16/09/2015 19h22 – Atualizado em 16/09/2015 20h16
Mulher diz ter conversado com pessoas de RJ, SP e BA que queriam bebê.
Ela fala que recebeu outras propostas e aceitou a da autônoma de Goiás.
A mãe do recém-nascido supostamente vendido por R$ 2,5 mil a uma mulher de Goiás disse que pesquisou na internet e encontrou pessoas do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Salvador dispostas a ficar com o bebê. A afirmação foi em entrevista à TV Asa Branca nesta quarta-feira (16). A descoberta da suposta negociação aconteceu em Minaçu, Goiás, em 8 de setembro. A mãe deu depoimento nesta manhã à Polícia Civil de Pernambuco e, segundo o delegado Pedro Santana de Araújo, “não demonstrou emoção”.
“Eu saí pesquisando e encontrei pessoas do Rio, São Paulo e Salvador até encontrar a moça de Goiás. Uma não queria porque era menino, a outra por ser longe e a terceira não aceitava as minhas condições”, revelou.
A mulher alegou não ter condições de criar a criança. “No primeiro momento eu pensei em aborto, mas não seria justo tirar a vida de uma pessoa que não pediu para nascer, por isso que busquei doá-lo”. Ela disse ainda que não o deixou em uma fila de adoção porque queria manter contato com o filho e acompanhar o crescimento dele. “A única pessoa que aceitou o fato de ser menino e continuar me mantendo informada da vida da criança foi essa moça”.
Ela negou que recebeu os R$ 2,5 mil como forma de pagamento pelo recém-nascido. Explicou que o dinheiro foi usado para custear gastos com o parto e o pré-natal. “De forma nenhuma vendi a criança. Até porque, oferecer [dinheiro] as pessoas oferecem. Chegam a oferecer R$ 50, R$ 60, R$ 80 mil. Isso realmente acontece, só que eu não tinha filho para vender. Cheguei a receber propostas na internet de todo tipo de gente”.
Segundo a mãe da criança, ela tirou fotos da autônoma de Goiás quando ela veio ao Agreste de Pernambuco buscar o bebê, caso fosse necessário acionar a polícia. Ela revelou que soube da prisão da suspeita após passar um dia sem notícias, ligou para familiares da mulher e em seguida para o Conselho Tutelar do município de Minaçu.
A mulher disse que está de “alma lavada e com a consciência tranquila” acerca da suposta negociação e da investigação da polícia. Ela disse que gostaria de ter o filho de volta e que se pudesse voltar atrás “teria feito diferente”.
Depoimento
Em depoimento para a Polícia Civil de Pernambuco, a mãe do recém-nascido não teria demonstrado arrependimento. “Ela não demonstrou emoção”, disse ao G1 o delegado Pedro Santana de Araújo. Araújo explicou que o depoimento foi solicitado pela Polícia Civil de Minaçu, que está cuidando do inquérito.
mensagens (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Entenda o caso
Uma autônoma de 29 anos foi presa no dia 8 de setembro em Minaçu, Goiás, suspeita de comprar um recém-nascido. Mensagens mostraram o que seria a negociação da suspeita com a mãe do bebê. A mulher teria tentado conseguir uma certidão de nascimento no hospital e na Secretaria de Saúde, mas os funcionários das duas unidades desconfiaram da história e chamaram a polícia. Ela foi presa e confessou que o bebê não era dela, mas disse que “ganhou” a criança de uma mulher de Pernambuco.
A suposta “compradora” disse que não tinha nenhuma intenção de revender a criança. Ela deve ser indiciada por tentativa de falsidade ideológica. Se condenada, as penas, somadas, podem chegar a nove anos de prisão. Ela está presa no Presídio Municipal de Minaçu.