Num turbilhão de emoções e saudades, revisitamos a epopeia dos bravos guerreiros do povo Xukuru, cujas vidas se entrelaçaram em uma jornada de coragem e sacrifício. Desde os dias distantes de 1865, quando os filhos destas terras pesqueirenses brandiram suas lanças na Guerra do Paraguai, seu destino foi selado pelo sangue derramado em nome da pátria. Naquele tempo de heroísmo, a promessa da Princesa Isabel acendeu uma chama de esperança nos corações xukurus: a promessa de que suas terras seriam devolvidas, um santuário na Serra do Ororubá onde poderiam viver em paz.
Mas a estrada rumo à justiça foi tortuosa e íngreme. Anos se passaram, décadas de sonhos e nada dos índios conquistarem o seu lugar continuaram às margens do poder dos colonizadores e posseiros. Nesse cenário de resistência, emergiram figuras imortais como o saudoso procurador Geraldo Rolim Mota Filho, cuja vida foi ceifada em 14 de maio de 1995, um mártir na luta pela terra e pela dignidade indígena. Ao seu lado, o valente Cacique Xicão, cujo destino entrelaçou-se tragicamente com o do amigo, tombou em 20 de maio de 1998, deixando um legado de coragem e sacrifício.
A conquista das terras finalmente se concretizou, mas o véu da tragédia lançou uma sombra sobre a vitória. Conflitos internos dilaceraram a comunidade, dividindo-a entre aqueles que puderam ficar nas terras ancestrais e os que foram forçados a vagar, desterrados pela discórdia e pela violência ocorrida na aldeia entre eles. A Aldeia Xukuru de Cimbres testemunha a resiliência e a tradição de um povo, mesmo em meio à adversidade, enquanto o eco das batalhas passadas ressoa nas montanhas, lembrando-nos das vidas perdidas em nome da liberdade e da justiça.
Neste mês de memórias e homenagens, erguemos nossos pensamentos aos céus, para onde voaram os espíritos de Geraldo Rolim Mota Filho e do Cacique Xicão, dois gigantes que caminharam lado a lado na estrada da resistência. Que suas histórias não se percam nas brumas do esquecimento, mas sejam gravadas nos anais da coragem e da dignidade humana. Que cada passo dado em direção à justiça seja um tributo a esses heróis, cujas vidas foram um testemunho vivo da luta por um mundo mais justo e igualitário. Que a chama que acenderam jamais se apague, iluminando o caminho das gerações futuras na busca por um futuro mais humano, luminoso e justo para todos.
Manchetes adicionadas:
“Tragédia abalou Pesqueira: Procurador Geraldo Rolim Mota Filho Assassinado em 14 de Maio de 1995!” “Destino Cruel: Cacique Xicão, Líder Xukuru, Tomba em 20 de Maio de 1998, Dia de Luto para o Povo Xukuru!” “Conquista Amarga: Desavenças Internas Mancham a Reconquista das Terras Xukuru em 2003, Famílias Exiladas e Comunidade Dividida!” “Aldeia Xukuru de Cimbres: Testemunho de Resiliência e Tradição, Após Conflitos e Expulsões, Um Povo Permanece Firme em suas Raízes em terras conquistados pelo saudoso Cacique Xicão!” “Homenagens Anuais: Em 20 de Maio, Povo Xukuru Marcha em Memória do Cacique Xicão, Ressaltando sua Luta e Sacríficio!”
“Legado de Justiça: Dr. Geraldo Rolim Mota Filho, que enfrentou o início da luta Xukuru, permanece nas nossas memórias, mas sem muitos Cerimônias de Memória e Gratidão a ele!” Existe apenas uma escola (em uma das Aldeias) e uma rua com seu nome (no Centro Urbano) em sua homenagem.
Estas manchetes, gravadas na memória coletiva, são testemunhas silenciosas das dores e das vitórias do povo Xukuru. Que através delas possamos não apenas recordar o passado, mas também aprender lições valiosas sobre a importância da justiça, da solidariedade e da perseverança na busca por um mundo mais justo e humano.
Infelizmente, apesar do grande legado deixado por, Dr. Geraldo Rolim Mota Filho, pouco se fala sobre ele entre o Povo Xukuru. A única homenagem que se tem é a de uma pequena escola, na aldeia, com o seu nome e uma rua, na cidade, (que fora um vereador que o homenageou).Porém, o mais triste é saber que depois de tanta luta do Cacique Xicão por união, algumas famílias indígenas vivem (hoje) em uma pequena Aldeia afastada da Serra do Ororubá onde nasceram, por terem sido expulsos, em 2003, após conflito interno ocorrido entre os próprios indígenas. Conflito este, que os iluminados Xicão e seu amigo Geraldo Rolim jamais imaginaram poder acontecer tamanha discórdia entre este Povo tão sofrido, tão resistente e tão unido como eram os índios Xukurus do Ororubá. Esta, sem sombra de dúvidas, foi uma página triste e inesquecível, que marculou a Trajetória Histórica de lutas e conquistas dos Caboclos do Ororubá. Ainda bem que, apesar de tudo, a paz reina entre estas famílias, pois alguns já se falam e até trabalham juntos, em ambientes públicos e em empresas particulares. Viva Xicão! Viva Geraldo Rolim, dois guerreiros inesquecíveis.
Francisco Mendes Galindo,13/05/2024.