A relação de bens dos políticos brasileiros revela que, para uma parcela significativa deles, entrar para a vida pública fez muito bem aos negócios pessoais. Apesar de muitos garantirem que a política atrapalha os investimentos, as declarações de bens mostram que a dedicação à vida pública tem coincidido com contas bancárias cada vez mais recheadas. A rapidez da evolução patrimonial de alguns políticos mineiros impressiona. Em alguns casos, a fortuna evoluiu 513% em apenas um mandato.
Em 2006, o deputado federal Newton Cardoso (PMDB) informou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um patrimônio de R$ 12,7 milhões. Quatro anos depois, o valor batia a casa dos R$ 77,9 milhões. O peemedebista diz que o montante, na verdade, é superior. “A Receita Federal aceita que você coloque um imóvel com o valor de compra, e não de mercado. Isso dá diferença”, conta, sem precisar o tamanho de sua fortuna. Ele conta que teve lucro com a venda da Magnesita, empresa da qual era dono até 2007. Ainda assim, o ex-governador garante estar vivendo uma crise que o obrigou a se desfazer de várias empresas: “Estou pobre. A política atrapalha”.
O deputado federal Aelton Freitas (PR) também não precisou de mais do que quatro anos para conseguir o que muitos brasileiros não alcançam com uma vida inteira de trabalho: ter o patrimônio triplicado. Em 2006, Freitas, que é produtor rural, declarou à Justiça ter R$ 1,4 milhão. Em 2010, quando foi reeleito, já eram R$ 5,4 milhões. Um crescimento de 321%. O upgrade na vida financeira do deputado mostra que há quatro anos ele adquiriu aplicações em uma empresa alimentícia que lhe renderam R$ 2,5 milhões. O parlamentar não quis dar entrevista.
No levantamento da reportagem também chama a atenção o caso do deputado estadual Deiró Marra (PR). Em 2006, ao iniciar seu primeiro mandato, declarou patrimônio de R$ 2,2 milhões. Ao fim da legislatura, já havia subido vários degraus na escala da riqueza e já possuía bens que somavam R$ 4,3 milhões, quase o dobro.
O advogado, produtor rural e empresário do setor de transportes não retornou às ligações da reportagem.
O colega de Legislativo e produtor de café Dilzon Melo (PTB) também vive uma fase de prosperidade financeira paralela à vida pública. Os R$ 3,2 milhões de 2006 viraram R$ 6,3 milhões quatro anos depois.
O avanço, disse, é fruto do “tino” nos negócios, que só não crescem mais por causa da dedicação à política. “Quando entrei na política, já era estabilizado. A política até me impede de ganhar mais, porque acompanho os negócios de longe”.
Arlen Santiago (PTB) é outro exímio empreendedor. Em 2006, no segundo mandato, tinha R$ 1,1 milhão. Em 2010, dobrou o patrimônio para R$ 3,6 milhões. Santiago diz que o incremento é fruto de negócios feitos com terrenos que recebeu de herança. Os imóveis não aparecem no TSE.
Dados
Comparação. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) só passou a disponibilizar em seu site as informações com as declarações de bens dos candidatos brasileiros a partir do ano de 2006.
fonte: ig.com