Este conto Eu conto como ninguém sabe contar… Se Eu conto como conto, contado fica para a história relembrar, para os netos desse amigo cujo nome ainda não vou revelar, mas que mora lá para as bandas do Recife, a “Capitá” de Pernambuco, do poeta do Savoy, aquele dos trinta copos de Chopp, o Pena, que foi Carlos e que foi Filho, o Carlos Pena Filho.
Poema ‘Chopp’ – Carlos Pena Filho
Na avenida Guararapes,
o Recife vai marchando.
O bairro de Santo Antonio,
tanto se foi transformando
que, agora, às cinco da tarde,
mais se assemelha a um festim,
nas mesas do Bar Savoy,
o refrão tem sido assim:
São trinta copos de chopp,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrados.
Ah, mas se a gente pudesse
fazer o que tem vontade:
espiar o banho de uma,
a outra amar pela metade
e daquela que é mais linda
quebrar a rija vaidade.
Mas como a gente não pode
fazer o que tem vontade,
o jeito é mudar a vida
num diabólico festim.
Por isso no Bar Savoy,
o refrão é sempre assim:
São trinta copos de chopp,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrados.
Este conto Eu conto porque quero contar, ora bolas! Se você não gostar, dane-se, vá tomar o chope em outro lugar, porque no Savoy você não toma mais, fechou… Fechou para a tristeza da boemia do Recife de Mário Melo, de Paulo Couto Malta (o cronista da Cidade) e de Paulo de Oliveira, meu Pai, que nasceu as margens do Capibaribe, na Rua da Aurora, donde se ver toda a sua história.
Zé do Patrocínio, meu querido amigo-irmão, outro recifense adotado, nascido pras brenhas do agreste, depois embrenhado no Recife, no Edifício “Continentá”, trabalhava no “Jorná” e vendia jorná do “Jorná”, para o Commércio “melhorá”, me dizia sempre: “Toda história ou estória merece um conto. Se você não contar, vem alguém a contar, e você vem a “sobrá”.
É assim que levo a vida, sem frescuras quaisquer, contando de tudo um pouco para a memória ficar, pois na minha terra Pesqueira, da Serra do Ororubá, tem muito contos para contar pra ninguém desmemoriar, por isso gosto sempre de “Canetá”.
Ninguém me venha com “farofa” que este conto eu vou contar, vou até dizer que não sei muito rimar, mas para homenagear o menino traquino que nasceu para as bandas do “caná”, de Macena eu vou falar.
Porra, virei poeta, será que o véi Lau me deixou em seu lugar? Claro que não ele sempre me dizia você não nem sabe rimar. Saudade do meu amigo… Que perda Pesqueira, que perda…
O motivo de tudo isso é como diz o título destas CANETADAS é fazer uma homenagem aos 74 anos do pesqueirense e meu particular amigo, MARCOS FARIAS MACENA, filho do mestre Magno Gregório Macena e dona Áurea Cordeiro Macena, minha Deusa. Marcos tinha duas Irmãs: Magnólia Farias Macena (solteira) e Mauricéia Farias Macena, mas tarde (Farias Almeida), pelo casamento com Juarez Almeida (pesqueirense, filho do sargento Almeida). Mauricéia faleceu faz algum tempo.
Macena é casado (teve muita sorte) com Alena Gomes Macena (advogada, jornalista, diretora de produção da TV UNIVERSITÁRIA tudo mais que se pode pensar de uma arretada).
São seus filhos:
César Magno Gomes Macena (médico, residente em São Paulo); Marcos Gomes Macena – administrador de empresa, trabalha na Petrobrás;
Cíntia Gomes Macena (administradora de Empresa).
Marcos Macena, começou sua vida profissional na Rádio Difusora de Pesqueira, como locutor esportivo, passando pelo rádio-teatro, trabalhando ao lado de Roberto Valença, tomando aula com Nelson Valença.
Ex-aluno do Ginásio Cristo Rei. Quando em Recife, trabalhou na empresa Jornal do Commércio, Rádio Olinda, com presença em outras mais. Fez cinema, teatro, rádio e televisão.
Foi Proprietário (diretor presidente) do Stúdio Três, empresa de publicidade, ao lado de sua esposa Alena – que além de advogada e jornalista, também, exerceu as atividades de publicitária.
Macena trabalhou por muitos anos no drama da Paixão de Cristo, ao lado de Jose Pimentel, em Fazenda Nova, sendo um dos seus fundadores, com Plínio e Diva Pacheco, fazendo vários papéis, aprendendo até a RESSUSCITAR. Isso mesmo, Ressuscitar!
É que Vitimado por um mal até agora sem efetiva explicação médico-científica, Marcos Macena passou em coma 59 (cinqüenta e nove) dias na UTI de um Hospital, no Recife.
Momentos de aflição, de dor e desespero dos seus familiares e, também, dos seus conterrâneos e amigos. A situação de Marcos era tão grave, que em determinado momento, a família chegou a encomendar os funerais, com direito a caixão e tudo mais, contratando um grupo de carolas para o canto de despedida e o choro da dor. Era a preparação para a sua última viagem. Desacreditado, não havia qualquer esperança de vida.
De repente, não mais que de repente, como diria o poeta Vinícius, ao completar 59 dias incubado na UTI e entubado no seu leito, quase de morte, em coma profunda, pesando quase nada, além de diminuir no tamanho físico (tinha um metro e 82 de altura, ficou com quase um metro e dez, choco mesmo, parecendo um maracujá murcho), a voz estridente do locutor esportivo, dos graves e agudos, dos palcos dos teatros, nem mais surgia, eis que Marcos Macena ressuscita, renasce, volta à vida e nela desafiando a morte.
Sempre brincalhão, em toda a sua vida, uma das maiores e melhores presenças de espírito que já conheci, abre os olhos no leito de morte, e pergunta: O que diabo estou fazendo aqui? Sua primeira palavra evidente foi parta Alena, a sua mulher, a sua companheira, a mãe de seus filhos. A mulher como ele gosta de dizer: Alena é tudo para mim e o mais importante são as nossas brigas. E acrescenta: se não houvesse as brigas, já nos teríamos separado há muito tempo.
Convivi com Marcos, quando morei em Recife – (quase vinte anos) e sempre nos encontrávamos, bebíamos, conversávamos assuntos diversos – (política, jornalismos atualidades… vida alheia, tudo e tudo mais, etc. e etc. e tal, amém), mas toda conversa ou começava ou terminava sobre Pesqueira.
Marcos Macena é um pesqueirense que valoriza a sua terra, a sua gente… Briga por Pesqueira… Se alguém falar mal de Pesqueira, sem meias palavras, manda o cara pra merda.
Quando dos seus 60 ANOS, há 24 anos, resolvi fazer uma homenagem ao Macena. Reuni um grupo de amigos, saudando a todos através da saudosa figura do Dr. Paulo Meira. Foram três dias de festa, no Hotel Acauã, com a presença de mais de 200 pessoas, evento animado pelo Conjunto Pernambucano de Choro, composto por pesqueirenses do Gabarito de Tonhé. Marcos Cesar, Bila, entre outros. Ontem 18/10/2105, falei com Ele por telefone, emocionado lembrou o fato, dizendo que marcou a sua vida. Parabéns Marcos Macena pelos 74 ANOS… Não vou desejar mais 10, 30…, anos de vida, até porque você não morre mesmo. Seja eterno como sempre foi! Fraternal abraço para você, Alena e os meninos. Jurandir Carmelo – (Sem revisão… Desde já as minhas desculpas por eventuais erros).
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