Reino Unido, Alemanha, Itália e Israel já anunciaram medidas após descoberta de nova variante na África do Sul. Singapura e Japão também disseram que vão adotar restrições.
Por g1
26/11/2021 09h03 Atualizado há 7 minutos
Ao menos 4 países já anunciaram restrições a voos de nações africanas devido à B.1.1.529, nova variante do coronavírus descoberta na África do Sul, até o momento. Outros países, como Singapura e Japão, também anunciaram que vão adotar medidas.
A B.1.1.529 preocupa pois tem 50 mutações — algo nunca visto antes —, sendo mais de 30 na proteína “spike” (a “chave” que o vírus usa para entrar nas células e que é o alvo da maioria das vacinas contra a Covid-19).
O virologista Tulio de Oliveira, diretor do Centro para Resposta Epidêmica e Inovação na África do Sul, que anunciou a descoberta da nova variante na quinta-feira (25), afirma que a B.1.1.529 carrega uma “constelação incomum de mutações” e é “muito diferente” de outros tipos que já circularam.
“Esta variante nos surpreendeu, ela deu um grande salto na evolução [e traz] muitas mais mutações do que esperávamos”, afirma Oliveira, que é brasileiro. Mas ainda é cedo para dizer o quão transmissível ou perigosa é a variante — e seu efeito sobre as vacinas já desenvolvidas (veja mais abaixo).
VEJA TAMBÉM:
- B.1.1.529: o que se sabe sobre nova variante detectada na África do Sul
- Veja países onde a nova variante do coronavírus já foi detectada
- União Europeia propõe suspender voos do sul da África devido à B.1.1.529
Veja abaixo os países que já adotaram restrições de viagens devido à nova variante:
Reino Unido
Colocou seis países na “lista vermelha” de restrições de viagem devido à pandemia de Covid-19: África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue.
Isso significa que voos comerciais estão temporariamente proibidos e viajantes britânicos ou com residência no Reino Unido que estejam voltando dos locais afetados terão de fazer quarentena independentemente do status vacinal.
Alemanha
Anunciou que não vai aceitar a entrada de viajantes procedentes da África do Sul.
Itália
Proibiu a entrada em seu território de qualquer pessoa que esteve em 7 países do sul da África nos últimos 14 dias: África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Moçambique, Namíbia e Zimbábue.
Israel
O governo israelense colocou 7 nações africanas em sua lista vermelha sanitária: África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Moçambique, Namíbia e Zimbábue. A medida impede que estrangeiros viagem desses países viagem para Israel.
Países que estudam restrições
A Comissão Europeia, órgão Executivo da União Europeia, propôs aos 27 países membros do bloco a suspensão dos voos do sul da África. Não foram revelados quantos e quais países da região serão afetados pela proposta, que será debatida em reunião nesta sexta-feira (26).https://73f71ea57acd24065ccfe1227f322240.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
O Ministério da Saúde de Singapura disse que também vai restringir as chegadas de pessoas da região, e o Japão anunciou reforço nos controles de fronteira para visitantes da África do Sul e mais cinco países africanos, mas sem restringir os voos por enquanto.
A variante B.1.1.529
Até o momento foram registrados 77 casos na África do Sul, principalmente em jovens. Também foram relatados 4 casos na vizinha Botsuana, 1 em Hong Kong (uma pessoa que voltou de uma viagem à África do Sul) e 1 em Israel (uma pessoa que voltou do Malaui).
A equipe do instituto de pesquisa de Túlio de Oliveira, o KRISP, é vinculado à Universidade de Kwazulu-Natal e foi quem descobriu a variante beta, uma das quatro cepas consideradas de preocupação global (VOC) pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo o virologista brasileiro, a B.1.1.529 é potencialmente muito contagiosa e tem um número “extremamente alto” de mutações. “Podemos ver que [a variante] tem potencial para se espalhar muito rapidamente”.
Os cientistas ainda não têm certeza da eficácia das vacinas contra a Covid-19 existentes contra a nova variante.
“O que nos preocupa é que esta variante pode não só ter uma capacidade de transmissão aumentada, mas também ser capaz de contornar partes do nosso sistema imunológico”, disse o professor Richard Lessells, outro pesquisador do instituto.https://73f71ea57acd24065ccfe1227f322240.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html