Chegada de nuvem de gafanhotos no Ceará é “pouco provável”, disse José Wagner da Silva, especialista em entomologia e professor adjunto da Universidade Federal do Ceará (UFC)
Corrigida às 10h31min de 25/06/2020
A chance da nuvem de gafanhotos, que tem assolado a Argentina e está em direção ao solo Brasil, chegar ao Ceará “pouco provável”, conforme afirmou José Wagner em entrevista à a Rádio O POVO CBN, nesta quarta-feira, 24. Ele pontuou que apesar das baixas probabilidades do Estado ser atingido diretamente pelo fenômeno, nos anos de 1930 e 1940, houve registros de grandes aglomerações de gafanhotos em solo brasileiro, destruindo diversas lavouras de pequeno e médio porte.
José Wagner da Silva é especialista em entomologia, ramo da zoologia que estuda os insetos, e atua como professor adjunto da Universidade Federal do Ceará (UFC). A nuvem de gafanhotos está estacionada a cerca de 130 km das fronteiras brasileiras, ainda na Argentina. Fenômeno está sendo monitorado pela Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar (Senasa), que atua tanto na Argentina quanto em áreas de fronteira.
O pesquisador afirmou que os cientistas ainda não sabem ao certo o que leva os gafanhotos a se agruparem desta forma, mas ponderou: “Achamos que podem ser grandes mudanças climáticas, destruição de habitats naturais e mudanças drásticas na vegetação dos países”.
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Trata-se do gafanhoto sul-americano, o Schistocerca cancellata – nome científico. Estima-se que em um quilômetro quadrado possam existir até 40 milhões de insetos. Nas áreas afetadas, eles podem consumir o mesmo que 35 mil pessoas. “Por dia, eles comem o equivalente ao seu próprio peso. No início, preferem se alimentar de graminha, mas com o seu desenvolvimento atacam outras culturas, como milho, feijão, algodão, soja e até fruteiras como o coqueiro. Os danos podem ser astronômicos”, explicou.
Os insetos se movem de acordo com o vento e podem percorrer uma distância de até 150 km por dia. A limitação da movimentação dos insetos é o principal fator que atua em prol do Ceará não ter de encarar o fenômeno. Wagner, porém, reforçou que caso a nuvem seja favorecida com rajadas de ventos que soprem no sentido do interior do Brasil, o fenômeno pode atingir o Sul e Centro-Oeste do País. “O pequeno produtor é completamente vulnerável aos insetos”, completou o especialista.
Dentre as possíveis medidas a serem adotadas como forma de combater o fenômeno, caso este chegue em solo brasileiro, José destaca a aplicação de fungos nas lavouras que são nocivos, apenas aos insetos. Porém, acredita que a atitude mais provável a ser assumida pelo governo do Brasil seria a liberação de pulverização aérea com agrotóxicos e inseticidas. Ele lembrou ainda que nas vezes em que o fenômeno assolou o Ceará, esta foi a medida adotada.
Erramos: diferentemente do informado na versão original, o fenômeno já atingiu o Brasil e não o Ceará. E o gafanhoto tem nome científico Schistocerca cancellata e não Schistocerca americano.