Crimes como dois homicídios em Santa Cruz do Capibaribe e a explosão de um caixa eletrônico em Riacho das Almas, no Agreste de Pernambuco, não foram relatados nos documentos.
Os Batalhões no interior de Pernambuco seguiram na manhã desta quarta-feira (12) a determinação do comando da Polícia Militar em só repassar informações positivas nas resenhas – documento com informações jornalísticas – enviadas para os veículos de comunicação. Crimes como dois homicídios em Santa Cruz do Capibaribe e a explosão de um caixa eletrônico em Riacho das Almas, no Agreste de Pernambuco, não foram relatados nos documentos.
Além disso, detalhes não podem ser repassados pelos policiais. O G1 entrou em contato com os Batalhões em Caruaru e Santa Cruz do Capibaribe e os policiais confirmaram que não podem repassar informações dos crimes. “Nós não estamos autorizados a passar detalhes”, disseram PMs em ambos os casos. Os dois pediram para não serem identificados.
A resenha do 4º Batalhão em Caruaru ficou resumida a recuperação de um veículo no Bairro José Carlos de Oliveira. A determinação do comando da Polícia Militar vem num momento delicado da segurança no interior de Pernambuco. Em Caruaru, segundo a Secretaria de Defesa Social, até a publicação desta matéria, 81 homicídios foram registrados em 2017. Ano passado, 225 pessoas foram assassinadas no município.
O número aumentou em relação a 2015, com a cidade registrando 204 homicídios, enquanto em 2014, foram 137. Baseado nos números de 2016, à taxa de homicídios para cada 100 mil habitantes, é de 58.23.
Por meio de nota, a Polícia Militar informou que, como qualquer instituição militar, possui normas e regras a serem cumpridas em função de seu bom funcionamento. “Esclarece, no entanto, que o documento produzido pela Dinter 1 tem com objetivo normatizar e alinhar a divulgação de notícias, como acontece em todas as instituições públicas e privadas”, diz o texto.
O comando da PM disse ainda que nenhuma informação, desde que consolidada e segura, seja negativa ou não, deixará de ser repassada para a imprensa por meio Assessoria de Comunicação e de porta-vozes da PM. “Tal cuidado, como explica a própria circular, visa proteger vítimas, acusados e testemunhas, que têm constitucionalmente seus direitos garantidos, além de evitar que as investigações ou prisões sejam prejudicadas”, diz.
A nota finaliza dizendo que não existe uma tentativa de omitir as informações. “É importante ressaltar que a Polícia Militar rejeita qualquer tipo de censura e relação que não seja de transparência com a imprensa e a sociedade”, diz a nota.