Parlamentar apresentou pedido ao diretório do partido em Londrina (PR).
Ele sofria pressão para renunciar devido à acusação de vínculo com doleiro.
O deputado André Vargas apresentou na manhã desta sexta-feira (25) ao diretório do PT em Londrina (PR) um comunicado de desfiliação da legenda (veja a íntegra da carta ao partido no final desta reportagem).
Segundo o advogado de Vargas, Michel Saliba, ele não tem intenção de renunciar ao mandato de deputado e decidiu deixar o PT porque não tem mais apoio do partido e quer se dedicar à defesa no processo de cassação ao qual responde no Conselho de Ética na Câmara. André Vargas era filiado ao PT desde 1990.
Saliba divulgou nota assinada por Vargas na qual o deputado assinala o “sincero agradecimento” ao PT após 24 anos de militância no partido.
“Comuniquei oficialmente ao Partido dos Trabalhadores nesta manhã o meu desligamento da sigla, após vinte e quatro anos de uma relação que me concedeu oportunidades para servir ao meu estado e ao Brasil. Deixo registrado o meu sincero agradecimento. Sem partido, irei dedicar-me agora à minha defesa no Conselho de Ética da Câmara, confiante de que me serão asseguradas as prerrogativas do contraditório e da ampla defesa. Confio na isenção, imparcialidade e tratamento isonômico da Câmara em relação ao meu caso, reafirmando a minha crença na Democracia e no Estado de Direito”, diz a íntegra da nota.
Vargas sofria pressão do partido para renunciar ao mandato devido às denúncias de envolvimento dele com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal durante as investigações da Operação Lava Jato. A operação revelou um esquema de lavagem de dinheiro, supostamente comandado por Youssef, que movimentou R$ 10 bilhões.
Na última quarta-feira, o presidente do PT, Rui Falcão, se reuniu com deputados da bancada do partido na Câmara e cobrou publicamente a renúncia de Vargas. O PT pretendia levar o caso para a comissão de ética da legenda e cogitava até a expulsão do deputado.
Na Câmara, André Vargas responde a processo disciplinar no Conselho de Ética que poderá resultar em cassação. No último dia 7, com a finalidade de se defender das denúncias, Vargas pediu licença de 60 dias do mandato de deputado. Na semana passada, formalizou a renúncia ao cargo de vice-presidente da Câmara.