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Morre mais uma paciente com miosite. Caso pode estar associado a chicungunha

Paciente de 24 anos teve síndrome neurológica. Especialistas analisam se existe relação com vírus transmitido pelo Aedes aegypti.

“Agora não é mais um caso só. São situações extremamente graves, de pacientes que têm comprometimento muscular com enzimas muito elevadas e acometimento cardíaco”, diz a neurologista Lúcia Brito

Guga Matos/JC Imagem

Cinthya Leite

Mais uma paciente morre após apresentar um quadro de miosite (síndrome neurológica caracterizada por inflamação nos músculos que causa fraqueza muscular) possivelmente associado a um histórico prévio de infecção viral. Ela era natural do Recife e tinha 24 anos, segundo informou ontem, durante evento realizado na Fiocruz Pernambuco, a médica Maria Lúcia Brito Ferreira, chefe do Serviço de Neurologia do Hospital da Restauração (HR). Em janeiro, uma paciente de 17 anos, de Pesqueira, no Agreste de Pernambuco, faleceu depois de ter uma infecção por chicungunha que evoluiu para miosite.

“Agora não é mais um caso só. São situações extremamente graves, de pacientes que têm comprometimento muscular com enzimas muito elevadas e acometimento cardíaco. Este segundo caso teve manifestação clínica praticamente igual à da outra, com paralisia flácida e um quadro clínico provavelmente de chicungunha”, explica Maria Lúcia.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informa que ainda não foi comunicada sobre o óbito, mas frisa que está atenta às mortes suspeitas pelas arboviroses (dengue, chicungunha e zika), já que houve aumento no registro de mortes nas primeiras dez semanas epidemiológicas de 2016, em relação a anos anteriores. Até o momento, 96 óbitos suspeitos pelas arboviroses foram notificados. Deles, um foi confirmado por chicungunha. No mesmo período de 2015, foram 12 mortes suspeitas (uma confirmada por dengue).

“A secretaria está em campo fazendo investigação desses óbitos com as Gerências Regionais de Saúde e os municípios. É importante que os serviços fiquem atentos e façam correta notificação dos casos”, diz o epidemiologista George Dimech, diretor-geral de Controle de Doenças e Agravos da SES. Ele acrescenta que brevemente a secretaria deve contar com o apoio do Ministério da Saúde nesse trabalho, que inclui não só os óbitos possivelmente relacionados a arboviroses, como também a investigação dos casos de complicações neurológicas provavelmente associados a arboviroses.

“Analisamos as discussões para fortalecer a vigilância sentinela para síndromes neurológicas relacionadas a arboviroses”, frisa George. De dezembro de 2014 a dezembro do ano passado, o HR atendeu 151 pacientes com complicações neurológicas que apresentaram previamente manifestação clínica compatível com dengue, chicungunha e zika. Os registros são de 16 municípios de Pernambuco.

“Possivelmente os casos com recuperação mais rápida não chegam ao hospital de alta complexidade. É interessante fazer uma busca no interior. Temos que planejar isso”, frisa Maria Lúcia, que detalha as complicações neurológicas nestes três primeiros meses do ano. “A impressão que dá é que há mais acometimento central (quando se atinge cérebro e medula) do que dos nervos periféricos. As manifestações neurológicas da chicungunha parecem ser mais centrais do que periféricas”, ressalta a médica.

FONTE: ENCARTNOTÍCIAS

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