Marcos Valério pretendia negociar redução de sua pena com a denúncia não comprovada
Pio Redondo
São Paulo
A Procuradoria Geral da República do Distrito Federal (PGR-DF), que investigou denúncia de participação do ex-presidente Luiz Ignácio Lula da Silva no caso ‘mensalão’, pediu arquivamento do inquérito que apurava sua suposta participação em negociação sobre o repasse de US$ 7 milhões da Portugal Telecom para o PT.
O arquivamento é extensivo ao ex-ministro da Fazenda de Lula, Antônio Palocci, também investigado no inquérito sobre a suposta propina.
A denúncia original, de abril de 2013, e não comprovada, partiu do publicitário Marcos Valério, preso desde novembro do mesmo ano por ter sido considerado o maior operador ‘mensalão’, esquema de compra de votos de parlamentares investigado desde 2005, e que o PT nega ter existido.
Segundo o pedido de arquivametno do Ministério Público Federal, não há provas da veracidade da delação de Valério, que tinha como objetivo negociar a redução de sua longa pena.
O publicitário afirmou que a transferência do dinheiro fora acertada em reunião de Lula e Palocci, dentro do próprio Palácio do Planalto, com representantes da empresa, para pagar díviadas das campanhas políticas do PT de 2002 e 2004.
Segundo o jornal Folha de São Paulo, que revelou a decisão da Procuradoria, “Valério disse que Lula tinha conhecimento do ‘mensalão’ e que o suposto ’empréstimo’ da Brasil Telecom (filial) serviria para quitar dívidas de campanhas do PT de 2002 e 2004”.
Valério chegou a afirmar que supostas contas no exterior para os depósitos ilegais teriam sido indicadas ao empresário Miguel Horta, diretor da Portugal Telecom.
“De acordo com o publicitário – relata o jhornal – à época, a companhia portuguesa pretendia adquirir o controle da brasileira Telemig Celular. A Polícia Federal comprovou que o publicitário viajou a Portugal, onde se reuniu com Horta. Do mesmo modo, constatou que Lula esteve com Horta, na presença de Palocci e do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), mas não foi possível saber o teor do que foi tratado”.
Em seu despacho, o MPF afirma que a Polícia Federal não conseguiu rastrear os supostos desembolsos da Portugal Telecom, “seja porque algumas das contas não foram localizadas, seja porque não foram identificadas movimentações financeiras capazes de indicar pagamentos aos ora investigados”.
Com isso, o pedido de arquivamento declara que “as investigações não conseguiram comprovar o desembolso de valores da empresa em favor do Partido dos Trabalhadores”.
Como a denúncia se mostrou sem fundamento, o MPF não investiga mais nenhum crime correlato que associe Lula ao ‘mensalão’.
Na época da acusação de Valério, os grandes veículos de comunicação que se opõem ao governo Lula, e agora à Dilma, deram grande destaque às acusações.
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