povo brasileiro.
Chicão foi assassinado a 20 de maio de 1998, com seis tiros de pistola 360mm, na frente da casa da sua irmã. Mais uma das milhares de vítimas dos ruralistas fizeram ao longo dos cinco séculos desse País.
O corpo do cacique nos deixou, mas não falta quem reverencie a sua memória e nela se inspire para continuar a luta.
O grupo Mundo Livre S/A, pioneiro do manguebit popularizado por Chico Science & Nação Zumbi, gravou uma música, em tom de manifesto, para homenagear Chicão.
O videoclipe da música traz imagens imortais dele e da luta do seu povo. Marquinhos e outros familiares de Chicão também estão registrados no vídeo.
O outro mundo de Xicão Xukuru
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Vale visitar o site do Espaço Cultural do Povo Xukurú de Ororubá, que mantém acesa a chama do cacique Chicão: http://www.xukuru.de