Tomamos a liberdade de expor aqui alguns escritos de Augusto Simões.Estes são escritos de pensamentos que revelam o tamanho do Amor e da Saudade de um Homem. Veja os escritos e algumas fotos que foram copiados do face dele!
Francisco mendes Galindo (www.pesqueirafuxico.com)
“Ontem, dois anos que nos despedíamos de Paris… O sonho do regresso à Cidade Luz nos acompanhava a todo instante. Hoje, sonho com a Cidade da Luz, a Jerusalém Celeste, onde nos assentaremos lado a lado, aos pés do Trono do Cordeiro, a fonte de nosso Amor.”
“Se profetizassem que viveria como tenho vivido desde que voltastes para o céu, minha flor, não acreditaria.Na cruz, onde moro, há muita dor. Tu sabes… Agora, sabes tudo…E há um Amor sem limites. Também o conheces… Agora, o conheces plenamente.Aqui, da cruz, por graça inefável do Espírito, por milagre intangível à razão, desde o início me senti privilegiado. Como não reconhecer a honra, por ninguém merecida, de sofrer com o Deus da Cruz? Logo eu, que tão bem conheço as minhas misérias…
Um dia, ao ouvir sobre o nosso Amor, uma santinha do Carmelo de Camaragibe me disse: meu filho, na dor, grande deve ser a tua alegria, por que descobristes qual o maior presente que Nosso Senhor dá aos seus melhores amigos: a Cruz.
Uma vida é pouco, por extensa que pareça (sempre curta que é) para Te louvar, meu Senhor, por teres me chamado a subir Contigo o Lenho Sagrado. E no seu frio abandono, na sua quietude, no seu silêncio e solidão sem fim, apenas por Ti abraçado, antever a Ressurreição.
Ah! Senhor, se o mundo – que continua a fugir da cruz, a negar incansável e inutilmente o sofrimento – conhecesse os efeitos na alma da subida à cruz Contigo. Ah! Amado, se o mundo conhecesse o aroma de céu que nos vem desde o Madeiro Santo… Desde o Jardim da Cruz…
Por isso, abraço, beijo e amo a Cruz. Sei que é a escada ajardinada que me levará inteiramente a ti, minha flor, tu que ornas o Coração do Amado de nossa alma.
Como não amar tão doce escada, ainda que tanto doa? Sim, é um milagre… A cruz – vergonha e opróbrio para judeus e gentios, para o século e para o mundo – é todo meu encanto, desde que a conheci.
Converti-me em enamorado da Santa Cruz. É ela meu leito de delícias. É ela meu jardim perfumado. Regado com o precioso Sangue de nosso Jardineiro… Nela ponho a cada noite as feridas de minha alma, unidas às chagas redentoras do Autor de Todo Amor. Nela, toda minha esperança: “Ainda hoje estarás comigo no Paraíso…”.
Se necessária, minha princesa, esta breve “separação”, ainda bem que sou eu que estou nela, na cruz. E tu estás na luz. Como nas escrituras: “Felizes os justos que, após leves correições, verão a Deus…”. Tua missão neste vale de lágrimas se perfez… Perfeita, Alcançastes o céu…
E quantos mistérios, meu Amor, tem Nosso Amado me revelado… E quantos outros – muitos outros – tem minha alma tão profunda e perfeitamente sentido o quanto no céu serão alcançados…
O rosto de Deus, minha flor. Pela vida afora esquecemos o rosto de Cristo… Esquecemos que Jesus tem rosto! Eu me havia esquecido… Até te encontrar. Foi na tua face, se desmanchando de Amor por mim, que reconheci a face de Cristo, minha princesa. É assim que Ele nos olha desde o dia que nos forja no ventre materno e até o encontro derradeiro Consigo: se desmanchando de Amor… E como nós nos desmanchamos, minha flor – até hoje e até sempre – no Amor que Dele nos vem… Contigo, a vida é um eterno reconhecer o rosto de Deus, a face do céu… Sim, sigo contigo e segues me revelando a Santa Face… Suas flores e seus perfumes…
