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CANETADAS ON-LINE (POR: JURANDIR CARMELO)

PESQUEIRA/PE, 13/04/2014 > NA MINHA MODESTA OPINIÃO TODOS (AS)  PROFESSORES E PROFESSORAS, DIRETORES OU DIRETORAS DE UNIDADES ESCOLARES, SECRETÁRIOS DE EDUCAÇÃO, A NÍVEL DE ESTADO OU MUNICIPAL, PREFEITOS E PREFEITAS, DEPUTADOS E DEPUTADAS, VEREADORES E VEREADORAS, SEJAM ELES OU ELAS DA REDE PÚBLICA OU PARTICULAR DE ENSINO DEVERIAM LER ESSA ENTREVISTA DO GRANDE PERNAMBUCANO E SENADOR DA REPÚBLICA PELO DISTRITO FEDERAL, PROFESSOR CRISTOVAM BUARQUE, QUE EM POUCAS PALAVRAS, PARA UM TEMA TÃO IMPORTANTE COMO A EDUCAÇÃO, DIZ TUDO O QUE MUITOS NÃO QUEREM OUVIR.

 

 

ESSA ENTREVISTA DEVERIA SER DEBATIDA EM SALA DE AULA, NAS REUNIÕES DE PROFESSORES E PAIS, MELHOR DIZENDO NO TRIÂNGULO DA RELAÇÃO EDUCACIONAL: ESCOLA, PAIS E

ALUNOS.

 

O SENADOR CRISTOVAM BUARQUE É UM DOS MELHORES QUADROS DO SENADO DA REPÚBLICA, E DEMONSTRA QUE POSSÍVEL RESOLVER O PROBLEMA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL.

E DIZ COM OBJETIIDADE QUE NÃO PRECISA DE 10% DO PIB NACIONAL PARA RESOLVER ESSA QUESTÃO, AFIRMANDO QUE COM APENAS 6,45 DO MESMO PIB, PODE-SE CHEGAR LÁ.

LEIAM, COMPARTILHEM. VALE A PENA!

“Usar quadro negro é andar de carruagem”, afirma Cristovam Buarque

Senador do PDT critica o PNE, os “avanços de tartaruga” na educação e a criminalização de manifestantes

10/03/2014 – 11:03

Filipe Prado

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Para Cristovam Buarque (PDT-DF), principal desafio da educação é fazer a criança gostar da escola/Geraldo Magela/Agência Senado

“Eis aqui este sambinha feito numa nota só. Outras notas vão entrar, mas a base é uma só”. A bossa nova composta por Tom Jobim bem que poderia servir de epígrafe à carreira política do senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Intitulado de “político de uma nota só” por colegas de profissão, o ex-governador do Distrito Federal e ex-ministro da Educação no primeiro mandato de Lula exaltou a fidelidade ao que chama de “partido da educação”, criticou os “avanços de tartaruga” na área e ainda ironizou o Plano Nacional da Educação (PNE) – “um plano de educação que não gosta de fazer dever de casa”.
Cristovam Buarque sempre foi o candidato da educação. Tanto na campanha presidencial em 2006, como no governo estadual e, até 2018, no Senado. Engenheiro graduado pela UFPE e com doutorado em Economia pela Sorbonne (França), Buarque foi um dos idealizadores do Bolsa Escola – programa de transferência de renda que incentiva o ensino e que foi adotado e ampliado posteriormente pelo Bolsa Família – e desenvolveu projetos importantes, como o estabelecimento do piso salarial para professores da rede pública.

Em entrevista exclusiva ao Ache o Curso, o político falou sobre educação e as últimas manifestações pela educação, que, segundo ele, tornaram-se um desastre. O discurso de “terceira via”, em alusão à fuga da polarização entre PT (seu antigo partido) e PSDB, aparece na avaliação da tática black bloc, que ganhou adeptos sobretudo em São Paulo e Rio de Janeiro desde os protestos de junho de 2013. Para Buarque, os manifestantes mascarados são sintomas de políticas sociais fracassadas e da falta de diálogo, cuja simples repressão não soluciona o problema.

