07/01/2016 13h25 – Atualizado em 07/01/2016 18h51
Jovem deu entrada no HR no dia 28 de dezembro e foi levada à UTI.
Hospital realizará exames de sangue e da médula para confirmar causa.
Uma índia, de 17 anos, da tribo Xukuru morreu no Hospital da Restauração, área central do Recife, na última quarta-feira (7). A causa da morte está sendo investigada pela unidade de saúde e só será confirmada após a realização de exames de sangue e do líquido da medula óssea. Uma das hipóteses é que a jovem tenha morrido em decorrência da Síndrome de Guillain-Barré (SGB), uma doença que ataca o sistema nervoso central e pode estar ligada a complicações do zika vírus.[Veja vídeo acima].
Danielle Marques de Santana deu entrada no HR no dia 28 de dezembro e foi levada à Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde ficou internada por nove dias. Ela foi transferida do Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru, no Agreste. A jovem era moradora do sítio Aldeia Pé de Serra, no distrito de Pão de Açucar, em Pesqueira, também no Agreste. Na manhã desta quinta, seu corpo está sendo velado e será enterrado neste mesmo local.
neurologia do HR (Foto: Thays Estarque/G1)
De acordo com a chefe do serviço de neurologia do hospital, a médica Lúcia Brito, a paciente já chegou na unidade de saúde com um quadro infeccioso grave. “A suspeita é que ela tenha tido uma virose há 15 dias e, durante esse período, começou a ter esse quadro. Por isso foi entubada e encaminhada para a UTI assim que chegou”, explica.
A médica ainda menciona que a jovem apresentava uma enzima muscular muito alta, a CPK, que é característica de várias doenças infecciosas. “Nós tivemos uma paciente que apresentava uma paralisia flácida com quadro viral anterior. Sem dúvida que nós levantamos todas as possibilidades e dentre elas o Guillain-Barré”, pondera Brito ao dizer que aguarda os resultados dos exames solicitados.
A síndrome pode ser provocada pela dengue, pela febre chikungunya, pelo zika vírus, citalomegalovírus ou HIV. Segundo Brito, de janeiro a junho de 2015, foram registrados 52 casos de Guillain-Barré no HR. Desses, nove vieram a óbito, sendo quatro relacionados ao zika vírus.
Na SGB, o organismo produz anticorpos para combater a infecção, porém, eles passam a atacar as bainhas de mielinas, que são as membranas que protegem as células nervosas. Com as mielinas atingidas, o paciente começa a ter dificuldade de locomoção.
A Guillain-Barré, que pode levar a morte, afeta o sistema nervoso e pode provocar fraqueza muscular dos membros. Ela também pode causar paralisia temporária. Os efeitos da síndrome também podem refletir na musculatura da face e da respiração – em casos mais graves. Por conta disso, o paciente precisa ser tratado em Unidade de Terapia Itensiva (UTI). Ela pode ser provocada por outras infecções e, geralmente, ocorre algumas semana após uma dessas infecções.
“A síndrome de Guillian-Barré é uma doença neurológica que acomete os nervos periféricos, que tem um quadro flácido e que é ascendente em pouco tempo. Sem dúvida que com essa situação, nosso primeiro pensamento é o Guillain-Barré, mas temos que juntar as peças. O que essa paciente apresentava a mais que pudesse sugerir o Guillain-Barré ou outra doença que pudesse ser a causa da paciente agravar tão rapidamente”, questiona a chefe do serviço de neurologia do HR.