A TRAGÉDIA DA ESCOLA EM SUZANO, NÃO É SÓ UMA FATALIDADE
O que aconteceu na Escola Professor Raul Brasil, em Suzano – SP, não acontece do nada, de um contexto isolado. Apesar de ser uma situação muito séria, muito delicada, ela é fruto do que estamos vivendo na atualidade, não acontece por acaso.
Pelas postagens nas redes sociais, em que inúmeros jovens deram demonstração de que comungam com essa barbárie, percebe que eles (os matadores) não estão sozinhos.
O que já vinha acontecendo nos EUA com o governo Trump, começa a viralizar aqui na era Bolsonaro, que tem perfil semelhantes.
Lá o porte de arma é liberado, aqui se enveredou pelo mesmo caminho.
Percebe-se que o crime tem características de ódio, fato que começa a tomar proporções nunca vistas no país. Basta vê a motivação dos criminosos que assassinaram a Vereadora Mariele no Rio de Janeiro. Justamente, pelo que ela era, por militar num partido de esquerda e pela plataforma que defendia, no seu mandato parlamentar.
O nível de intolerância, de radicalização, tem enveredando por caminhos muito obscuros de violência, ao ponto de eliminar o outro, por discordar das idéias que defende.
As redes sociais evidenciam cada vez mais as ameaças de fanáticos extremista, que não aceitam, que não tolera que o outro pense diferente e que possa exercer o direito a informação, a crítica, ao contraponto do debate ou que possa lutar pelos por aquilo que considera justo e razoável, como foi o caso de Mariele, que defendia os direitos das minorias.
Por outro lado, o Presidente da República com seus familiares, um ator privilegiado e importante neste cenário, que tudo que faz tem forte repercussão, é o primeiro a dá mal exemplo nas redes, diante de tudo que vem fazendo compulsivamente, com seus ataques desmedidos, estimulando, alimentando o ódio, a intolerância, ajudando a colocar, de forma irresponsável, diante do cargo que exerce, mais lenha nessa fogueira.
É uma onda de ódio e de intolerância que só aumenta e trás consequências nefastas, o que representa uma ameaça a liberdade e a democracia. Nesse contexto, a escola como sempre, é uma caixa de ressonância do quadro doentio em que o país está mergulhado.
O Brasil não merece um descalabro dessa magnitude. Deus nos ajude a sair dessa desastrosa situação em que nos encontramos.
Professor Fåbio Amorim, 13/03/2019.