“Não podemos destruir a internet para que o povo não combine de fazer manifestação. Não podemos parar os black blocs colocando-os todos na cadeia, isso já se tentou durante o golpe militar: quanto mais esquerdista na cadeia, mais aumentava o número de manifestantes”, afirmou.

O senador, que, como membro da Comissão de Educação do Senado, avaliou o texto do PNE, o criticou severamente por não apresentar a maneira com que as 20 metas propostas serão executadas. Segundo ele, bastam 6,4% do Produto Interno Bruto (PIB) para fazer uma grande reforma na educação – no atual modelo do texto do programa proposto pelo governo federal, simplesmente repassar 10% do PIB às prefeituras seria “jogar dinheiro fora”.

Cristovam ainda defende o uso da tecnologia em sala de aula como auxiliar pedagógico. A ideia é tentar fazer com que a criança goste da escola, segundo o político, uma dos problemas fundamentais da educação. “O único equipamento que tem mais de 200 anos e continua sendo usado é o quadro negro. Usar quadro negro é andar de carruagem”, declarou, afiado.

Confira a entrevista:

O senhor defende que o acesso universal à educação reduz sustentavelmente a redução da desigualdade social – o que chama de distribuição estrutural de renda. O senhor já foi governador de Brasília (entre 1995 e 1998) e ministro da educação no governo Lula (2003 e 2004) e agora é senador pelo Distrito Federal (com mandato até 2018). Em cargos executivos ou no legislativo, por que é tão difícil fazer a sonhada revolução na educação? Quais são as barreiras estruturais que a impedem? 

Cristovam Buarque – É difícil. Como governador eu fiz isso durante 4 anos e, como ministro, eu fiquei só 2 anos, e 2 anos submetidos ao presidente (Lula) e ao ministro da Fazenda (Antonio Palocci), que não queriam fazer as coisas necessárias. Eu mesmo disse ao presidente: “não estamos fazendo o dever de casa”. Acho até que essa deve ter sido a principal causa da minha demissão, pois foi a última frase que disse a ele. Depois disso, logo ele me demitiu. Claro que é possível, mas falta vontade. Falta vontade não só dos governantes, faltou vontade também dos eleitores para escolherem os governantes que queiram fazer isso.

Como avalia a educação no Brasil hoje de uma maneira geral? Houve avanço ou atraso na área nestes 3 anos de governo Dilma?

C. B. – Houve avanço nos últimos 30 anos, mas avanço de tartaruga. A gente ainda fica para trás em relação aos outros (países). Um exemplo: ainda ontem, a NASA mandou uma nave para Marte, e a gente não consegue nem lançar um ‘foguetezinho‘. Ficamos para trás por duas razões. Primeiro, as exigências em educação crescem muito rapidamente. Antigamente, uma pessoa analfabeta conseguia um emprego. Hoje, o gari precisa ter ensino médio completo em quase todas as cidades do Brasil. As exigências vão mais rápidas que o nosso avanço. Segundo, porque outros países estão avançando mais do que nós. Avançamos um pouquinho, mas ficamos para trás.

As cotas no ensino superior existem a partir da premissa de que sejam temporárias. O senhor defende a extinção das cotas para garantir acesso à universidade através de outros meios? É possível falar em prazo para isso?

C. B. – Eu defendo que a escola de base seja tão boa e igual para todos que, um dia,  as cotas se tornem desnecessárias. É diferente o “desnecessário” do abolir. A escravidão não ficou desnecessária, mas foi abolida. A cota tem que ficar desnecessária, o mesmo pro Bolsa Família. Quando a escola for boa para todo mundo não vai mais precisar de cota, ela fica desnecessária.

O senhor declarou que teme jogar dinheiro fora ao repassar a verba dos 10% do Produto Interno Bruto (PIB) à educação, proposta contida no Plano Nacional da Educação (PNE), às prefeituras. Por quê?

C. B. – O problema é jogar os 10% do PIB no atual modelo educacional. Ele não vai reagir, ou pelo menos não suficientemente. Vai haver desperdício de dinheiro. Até porque, para a educação de base no Brasil ser tão boa como em outros países do mundo, a gente precisa de 6,4%, não precisa de 10% (do PIB). Para pagar R$ 9.500 por mês ao professor, bastam 6,4% do PIB, incluindo novas escolas e novos equipamentos. Repassar dinheiro no atual sistema é que é jogar dinheiro fora!

