Uma delegação chinesa chegou cheia de dinheiro e com muita vontade de investir no Brasil. O governo por sua vez, que vai anunciar um corte bilionário no orçamento esta semana, está de olho nos negócios com a China.
A área de maior interesse é a de infraestrutura. O governo brasileiro espera fechar acordos para segmentos considerados estratégicos, como energia, aeroportos, portos, ferrovias, em especial a Transoceânica.
O projeto é fazer a ligação do Oceano Atlântico, partindo do estado do Rio de Janeiro, cruzando o Brasil e o Peru, até chegar ao Oceano Pacífico. Esta é uma ideia que ganhou corpo há quatro anos para facilitar o escoamento de produtos para a Ásia, mas ainda não saiu do papel.
Outros acordos dados como certos são a venda de 60 aviões da Embraer e a reabertura do mercado chinês para a carne bovina brasileira.
A China é o principal parceiro comercial do Brasil. Em 2013, as exportações chegaram a US$ 46 bilhões, a maior parte em produtos básicos, como soja e minério de ferro, e quase todos os produtos que importamos da China são industrializados, alguns com alto valor agregado.
Esse perfil de trocas comerciais é criticado por economistas. Para o especialista Jorge Arbache, o Brasil tem que pensar no médio prazo para negociar as condições dessa parceria.
“Uma parceria que nos leve a produzir mais e melhores coisas, coisas muito mais sofisticadas, coisas com maior conteúdo tecnológico porque nós sabemos que é isso que faz a diferença, isso que faz uma nação prosperar, a capacidade de agregar valor, de gerar bons empregos e renda”, diz.
A oferta do dinheiro chinês chega na hora em que o Brasil precisa ampliar investimentos para tentar dinamizar a economia e não há recursos internos sobrando. Pelo contrário, o ministro Joaquim Levy, da Fazenda, confirmou que os cortes no orçamento devem ficar entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões, mas o dessa garfada vai depender também da forma como forem aprovadas as medidas de ajuste fiscal no Congresso.