Por: Hugo Torres e Flávio Amorim
Com os cenários apresentados, é fundamental analisar os fatos que visualizamos hoje no panorama político-eleitoral de Pesqueira, para desconstruir estratégias discursivas equivocadas, que nas suas entrelinhas, muitas vezes tem o objetivo de omitir e de confundir, para desinformar o cidadão. Então, apesar de não termos como pretensão estabelecer uma verdade absoluta, serve mais para descortinar num primeiro momento, aspectos importantes, antes não percebidos no senso comum.
Apesar de termos consciência de que analisar cenários políticos é pisar em terreno movediço, por exigir uma leitura mais complexa da realidade, em que envolve diversos fatores sobre a questão, nos aventuramos a fazê-la, por entender que não há como se negar a levar luz a esse debate.
Em vista disso, é necessário sair do lugar comum de mera reprodução do discurso raso, que não exige um olhar mais aprofundado dos fatos e que por isso, não ajuda a uma melhor compreensão do contexto em que nos inserimos na atualidade.
Portanto, é necessário se despir de paixões, de narrativas canhestras e perceber os fatos como eles são, como estão ocorrendo e como isso interfere no resultado eleitoral. A migração do voto é um deles, sem sombra de dúvida, independente de nossas preferências politico-eleitorais, porque a realidade está aí e ela se impõe, é inconteste e independe de nossa vontade. Deste modo, não tem como fingir que ela não existe, por mais lenientes que sejamos.
Hoje, é muito comum ouvir aos quatro cantos, o ditado de que se a oposição se dividir e tiver mais de um candidato a majoritária, a atual prefeita Maria José, tem chance fácil de ser reeleita no próximo ano. Será mesmo que isso é verdade? Desta forma, é imprescindível questionar os fundamentos dessa premissa ou dos interesses que ela representa. Que de tão repetida pelos diversos atores envolvidos, parece mais um mantra. Logo, é importante questionar a sustentabilidade desse discurso, que de tão difundido, “parece” uma tese genuína.
Assim, vejamos alguns aspectos que merecem relevância e precisam ser destacados, para uma melhor compreensão, sobre como está se dando o caminho do voto no município de Pesqueira, dentro do cenário eleitoral que se avizinha, para não cair no conto do vigário.
Atualmente, estamos presenciando perdas significativas de lideranças no grupo político da atual gestão municipal, como são os casos do PRB (partido bem estruturado, que há pouco tempo fazia parte da base da prefeita); de Vambrugh (que rompeu na última eleição pata prefeito, quando foi preterido para a vice); de Paulo Campos (que rompeu no início do mandato, por não ter recebido apoio desejado, pra ser Presidente da Câmara); de Naldo Paes (que aderiu a oposição a prefeita); de Cicinho (que rompeu recentemente com a gestão, para apoiar a pré candidatura do Cacique Marcos) e dos Peixotos (que fazem parte da base do governo do estado em Pesqueira, com grande chances de ser o pré candidato do Palácio).
Por consequência, o que verificamos é um processo de migração de votos na linha do tempo, que se constitui numa rearrumação no quadro político local. Fato este, que vem ocorrendo já há algum tempo e que julgamos ter um impacto irreversível na disputa eleitoral do próximo ano.
Neste sentido, é importante, prestar atenção para onde estão indo esse quantitativo de votos? Dado o volume considerável que representam.
Sendo assim, é salutar refletir pra onde irão os dividendos eleitorais dos votos do PRB, de Paulo Campos, de Cicinho, de Naldo Paes, de Vambrugh e dos Peixotos? Em vista disso, que projetos eleitorais em curso seriam os grandes beneficiários desse capital e quanto de fato representaria este montante em termos nominais e que efeitos diretos causariam no cenário eleitoral? Esta é uma questão chave, para entender o jogo eleitoral.
Desta forma, como atestar a validade de uma tese de que se houver mais de um candidato a prefeito pela oposição em Pesqueira, a atual gestora teria grande chance de ser reeleita? Como se sustenta essa retórica em que a atual mandatária seria a grande beneficiária nesta situação, quando é de seu próprio grupo que vem essas defecções em benefício dos outros? Desse modo, como os grupos políticos de oposição podem ser os principais prejudicados, se são eles que estão se beneficiando com essa migração de votos, com a mudança dessas lideranças, que antes pertenciam a base eleitoral da prefeita? Não é mais lógico, neste ambiente, vislumbrar o prenúncio de um jogo mais equilibrado e mais competitivo, o ano que vem?
Por isso, dadas as devidas proporções e as peculiaridades que cada eleição representa, se fosse correto esse raciocínio, ele teria funcionado na eleição passada, quando Evandro Chacon concorreu a reeleição no cargo. Se assim fosse, ele teria sido o grande beneficiário das múltiplas candidaturas de oposição naquele momento, no pleito de 2016. No entanto, amargou um terceiro lugar, com um montante de votos que ficou muito aquém do esperado, frustrando até as mais otimistas expectativas, diante da pífia votação que obteve.
Por isso, é primordial identificar de forma clara, que fatores relevantes, realmente, operam na atual conjuntura, que podem ajudar a perceber com mais nitidez, a evolução do quadro e mais do que isso, oportunizar uma compreensão dos caminhos que os votos estão tomando, com vistas às próximas eleições municipais em Pesqueira.
Fábio Amorim e Hugo Torres