UFPE suspende pagamentos de bolsas e contratos de segurança e manutenção: ‘Situação é de absoluta dificuldade’, diz reitor
Universidade foi atingida por cortes de orçamento impostos pelo MEC. Em vídeo, Alfredo Gomes disse que ‘é preciso pressionar governo federal’.
Por g1 PE
Reitor da UFPE diz que instituição não conseguirá honrar compromissos após novos cortes
Os novos cortes de orçamento impostos pelo Ministério da Educação (MEC) vão afetar os pagamentos de bolsas e de serviços de assistência estudantil e terceirizados na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). nesta terça (6), o reitor Alfredo Gomes disse que não serão cumpridos contratos de manutenção e segurança. “Situação é de absoluta dificuldade”, declarou.
Um decreto do governo federal, de 1º de dezembro, “zerou” a verba do MEC disponível para gastos considerados “não obrigatórios”, como bolsas estudantis, salários de funcionários terceirizados (como os das equipes de limpeza e segurança) e pagamento de contas de luz e de água.
Os institutos federais perderam R$ 208 milhões e as universidades sofreram contingenciamento de R$ 244 milhões, segundo o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) e a Andifes.
Na terça (29), a UFPE informou que o corte havia chegado a R$ 19 milhões. A maior parte desses recursos, R$ 14 milhões, saiu do Tesouro Nacional.
Também tinham sido bloqueados R$ 5 milhões de recursos próprios, captados pela instituição. Somando com os cortes mais recentes, o total dos bloqueios chega a R$ 31 milhões.
No vídeo divulgado nesta terça, nas redes sociais, o reitor Alfredo Gomes se dirigiu à comunidade acadêmica e à sociedade para informar que o governo federal não fez os repasses para honrar os compromissos junto a empresas terceirizadas e o estudantes.
“Não vamos, pela primeira vez na nossa gestão, pagar a assistência estudantil e demais bolsas, de maneira geral. É ima imposição do governo federal que compromete a saúde financeira e o andamento das questões de manutenção das universidades”, declarou.
Gomes disse, ainda, que “é preciso continuar” a pressionar o atual governo para liberar esses recursos e “honrar” os contratos previamente assinados. A UFPE tem cerca de seis mil estudantes recebendo bolsas.
“Estaremos presentes em Brasília na quinta (8) para buscar soluções. Também estamos articulando com a transição do governo [Lula] para colocar na pauta as questões envolvendo a educação, a ciência e tecnologia e a assistência estudantil”, afirmou.
Rural
A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) publicou nas redes sociais e no site oficial, nesta terça, um comunicado sobre os efeitos do corte orçamentário.
Segundo a instituição, as perdas foram de 50% nos últimos quatro anos. Na segunda (28), disse a instituição, o valor bloqueado chegou a R$ 4 milhões.
Além disso, dois dias depois, o “governo recuou do bloqueio que impedia novos empenhos, porém bloqueou 100% do financeiro, que é o recurso necessário para enviar a banco o pagamento de todas as ações da UFRPE e que normalmente começa a ser enviado do MEC para as universidades no início de cada mês”.
A UFRPE disse que “o MEC informou, por nota, que não enviará financeiro no mês de dezembro”. Sobre os efeitos, a Rural informou que os recursos para as bolsas e auxílios pagos diretamente, no início do ano, “foram empenhados na sua totalidade para todo o 2022, a fim de garantir o valor orçamentário necessário para seus pagamentos, considerando a prioridade dessa ação”.