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Procurador agredido no São João de Caruaru diz: ‘Fui vítima de homofobia’

01/06/2015 20h11

Cerca de 20 pessoas teriam o abordado na Rua Frei Caneca, no Centro.
Taxista tentou ajudar e saiu com corte no rosto, segundo a vítima.

Thays EstarqueDo G1 Caruaru

O procurador do município de Salgadinho foi agredido quando voltava de festa junina em Caruaru, Agreste pernambucano. “Eu acredito que fui vítima de homofobia”, disse o homem ao G1. Segundo depoimentos obtidos pela Polícia Civil, cerca de 20 pessoas – entre homens e mulheres – o golpearam com barras de ferro, pedras e garrafas de bebida na Rua Frei Caneca, no Centro, próximo ao Pátio de Eventos Luiz Gonzaga, onde ocorrem os shows.

Roupas usadas pelo procurador ficaram manchadas de sangue e lama (Foto: Edna Claudino/ Arquivo Pessoal)Roupas usadas pelo procurador ficaram sujas de
lama (Foto: Edna Claudino/ Arquivo Pessoal)

A vítima se chama Jaílson Claudino da Silva Moura, tem 36 anos, e conta que a agressão ocorreu na madrugada do domingo (31). Ele relata que, junto à irmã, duas colegas e o namorado de uma delas, saiu do polo junino por volta das 2h30 em direção ao hotel onde estavam hospedados. No caminho, pararam em uma barraquinha para lanchar e seguiram ao destino. “Minha irmã estava andando na frente com as duas colegas e eu atrás com o namorado de uma [das amigas]. Acho que eles [os agressores] pensaram que fôssemos namorados”. Neste momento, veio o primeiro golpe, na base da cabeça, e Jaílson caiu no chão. “Na hora, perdi a audição e um pouco da visão, mas consegui levantar, mesmo ainda desorientado. Foi quando tudo começou em maior intensidade”, relembra.

O procurador afirma que, quando recuperou os sentidos, continuou sendo agredido. “O namorado da minha amiga tentou me defender, enquanto as meninas gritavam pedindo ajuda. Eu corri e eles me perseguiram”. Ele ainda contou que o “pesadelo” só teve fim quando um taxista apareceu para ajudá-lo. “Ninguém na rua intervia. Pareceu que eu estava numa guerra e todos assistiam à batalha sem fazer nada. Os agressores me seguraram e quebraram uma garrafa. Vieram na minha direção para cortar minha garganta. Foi quando esse homem apareceu e disse ‘Não vou deixar ninguém tocar nele'”, completa. Os suspeitos arremessaram a garrafa no rosto do taxista e fugiram do local.

Pessoas que passavam próximo os levaram para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Jaílson Claudino tem ferimentos nos joelhos, na cabeça e na barriga, além de cortes nas costas e nas mãos. “Amanhã, vou fazer uma ressonância, pois sinto muitas dores na cabeça e vontade de vomitar quando como”, relata. O motorista de táxi não foi localizado pelo portal, porém, Jaílson diz que ele teve um corte profundo no rosto.

O capitão Edmilson Silva, relações públicas do 4º Batalhão da Polícia Militar, disse à redação do portal que existe uma unidade móvel da corporação nas proximidades do local do crime, porém, a equipe não foi comunicada oficialmente sobre o caso.

‘Único alvo’
O caso está na 1º Delegacia de Polícia Civil. De acordo com o delegado titular, Fávio Pessoa, ainda é cedo para apontar a autoria do crime. “Apesar de ser precoce, acreditamos que seja mesmo homofobia, pois, entre um grupo de cinco pessoas, ele foi o único alvo”, afirma.

O procurador e todos os envolvidos, incluindo o taxista, prestaram queixa na manhã do domingo (31). Os exames traumatológicos foram feitos no Instituto de Medicina Legal (IML) do município. Jaílson Claudino aguarda o psicólogo designado pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos para que ele e os amigos recebam atendimento.

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