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Brasil avança uma posição e é 79º no ranking do desenvolvimento humano

 

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24/07/2014 02h00

ONU calcula índice de 187 países com base em renda, educação e saúde.
No IDH 2013, Brasil está na faixa de países de desenvolvimento ‘elevado’.

Nathalia Passarinho Do G1, em Brasília

O Brasil avançou uma posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2013 em comparação com o anterior e passou do 80º lugar para o 79º no ranking das nações mais e menos desenvolvidas, que reúne 187 países.

Os dados constam do Relatório de Desenvolvimento Humano de 2013, divulgado nesta quinta-feira (24) pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Arte índice de desenvolvimento humano 2013 (Foto: Editoria de Arte / G1)

O IDH é um índice medido anualmente pela ONU com base em indicadores de renda, saúde e educação. O índice varia em uma escala de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, mais elevado é o IDH. O ranking divide os países em quatro categorias: os de índice de desenvolvimento “muito elevado”, “elevado”, “médio” e “baixo”.

As Nações Unidas fizeram alterações no método de cálculo, o que modificou o índice do Brasil no IDH de 2012. Com a atualização dos cálculos, o país passou, naquele ano, da 85º posição para a 80º (leia mais abaixo a explicação sobre a metodologia).

De acordo com a metodologia atual, o Brasil registrou, em 2013, IDH de 0,744, ante 0,742 em 2012, o que inclui o país entre os de desenvolvimento “elevado”.

Nas últimas três décadas, o país registrou crescimento de 36,4% no IDH, segundo a ONU – passou de 0,545 (desenvolvimento “baixo”) em 1980 para 0,744 em 2013 (desenvolvimento “elevado)”.

Em comparação com 2012, a maioria dos países se manteve estável no ranking de desenvolvimento de 2013. Das 187 nações das quais a ONU coleta dados, 38 países subiram, 114 mantiveram suas posições e 35 caíram.

A primeira colocação no ranking mundial permanece com a Noruega (0,944), seguida por Austrália (0,933), Suíça (0,917) e Suécia (0,915). Os Estados Unidos, que antes eram o terceiro país mais desenvolvido, caiu para a quinta posição, com 0,914. Os três piores colocados são os africanos Níger (0,337), Congo (0,338) e República Central da África (0,341).

De acordo com o representante residente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o argentino Jorge Chediek, o Brasil avançou muito nos últimos 30 anos, mas tem um “passivo histórico” de pobreza e desigualdade grande, o que dificulta um crescimento maior no ranking de desenvolvimento.

“O Brasil, em termos de desenvolvimento humano, mostra uma melhora consistente da condição de vida das pessoas nos últimos 30 anos. A nível global foi um dos países que mais melhorou nos últimos 30 anos”, avaliou.

Segundo Chediek, o relatório das Nações Unidas traz mais de 20 referências ao Brasil e elogios a programas de transferência de renda, como o Bolsa Família.

“Da nossa perspectiva o programa Bolsa Família é muito bem desenhado. Tem sido um grande sucesso e temos promovido a adoção dele em outros países. Esses programas de transferência de renda promovem a resiliência [capacidade de recuperação]. É um piso e nós defendemos piso de proteção social”, disse.

No texto do relatório, as Nações Unidas enfatizam esforços do Brasil em promover inclusão social e aumentar a capacidade de consumo da população mais pobre.

“Uma forma de avaliar o progresso de uma nação é calcular o crescimento do consumo entre os 40% mais pobres. Por esse cálculo, a Bolívia, o Brasil e o Camboja têm se saído bem. Nos três países, o nível de consumo dos 40% mais pobres tem sido mais acelerado do que o da população como um todo”, diz o documento.

Uma forma de avaliar o progresso de uma nação é calcular o crescimento do consumo entre os 40% mais pobres. Por esse cálculo, a Bolívia, o Brasil e o Camboja têm se saído bem. Nos três países, o nível de consumo dos 40% mais pobres tem sido mais acelerado do que o da população como um todo.”
Relatório de Desenvolvimento Humano da Organização das Nações Unidas

Desigualdade
De acordo com a coordenadora do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, Andreia Bolzon, apesar do progresso continuado, o Brasil é um país com grande desigualdade. Segundo ela, é na distribuição de renda que as diferenças se mostram mais acentuadas.