Como integrante da Comissão de Educação do Senado, o senhor discutiu o PNE. O que achou do plano e o que deveria ser alterado no texto?

C. B. – Tinha que ser reeescrito. Tinha que virar um plano. Do jeito que está é um conjunto de intenções pouco ambiciosas. Querem melhorar, não querem revolucionar. Melhorar não basta, e não diz como fazer. Define metas, mas não diz como cumprir as metas. E virou um plano de uma nota só: os 10% do PIB pra educação. O que tem no Plano Nacional da Educação além dos 10% do PIB?

Teve a polêmica com a quarta meta (que previa, antes da alteração do texto na Comissão de Constituição e Justiça, a obrigatoriedade da inclusão de alunos com deficiência psíquica na rede comum de ensino)…

C. B. – A gente fez um debate longo. Mas (o projeto) não diz como fazer. A gente discute se deve ser inclusiva a educação de crianças portadoras de cuidados especiais ou se ela deve ser exclusiva. Ninguém tocou no ponto de como fazer uma coisa ou outra.

Por que não?

C. B. – Porque perdemos a capacidade de adotar metas ambiciosas. A primeira coisa do plano deveria ser: como vamos chegar na Finlândia, Coreia do Sul, Cingapura? Essa era a primeira pergunta que deveria ser feita e ninguém fez porque não acham que é possível.

E é?

C. B. –  Claro que sim. Por que não seria? O brasileiro tem um cérebro diferente do deles? (risos) É igualzinho! Além disso, somos a sexta economia do mundo. Em PIB, somos mais ricos que esses países. Mas ninguém perguntou como melhora ou como colocar mais dinheiro. Então, o PNE não fez as perguntas certas. Como chegar lá na frente, ser o campeão mundial de educação? Aí, claro, tem outra coisa que não se perguntou: em quanto tempo? Se vai ser em 5, 10, 15 ou 30 anos, que seja. Nem se perguntou como fazer cada uma das coisas necessárias. É um plano nacional de educação que não gosta de dever de casa. (risos)

Posso considerá-lo um senador independente? O seu partido apoia o governo, mas o senhor o critica com frequência…

C. B. – Não sou independente, sou totalmente vinculado ao partido da educação. Agora, sou independente destes ciclos. O ciclo nacional que diz que “tudo o que o PSDB faz é errado e tudo o que o PT faz é certo”, ou o contrário. Para os PSDBistas, tudo o que PT fez é errado, e o que eles fizeram é certo. Não consigo pensar assim. Não vejo com clareza qual é o projeto para o Brasil que eles querem oferecer. Sou independente de ciclos e muito vinculado ao meu partido da educação com a forma de fazer a revolução no Brasil.

Esta postura não dificulta trâmites e negociações políticas no Senado?

C. B. – O que dificulta mesmo é a estrutura do Senado. Isso não dificulta não, até facilita porque me dá uma boa relação com todos os parlamentares. Ninguém me olha como parlamentar que chega para defender uma posição da qual não está de acordo somente porque é de seu partido. Então todo mundo respeita. O que dificulta é a incapacidade do Senado de agir rapidamente. Os anos e anos necessários para fazer os projetos andarem, sobretudo porque a gente começa no final de fevereiro. Chega em julho e para. Aí recomeça em agosto, e dezembro para de novo. Então, o processo é muito lento. Isso que atrapalha, mas mesmo assim consegui fazer com que pelo menos 13 propostas minhas virassem lei, como o próprio piso salarial do professor, que foi um projeto meu.

Quem mais está com o senhor neste partido da educação?

C. B. – Muitos. Não sei se tem muitos com a mania que eu tenho, de ser um “político de uma nota só”, como eu sou chamado, mas políticos envolvidos tem muitos. Se não tivesse, eu não tinha aprovado o piso salarial do professor, a obrigatoriedade de vaga até o final do ensino médio, que toda criança com mais de quatro anos tenha vaga na escola pública…

O senhor já disse que “escolas com quadro negro não deveriam mais existir”. Como criar métodos alternativos de educação na rede pública? Qual a importância disso?

