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Corpo de Maria Alice é enterrado em cemitério do Recife Emocionada, família disse que não consegue aceitar o que aconteceu.

26/06/2015 

Jovem de 19 anos foi espancada, estuprada e morta pelo padrasto.

Do G1 PE

Corpo de Maria Alice é sepultado (Foto: Reprodução/TV Globo)Corpo de Maria Alice é sepultado sob forte comoção da família e de amigos (Foto: Reprodução/TV Globo)

O corpo de Maria Alice Seabra, 19 anos, foi enterrado no início da tarde nesta sexta-feira (26) no Cemitério de Santo Amaro, na área central do Recife. O sepultamento foi acompanhado com muita comoção por familiares e amigos da jovem, estuprada e morta pelo padrasto Gildo Xavier. Todos choravam e se abraçavam com frequência. Eles dizem que não conseguem aceitar o crime.

“Foi uma tragédia para todo mundo. Ninguém esperava essa situação. Agora, é encontrar forças e pedir a Deus que a mãe dela fique em paz. Vamos tentar começar tudo de novo, mas não será tudo porque sempre vai faltar alguma coisa, sempre vamos lembrar”, fala Valdeir Arruda, tio materno de Maria Alice. Segundo ele, a mãe da jovem está acabada. Por isso, não saiu de perto do caixão da filha e não comentou nada sobre o crime. “Para ela, que convivia com Maria Alice todos os dias, é mais difícil”, explica.

Amigas de Maria Alice levam cartaz ao enterro (Foto: Reprodução/TV Globo)Amigas de Maria Alice levam cartaz ao enterro
(Foto: Reprodução/TV Globo)

“Isso abalou todo mundo, não só a família, mas a sociedade toda. Eu estou sentindo como se fosse o pai dela. Meu irmão foi embora há quatro anos, mas estou sentindo ele dentro de mim”, completou o tio paterno da jovem, Marcone Epaminondas de Queiroz. Ele ainda disse que mantinha contato com a sobrinha, mas nunca havia ouvido falar de atitudes estranhas vindas de Gildo. “De longe, sabia que ele educava bem, que ela estava bem guardada. Por isso, ficava tranquilo. Mas, se soubesse que tinha essa turbulência familiar, tinha tomado uma atitude para dar proteção a ela”, lamenta.

Amigas e vizinhas de Maria Alice também se disseram surpresas com a atitude de Gildo. “Em anos de amizade, ela nunca comentou nada sobre o padrasto. Ninguém suspeitava. Ele aparentava ser normal como todo mundo, ria, conversava com a gente. A gente ia para a casa deles e era tudo normal. Nunca presenciei uma confusão”, conta a estudante Heloísa Melo, estudante.

Enterro de Maria Alice Seabra (Foto: Reprodução/TV Globo)Família não quis velório por conta do estado do
corpo de Maria Alice (Foto: Reprodução/TV Globo)

As meninas ainda lembraram o bom humor da amiga e lamentaram o ocorrido. “Não conheço ninguém que não gostasse dela. É muito difícil, ainda mais do jeito que foi”, disse Renata do Nascimento. Para homenagear Maria Alice, o grupo de amigos vestia uma camisa com a foto da jovem. A camiseta, preparada para a ocasião, ainda tinha a hashtag #eternaalice e a frase ‘Ela andava certa. Nós que andávamos errado’.

O enterro de Maria Alice estava marcado para as 10h, mas só foi realizado no início da tarde porque a família precisou buscar o atestado de óbito da menina em Itapissuma, no Grande Recife — cidade em que o corpo foi encontrado. Assim que o documento chegou a Santo Amaro, pouco antes do meio-dia, parentes e amigos saíram em cortejo da funerária em direção ao túmulo da família. Emocionados, seguiram calados, segurando fotos da jovem.

O enterro não foi antecedido por um velório por causa do estado do corpo de Maria Alice, encontrado na quarta-feira (24) em um canavial de Itapissuma, já em decomposição. Por isso, a família fez questão de se despedir da jovem na funerária próxima ao Cemitério de Santo Amaro durante a manhã. Além da mãe, irmãs e tios de Maria Alice, participaram da cerimônia parentes de Gildo Xavier, assassino confesso da enteada. “Eles não têm culpa nenhuma. Estão sofrendo igual a nós”, disse o tio dela, Valdeir.

Muita gente que acompanhou o caso pela imprensa também foi prestar condolências à família. Entre eles, também havia militantes do Movimento Feminista. “Este é um crime hediondo de machismo. É feminicídio, não podemos mascarar isso”, falou a militante Eunice Nascimento, do Movimento Mulheres em Luta. “Agradecemos a força que estão nos dando. É uma prova de que ainda tem gente humana na terra, diferente desse monstro”, comentou Valdeir.

Antes do sepultamento, familiares se despedem de Maria Alice em funerária próxima ao Cemitério de Santo Amaro (Foto: Camila Torres / TV Globo)Antes do sepultamento, familiares se despedem de Maria Alice em funerária próxima ao Cemitério de Santo Amaro (Foto: Camila Torres / TV Globo)

O sepultamento aconteceu exatamente uma semana depois do desaparecimento da jovem, quesaiu de casa com o padrasto Gildo Xavier para uma entrevista de emprego na sexta passada (19). Ela no entanto, acabou espancada, estuprada e morta dentro do carro alugado pelo padrasto. Emdepoimento à polícia, na quinta-feira (25), o homem confessou o crime, planejado por quase dois meses e motivado por desejo sexual.

Gildo Xavier se entregou à polícia e está preso no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, também no Grande Recife. Ele será indiciado por quatro crimes: sequestro qualificado (porque foi para fins libidinosos); estupro; homicídio qualificado por motivo torpe, sem chance de defesa e feminicídio; e ocultação de cadáver. A pena máxima prevista é de 48 anos de reclusão.

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