Vivo por aqui enredado pelas flores que te rodeiam: Santa Teresa, que me afasta das perturbações, dos espantos, que me ensina que a paciência tudo alcança, me mostra que Ele basta… E me convida a fazer da alma também um jardim, pelas flores das virtudes inscritas no Livro da Vida. Santa Rita de Cássia, que roga aos pés do trono por cada um dos nossos, como rogou aos pés da cruz por cada um dos seus um dia… E rega os galhos secos na certeza da doçura de frutos que ninguém enxerga … E colhe rosas no inverno deste exílio… Santa Isabel de Hungria, com quem reconheço a Cristo no semblante sofridos de nosso irmãos em tudo empobrecidos, na matéria ou no espírito… E a quem imito, procurando partilhar o Pão da Vida e as rosas do céu. Santa Inês, padroeira da castidade, dos jardineiros e da data do nosso casamento…
E nossa flor das flores do céu, Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face… A graça que pedira tantas vezes ao teu lado ainda na cama, meu amor, logo pela manhã, por intercessão desta nossa flor, fora alcançada: que vivêssemos um “Casamento Santo, Eterno diante de Deus e dos Homens, Luz para o Mundo, não fazendo morada em casa de tijolo ou pedra. No Coração Santo do Senhor Jesus, do Deus da Cruz, dentro mesmo das paredes deste Sacratíssimo Coração, Fonte de Amor e Misericórdia, da origem, destino e vocação de nossa Santa Terezinha e de todo aquele que o ama, lá é que nós dois havíamos de fazer morada.”.
Eu não sabia, minha flor, meu céu, minha princesa e meu amor, como isto se daria. Mas nunca tive dúvidas de que era lá que iríamos morar. Hoje aí, nos céus empíreos, já contigo habito mais que aqui, neste vale de lágrimas. Mas enquanto tiver que suportar estas pesadas cadeias da carne, quero te repetir algo que no coração de nosso Deus bem o sabes.
Sabes que ainda danço contigo toda noite, minha amada, ainda te sinto em meus braços, ainda choro como menino em busca de teu colo, ainda escuto o tilintar de nossas taças, ainda acordo tonto por não te ver, ainda tenho fome e sede de teu sorriso, ânsia extrema de teu olhar, ainda sinto muito, muito frio, por não poder me cobrir com tua pele, ainda me dobro, me vergo, me torço, mas não rompo, não caio, não desisto, por que teu Amor me sustenta, teu amor me clama, teu amor me exige, teu amor me impele, teu amor me alimenta, teu amor me mostra os que sofrem, teu amor me põe a amá-los. Teu amor é minha vida, aqui, no império da morte e até aí, na plenitude eterna da verdadeira vida!
E nos unimos todos os dias, no beijo de Jesus Eucaristia…
Com este beijo, sigo tentando aliviar os teus, poupar os meus, amar sem fim os nossos… Todos os nossos…
Madre Myriam de Jesus Crucificado, mãezinha querida de minha alma, diz que a Santa Madre Teresa, nossa Santa Teresinha e todas as santas flores do Carmelo e do Céu devem nos amar demais. Ela mesma se espanta e se encanta com tanto Amor. Outro dia me disse, num sorriso banhado de lágrimas, que certamente iremos viver na mesma morada. E eu sei que é no Coração do Amado, no Coração do Amor. Se a saudade de nossa casa me rasga o peito, sei bem o que pulsa dentro dele. A cada ano que ainda me exigir o Senhor penar neste exílio do mundo, um ano a menos faltará para novamente te abraçar na nossa verdadeira pátria. Vou sempre pedir, minha Flor, que no próximo ano, neste dia em que também voltou para o céu, com os mesmos 31 anos e a mesma beleza proverbial, Santa Rosa de Lima – padroeira dos Floristas e da América Latina… Sim, neste 24 de agosto, eu possa estar mais próximo de vós em plenitude. Prepara meu caminho, minha princesa, aplaina minhas veredas, a ti somente quero seguir até o Peito Traspassado de Amor de Nosso Esposo, Salvador e Redentor, onde faremos morada, onde te reencontrarei coroada em mil perfumes. Na luz do Face à Face… ”