Joquinha Gonzaga desabafa: “as prefeituras estão roubando o pão da boca da gente”

Por Machado Freire

Em entrevista exclusiva a Folha do Sertão, o forrozeiro Joquinha Gonzaga, sobrinho do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, fez um sério desabafo contra um grande número de prefeituras do Nordeste (incluindo Pernambuco, Bahia, Paraíba e Sergipe) que contratam bandas e artistas do chamado “forró universitário” e “sertanejos” (de fora do Nordeste), que cobram cachês caríssimos, em detrimento de profissionais que defendem a cultura popular com raízes sertanejas/nordestinas.

“Eu não tenho nada contra esses grandes artistas, mas, olha, numa programação onde colocam num cartaz ‘estamos apresentando o maior São João da região’ e botaram lá Zezé di Camargo e Luciano, Aviões do Forró, o tal de Luan Santana, Victor e Léo, e as prefeituras contratam e pagam R$ 250, R$ 300 mil, gastos pra caramba”, comentou Joquinha dando exemplo de uma situação nada interessante para os artistas nordestinos: “Eu vi no São João de Patos-PB, que colocaram um único forrozeiro”.

Joquinha também comentou o caso em que a paraibana Elba Ramalho disse que reuniu milhares de pessoas em um show “sem precisar aparecer (e anunciar)” no programa dominical de Fausto Silva, na Rede Globo. “Primeiro, que eu não tenho dinheiro para enriquecer a crítica, depois que o Fausto vive dentro do estúdio da Globo e não tem conhecimento de pinóia nenhuma e qualquer cara que chegar e fala alguma coisa ele chega no microfone e não quer saber se o cara tá certo ou errado”, criticou.

O sobrinho de Gonzagão deu o exemplo de que um artista qualquer que chega até o Faustão, ele diz que é o maior forrozeiro. “A gente pensava na época que era Dominguinhos, aí aparece um cara fraco no programa”, comenta.

Voltando a comentar a concorrência desleal que acontece com o apoio de políticos que administram a maioria das prefeituras, Joquinha fez uma reflexão profunda: “Deixa eu falar uma coisa minha que eu gostaria que vocês soubessem: este ano eu estou passando uma fase difícil, e queria que a mídia soubesse a injustiça que as prefeituras do Nordeste (Bahia principalmente, Pernambuco, Aracaju) todos estão destruindo nossa cultura”.

Joquinha amplia sua avaliação e aprofunda os problemas que vem acontecendo contra os forrozeiros. “A gente fica querendo trabalhar e essas prefeituras roubando o pão de cada dia da gente. Eu quero ver onde nós vamos chegar, pois a nossa cultura está assim, vagando! E agora estamos tentando nos juntar, mas, infelizmente, tem um lado negativo em nós forrozeiros: não existe união e, isso aí a gente não deve também fugir. Tem deles que é ‘cada um por si, Deus por todos’, mas nossa associação tá tentando se unir e fortalecer”, conclui.

Fonte: www.alvinhopatriota.com