Vítima foi encontrada seminua a 30 metros de distância da sepultura na manhã desta segunda-feira
11/11/2019 – 18h18minAtualizada em 11/11/2019 – 22h20min
DÉBORA ELY
Sepultado às 11h de domingo (10), o corpo de uma mulher de 49 anos apareceu em uma clareira, a 30 metros de distância da cova, na manhã desta segunda-feira (11), em Gravataí, na Região Metropolitana. O cadáver estava seminu, sem a saia com a qual a mulher havia sido enterrada e com um dos seios para fora da blusa.
Para a Polícia Civil, a cena classificada como macabra pelos agentes se trata de um caso de necrofilia. A suspeita causou tumulto no cemitério municipal Rincão da Madalena, onde ocorreu o crime, repercutiu nos grupos de WhatsApp da cidade e indignou os familiares da mulher violada.
— Nem tive coragem de olhar. Vi de relance e saí fora. Foi uma coisa muito triste — disse o irmão da mulher, um mecânico de 39 anos.
O homem foi avisado sobre a sepultura violada por um telefonema anônimo, às 9h30min. Desconfiado, deslocou-se para o cemitério com outro irmão e uma irmã. Mas, ao chegarem na sepultura, onde haviam enterrado a mulher vítima de esclerose sistêmica horas antes, encontraram somente um caixão aberto.
Aos familiares, funcionários da Mecanicapina, empresa terceirizada responsável pela administração, limpeza e segurança do cemitério, disseram que desconheciam o paradeiro do cadáver. Em choque, os irmãos seguiram os rastros no chão batido, até chegarem ao cenário tétrico. Uma espécie de lenço branco cobria o rosto da morta.
Nesse momento, uma equipe da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Gravataí ouviu, pelo rádio do 190, da Brigada Militar, que uma confusão se armava no Rincão da Madalena. Dez minutos depois, o telefone da delegacia tocou. Aos prantos, um dos irmãos da vítima acionou os policiais, e quatro agentes seguiram para o local.
Os agentes isolaram o entorno da sepultura e a área onde estava o corpo. Na clareira, encontraram um quadro que definiram como filme de terror. Pendurados em árvores próximas ao cadáver, havia dois círculos feitos de cipó retorcido com uma cruz no meio. Ao que tudo indica, foram retirados de outras sepulturas. Pelo chão, os policiais ainda localizaram uma carteira de cigarro e uma fralda de crianças usada — sinais de que o local, em meio ao mato, recebe “visitantes”.
A cova não tinha mais do que um palmo de profundidade. Por isso, os policiais indicam que o “maníaco” a cavou com as próprias mãos. Segundo o escrivão da DHPP Geraldo Soares, um dos primeiros agentes a chegar ao local, o criminoso arrastou o cadáver durante parte do percurso e, depois, carregou o corpo no colo ou nos ombros até o matagal.
— Foi sinistro — resumiu Soares, que está há oito anos na delegacia e nunca havia deparado com situação sequer parecida.
Para comprovar se houve ato sexual, o Instituto-Geral de Perícias foi acionado e colheu o material genético das partes íntimas do corpo. Como não se trata de um homicídio, o caso foi repassado para a 1ª Delegacia de Polícia de Gravataí, responsável pela área. O delegado Marcio Zachello esteve no local e, nos próximos dias, irá ouvir os familiares:
— Quando a gente acha que já viu tudo, acontece isso. Esse ato, além de desrespeitoso, é criminoso — afirma Zachello.
Zachello também irá colher o depoimento de funcionários da Mecanicapina. Para ele, nenhuma hipótese pode ser descartada neste momento — nem mesmo a de um ritual, por exemplo.
Em razão do fato, a prefeitura de Gravataí notificou a Mecanicapina e o secretário de Serviços Urbanos, Paulo Garcia, reuniu-se com funcionários para esclarecer o caso. Para GaúchaZH, o gerente da empresa, Juliano Soares José, disse que a segurança noturna é feita por dois guardas. Depois do caso, prometeu adotar estratégias para tornar o cemitério mais seguro.