C. B. – O importante é estar no gosto da criança. Ensinar uma aula de astronomia colocando um ponto de giz no quadro e dizer: ‘isto é o sol, isto é a terra’, fazer uma roda e dizer: ‘isto é a Terra girando em torno do sol’. Isso é uma violência contra a criança. Ela vê isso na televisão em movimento, colorido, todos os astros, planetas ao mesmo tempo. Isso vale pra tudo. Mas é fácil justificar minha frase. Se pegar uma máquina de escrever, ninguém usa mais. Uma máquina registradora, das que existiam antigamente, ninguém usa mais. O único equipamento que tem mais de 200 anos e continua sendo usado é o quadro negro. O resto não se usa mais. A gente substituiu tudo.

Então a questão essencial é o uso da tecnologia ou uma revisão pedagógica e metodológica do modelo atual de ensino?

C. B. – Não é “a” questão essencial, é uma questão essencial. Aliás, a grande questão essencial é a criança gostar da escola. Uma criança que se acostuma a ver televisão, computador, tudo colorido, em movimento, em três dimensões, não consegue ficar quatro horas na frente de um quadro negro sem se sentir irritada. É como se você fosse obrigado a usar carruagem em vez de automóvel ou metrô. Usar quadro negro é andar de carruagem. Criança não gosta de carruagem porque ela é moderna como você ou como eu. Elas têm que ter direito a usar aquilo ao que estão acostumadas. Por que a criança fica tuitando em sala de aula pelo telefone? Porque o quadro não traz o desafio que ela gosta. O quadro não é mais a linguagem dela, a linguagem dela é a internet. Só a tecnologia não melhora nada, mas manter só o quadro também não melhora como deveria.

Como avalia as últimas greves na educação? Tanto os professores no Rio de Janeiro, como estudantes universitários da USP e UNICAMP. Acha que houve excessos de algum dos lados?

C. B. – Acho que um país em que o professor tem que fazer greve todo ano é um país sem futuro. Tem que dar estabilidade ao professor para ele saber quanto vai ganhar, se vai ser satisfatório. Senão, não tem futuro. Tem que explicar que professor tem que fazer a greve, não um desastre. Uma greve vira um desastre. Agora, o desastre maior é precisar fazer greve.

E quanto à ação de black blocs?

C. B. – Lamento muito que haja necessidade de máscaras, lamento que haja quebra-quebra. Agora, eu acho que a polícia bater e prender não vai resolver. Tem que entender porque um menino que não está namorando, indo ao cinema, à igreja, bota máscara e vai quebrar tudo na rua. Não tem lógica, uma razão qualquer. Alguma coisa acontece. Se não quisermos entender isso e enfrentá-los, não vamos resolver este problema. Você sai do trabalho e não sabe se chega em casa, porque black blocs e manifestantes estão na rua. Tem que entender que há, hoje, muita gente desiludida, porque acreditou e não viu resultado. Outras estão desesperadas, porque nunca lhes chegaram coisas muito boas. E que, graças ao computador e à internet, eles conseguem se encontrar e marcar pontos onde fazer manifestações em que haja quebra-quebra. Não podemos destruir a internet para que o povo não combine de fazer manifestação. Não podemos parar os black blocs colocando-os todos na cadeia. Isso já se tentou durante o golpe militar: quanto mais esquerdista na cadeia, mais aumentava o número de manifestantes. Temos de entender, pois há desesperados, desiludidos, e devemos encontrar maneiras de trazê-los a um grande projeto nacional.

Acha que o vestibular é um filtro justo no modelo em que é feito hoje?

C. B. – O vestibular, no sentido de uma avaliação para entrar em universidades melhores, claro. Imagine uma seleção brasileira de futebol sem ser avaliada antes. Talvez o vestibular mais difícil do país seja o de entrar na seleção brasileira. O que eu não gosto é do vestibular profissional. O que eu adotei no Distrito Federal, na Universidade de Brasília, foi o programa de avaliação seriada. O aluno faz uma prova no final do primeiro ano (do ensino médio), no final do segundo, no terceiro e entra na universidade quem tiver a melhor média. Essa é uma avaliação que foge do vestibular, mas não da necessidade de avaliar quem entra na universidade.

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