RIO – Diagnosticada com o vírus zika em 27 de novembro, a professora Irma de Souza Leal, de 41 anos, foi medicada e precisou de poucos dias de repouso para se recuperar. Mas depois de uma semana, quando as manchas vermelhas já tinham desaparecido da pele, ela começou a sentir um formigamento nos pés, que evoluiu para dificuldade de andar e, em seguida, veio uma sensação terrível de dormência na língua. Levada pela família a um pronto-socorro, a equipe médica constatou o que a filha mais velha de Irma desconfiava: depois de pegar zika, ela desenvolveu a síndrome de Guillain-Barré, que provoca paralisia muscular. Desde o dia 10 de dezembro, a professora está internada no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) de um hospital privado no Centro do Rio.
No início do mês, o Ministério da Saúde havia confirmado a associação entre a síndrome e o vírus, que é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Segundo a Subsecretaria estadual de Vigilância em Saúde, desde junho deste ano, quando passou a ser obrigatória, a notificação de casos de síndromes neurológicas agudas com histórico de manchas vermelhas (exantema) foram registrados dois casos de Guillain-Barré no estado. Um deles teve resultado positivo para zika.
– Foi tudo muito rápido. Ela teve zika dia 27 de novembro e, no último dia 5, começou a sentir dormência nos pés. Dois dias depois, ela foi a um pronto-socorro perto de casa (na Baixada Fluminense), e lá falaram que era desidratação. Deram soro e dipirona. Ela foi para casa e só piorava. No dia 9, comecei a ler notícias nos jornais e vi que zika podia ter relação com Guillain-Barré. Fomos a um hospital em Copacabana, onde a doença foi diagnosticada. Na Baixada, infelizmente, as informações sempre demoram a chegar.
Assim que a síndrome foi confirmada por tomografia, hemograma e punção lombar, Carolina publicou um desabafo nas redes sociais. “Apesar de não tê-la em casa ainda, completamente saudável e comemorando sua recuperação, decidimos divulgar seu caso (…). Há muita falta de informação e não sabemos se existem mais casos como esse, e se há diagnóstico ou tratamento disponível a todos. Estamos tentando divulgar os sintomas e também sua rápida evolução.” A postagem teve mais de 70 mil compartilhamentos e a estudante recebeu mensagens de pessoas de vários estados brasileiros, oferecendo apoio ou relatando casos semelhantes.
A família conta que Irma está respondendo bem ao tratamento e deve ser transferida do CTI para a enfermaria em breve. Os médicos, no entanto, ainda não sabem se ela ficará com sequelas. Irma já foi conhece os riscos da doença.
– Ela está sendo tratada com imunoglobulina. As pernas e os braços estão bem melhores. Ela já consegue andar quando tem ajuda. Mas a face ainda está um pouco paralisada. Ela tem dificuldade de piscar e mexer a boca.
Considerada uma doença rara, a síndrome de Guillain-Barré pode se manifestar em diferentes graus, provocando leve fraqueza muscular e até casos de paralisia total dos membros. Os sintomas começam pelas pernas, podendo irradiar para o tronco, os braços e a face. Há risco de a síndrome afetar músculos respiratórios e, sem tratamento adequado, o paciente pode morrer.