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Remédio de prevenção do HIV ainda é pouco prescrito, diz estudo

 

  • A médica americana Lisa Sterman, de São Francisco, mostra uma pílula do Truvada, do laboratório Gilead, focado na prevenção do HIVA médica americana Lisa Sterman, de São Francisco, mostra uma pílula do Truvada, do laboratório Gilead, focado na prevenção do HIV

O tratamento preventivo contra o vírus da aids (HIV) para as pessoas não infectadas, mas potencialmente em risco, continua sendo pouco prescrito apesar dos resultados positivos dos testes clínicos – lamentaram nesta terça-feira (21) cientistas reunidos na conferência internacional sobre a aids.

A prática da prevenção medicamentosa, frequentemente chamada profilaxia pré-exposição (PrEP), consiste no uso regular de antirretrovirais por pessoas saudáveis que mantêm relações com parceiros infectados pelo HIV, com o objetivo de evitar contrair o vírus.

Para os especialistas, a prática preventiva é eficaz e apresenta efeitos colaterais mínimos.

“A profilaxia pré-exposição muda o jogo”, avaliou o pesquisador norte-americano Chris Beyrer, co-presidente da 8ª Conferência sobre a Patogênese do HIV, em Vancouver, Canadá

“Os dados são implacáveis, e isso funciona quando (o tratamento) é feito”, acrescentou.

Os cientistas apresentaram os resultados sobre a PrEP a partir de vários pequenos estudos feitos com pessoas com grande probabilidade de serem infectadas pelo HIV, principalmente em razão de suas práticas sexuais, no Brasil, nos Estados Unidos e em Botswana.

Tendo em vista o sucesso do tratamento antirretroviral feito corretamente – reduzindo claramente o risco de infecção pelo HIV e muito bem tolerado pelo organismo – os cientistas lamentaram o fato de que a PrEP não seja uma prática frequente, sendo na maior parte das vezes uma decisão pessoal.

É verdade que esta terapia é bastante recente. Somente em 2012 o tratamento com truvada, uma mistura de antirretrovirais dada aos adultos com ato risco, obteve sinal verde da Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos.

– Estudos conclusivos -Um estudo feito com 557 homens homossexuais ou transgêneros mostrou que quase todos seguiram o tratamento preventivo, enquanto em dois participantes – quem acabaram contraindo o vírus da aids – os vestígios dos medicamentos no corpo eram mínimos, salientou Albert Liu, da administração de Saúde de San Francisco.

“Nossos resultados corroboram bastante para o fortalecimento da PrEP, e os medicamentos parecem ser bem tolerados”, afirmou Liu.

Do lado brasileiro, o estudo feito com 509 homens ao longo dos últimos dois anos mostra que a PrEP é bem aceita pelos participantes “embora seja necessária mais educação”, ponderou Beatriz Grinsztejn, do Instituto de Pesquisa Evandro Chagas, no Rio Janeiro.

Estes resultados, que ainda terão de ser finalizados antes da publicação, vão ajudar o governo brasileiro a decidir se quer ou não o tratamento preventivo com medicamentos antirretrovirais como norma de saúde pública.

Os efeitos colaterais, tais como náuseas, dores de cabeça e perda de peso são apontados por um estudo entre 200 jovens em 12 cidades dos Estados Unidos, observou Sybil Hosek do Hospital Stroger, do condado norte-americano de Cook (Illinois), notando que os mais dispostos a seguir um PrEP foram aqueles com um estilo de vida altamente arriscado.

Nenhuma transmissão de HIV foi encontrada para as 229 pessoas heterossexuais monitoradas como parte do estudo em Botswana, com altos riscos em suas práticas sexuais com múltiplos parceiros ou com usuários de drogas injetáveis com equipamentos pouco seguros, segundo Faith Henderson, do Centro norte-americano de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

A prevenção medicamentosa se depara com dois obstáculos: os custos e os sérios danos pelo uso contínuo do tratamento. O preço dos remédios é o principal obstáculo nos países onde a seguridade social é praticamente inexistente, segundo os especialistas presentes na conferência de Vancouver. Além disso, é preciso garantir que as pessoas em risco tomem os medicamentos de forma regular e consistente.

“A PrEP não é apenas um ganho individual, mas também deve ser levado em conta em termos de saúde pública”, estimou o pesquisador peruano Carlos Caceres. “Evitando que a infecção de uma pessoa passe para outra, poderíamos prevenir diversas novas infecções”.

“Nossa resposta mundial ao HIV não será duradoura caso o número de infecções não seja significativamente reduzido”, concluiu.

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