Big Jato Leva 5 Candangos, Entre Eles O De Melhor Longa-Metragem
Matheus Nachtergaele Levou O Candango De Melhor Ator, Em Brasília
Ao Todo, A Mostra Competitiva Premiou Curtas E Longas-Metragens Em 22 Categorias Técnicas, Além Dos Prêmios De Júri Popular
Publicado em 22/09/2015, às 23h13
Foto: divulgação
O longa Big Jato, do diretor pernambucano Cláudio Assis, foi o grande vencedor da edição 2015 do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O filme levou os Candangos de Melhor Longa-metragem, Melhor Ator (Matheus Nachtergaele), Melhor Atriz (Marcélia Cartaxo), Melhor Roteiro (Hilton Lacerda e Ana Carolina Francisco) e Melhor Trilha (DJ Dolores).
Ao todo, a mostra competitiva premiou curtas e longas-metragens em 22 categorias técnicas, além dos prêmios de júri popular. São, no total, R$ 340 mil em prêmios. Os Prêmios ABCV – Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo, Canal Brasil, Exibição TV Brasil, Marco Antônio Guimarães, Abraccine, Saruê e Troféu Câmara Legislativa do Distrito Federal também foram entregues na noite desta terça-feira.
O LONGA – Big Jato fala das mazelas da tresloucadas família de Xico (Francisco de Assis Moraes, na infância; Rafael Nicácio, na adolescência), um menino apaixonado e metido a poeta, que ajuda o pai, Francisco (Matheus Nachtergaele), a limpar fossas na pequena cidade de Peixe de Pedra.
Fictícia, a cidade é um símbolo da vida agreste dessa família condenada a se eternizar como fóssil. A paisagem da Vila de Cimbres, em Pesqueira, e do Parque Nacional da Serra do Catimbau, antigo Vale do Catimbau, no agreste pernambucano, dão ao filme uma identidade única.
Ao contrário de Amarelo Manga e Baixio das Bestas, ambos marcados por uma grande quantidade de personagens, numa estrutura quase coral, Big Jato é um filme irmão de A Febre do Rato, o penúltimo filme de Cláudio Assis. Em ambos, o mundo é visto pelos olhos de um poeta. Adaptado do romance homônimo de Xico Sá, pelas mãos hábeis de Hilton Lacerda e Ana Carolina Francisco, temos agora um poeta em formação. Zizo e Xico, poetas penalizados pela paixão, o sexo e a palavra. Graças a arte do cinema, os verdadeiros Xico e Zizo se reencontram no tempo e no espaço, como se habitassem a calçada da Livro 7 (antiga livraria do Centro do Recife) ou um corredor do CAC – Centro de Artes e Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Filho caçula, Xico, além de acompanhar o pai, morre de adoração pelo tio Nelson (Matheus Nachtergaele), um radialista boêmio que inventou uma mentira sobre Os Betos, uma banda de rock da região, que teria influenciado os Beatles. A canção Let it Lie serve como moto perpétuo dessa herança musical. Impulsionado por esse tio anárquico e roqueiro, Xico percebe que aquele lugar não é para ele. Paradodiando uma máxima nordestina, Nelson diz para o sobrinho que “sertanejo forte é quele que parte, não o que fica”. Mas até tomar uma atitude, Xico enfrentará o pai, um alcoólatra inveterado, e sofrerá pelo amor não correspondido de Ana Paula (Pally Siqueira).
Por baixo de pesados óculos de grau, Xico enxerga o mundo com lentes distorcidas, além de ver figuras que só habitam a sua imaginação, como o imponente Ribamar da Beira Fresca (o cantor Jards Macalé), que discute com ele poesia e outros absurdos. Homenagem a um personagem mítico de Juazeiro do Norte, no Ceará, cuja fama chegou até o Crato, terra natal do escritor e comentarista de TV cearense Xico Sá, o Ribamar do filme, na verdade, tem caracteristica também de Aroldo, o poeta, um escritor recifense que tinha como musa uma poeta portuguesa morta há mais de 100 anos.
HISTÓRIA – Com 48 edições, o Festival de Brasília completou 50 anos de existência em 2015. A diferença numérica se justifica porque o evento foi censurado por dois anos – 1972 e 1974 – durante a ditadura militar. Em sua trajetória, o festival consagrou-se como uma referência nacional no lançamento de curtas e longas-metragens.
Anualmente, o evento atrai aproximadamente 25 mil espectadores, entre cineastas, jornalistas, estudantes e cinéfilos. Além da tradicional mostra competitiva, o festival promove seminários, debates, oficinas e o Festivalzinho.
LEIA TAMBÉM
- Big Jato, filme dirigido por Cláudio Assis, está no Festival de Brasília
- Cinema da Fundação anuncia punição para Lírio Ferreira e Cláudio Assis
- A ressaca moral dos cineastas Cláudio Assis e Lírio Ferreira
- Claudio Assis pede desculpas no Facebook por confusão, mas critica crucificação
- Anna Muylaert se diz contra veto aos filmes de Claudio Assis e Lírio Ferreira
- Big Jato, de Cláudio Assis, estreia no Festival de Brasília
- Cláudio Assis é vaiado em Brasilia, mas Big Jato triunfa
- Anna Muylaert critica vaia do público de Brasilia a Claudio Assis