A pesquisa da ONU traz um cálculo do IDH que “desconta” dos dados de saúde, educação e renda o nível de desigualdade do país. Pelo levantamento, o Brasil perderia 39,7% de seu IDH devido às desigualdades atuais na renda da população. Haveria ainda um desconto de 24,7% em função de diferenças de acesso à escolaridade. No total, o Brasil perderia 16 posições no ranking de desenvolvimento se fosse considerado o nível de desigualdade do país.

“O Brasil é um destaque entre outros países. É um dos países reconhecidos pela trajetória extremamente positiva. Mas o Brasil ainda é um país desigual, ainda que tenha diminuído com politicas de transferência de renda e formalização do emprego”, disse Jorge Chediek.

América do Sul e Brics
O Brasil está atrás de quatro países da América do Sul em nível de desenvolvimento humano – Chile (41º lugar), Argentina (49º), Uruguai (50º) e Venezuela (67º).  Entre outros vizinhos, fica na frente de Peru (82º) e Colômbia (98º).

De acordo com o levantamento das Nações Unidas, da América Latina, somente cinco países, entre os quais o Brasil, registraram melhora no índice de desenvolvimento humano na comparação com 2012. Outros nove pioraram e 19 mantiveram a posição.

Em relação aos países emergentes com as maiores economias, que formam o chamado grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o Brasil só perde no IDH para a Rússia, que registra 0,778 e é a 57ª colocada.

Escolaridade e expectativa de vida
Os dados de escolaridade no Brasil não mudaram em relação a 2012. A média de anos de estudo continua 7,2, a mesma desde 2010. O Brasil está abaixo da média da América Latina, que é de 7,9 anos.

A expectativa de anos de estudo também continua igual a 2010. De acordo com a ONU, uma criança de 6 anos que entrar agora na escola no Brasil deve continuar estudando por 15,2 anos.

De acordo com a coordenadora do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, Andreia Bolzon, apesar de os números permanecerem inalterados nos relatórios de 2012 e 2013, não é possível dizer que a educação no Brasil está “estagnada”.

Segundo ela, a ONU teve que usar dados de 2010 para a média de anos de estudo porque eram os números passíveis de serem comparados com a evolução dos demais países. Segundo ela, dados mais atuais revelam que o Brasil avançou para uma média de 7,6 anos de estudo.

A expectativa de vida do brasileiro teve ligeiro aumento no IDH 2013 – passou de 73,7 anos em 2012 para 73,9 anos em 2013. Entre 1980 e 2013, a expectativa de vida ao nascer aumentou 11,2 anos. A Renda Nacional Bruta per capita passou de US$ 14,081 mil em 2012 para US$ 14,275 mil em 2013.

Metodologia
De acordo com a ONU, o Índice de Desenvolvimento Humano leva em conta três fatores: dados de saúde com base na expectativa de vida ao nascer; de educação, com informações sobre média de anos de estudo da população adulta e anos esperados de escolaridade para crianças; e renda nacional bruta, que identifica os recursos que ficaram no país.

O IDH de 2013 abrange 187 países, a mesma quantidade de 2012 e 2011. O índice foi criado pelas Nações Unidas para se contrapor ao critério de crescimento econômico como única forma de analisar o desenvolvimento de uma nação. Para o organismo, a educação e a qualidade de vida dos povos também devem ser usados para medir o desenvolvimento.

O relatório de 2013 do IDH trouxe algumas modificações de metodologia em relação ao estudo de 2012. Uma das alterações diz respeito aos valores máximos dos índices. Antes, eram iguais aos valores máximos observados nos países analisados. Agora, são fixados em 85 anos para a expectativa de vida, 15 anos para a média de anos de estudo, 18 anos para a expectativa de escolaridade e US$ 75 mil para a RNB per capita (média de renda da população de um país).

A abordagem anterior, de números máximos observados, foi criticada porque o IDH de um país acabava por depender dos resultados de outros países que tiveram valores utilizados como máximo. Outra mudança realizada diz respeito à forma como os indicadores de educação são agregados.

O cálculo geométrico dos dados usado anteriormente foi criticado sob o argumento de que um país desenvolvido “típico” tem um valor maior na expectativa de escolaridade do que a média de anos de estudo.

Ao agregar esses dois indicadores com a média geométrica, os países desenvolvidos acabavam “penalizados” por causa da diferença, ainda que estivessem melhorando o nível de ensino com mais crianças frequentando a escola em todos os níveis.

De acordo com a ONU, o uso da média aritmética fornece um tratamento igual para ambos os indicadores e garante resultado mais realista do IDH.

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