‘Antifeminista do fuzil’, indígena a favor da mineração e vereador de BH: veja quem são os novos integrantes da bancada bolsonarista
Dos 98 candidatos eleitos do PL, 39 são novos na Câmara dos Deputados
Por Luísa Marzullo — Rio de Janeiro
03/10/2022 19h19 Atualizado há 10 horas
Novos bolsonaristas no Congresso: Júlia Zanatta, Silvia Waiãpi e Nikolas Ferreira Reprodução
Com a maior bancada da Câmara dos Deputados, o partido do presidente Jair Bolsonaro (PL) elegeu, neste domingo, 98 representantes que integrarão a chamada bancada bolsonarista a partir de 2023. Um levantamento do GLOBO apontou que, destes candidatos, 59 foram reeleitos e 39 nunca estiveram na Casa. Entre esses novos integrantes constam nomes que chamam atenção como o ex-ator Mário Frias (PL-SP), Julia Zanatta (PL-SC), que se identifica como a “Antifeminista do fuzil” e a indígena defensora de bandeiras como a mineração.
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Os dados reforçam o bom resultado do bolsonarismo nas eleições para o Parlamento. No caso do Senado, foram 14 aliados do presidente dos 27 eleitos, e Bolsonaro deve formar agora a maior bancada do Senado Federal, com até 15 senadores só do PL. O União Brasil elegeu cinco senadores e o PT, quatro.
Conheça alguns dos novos integrantes:
Nikolas Ferreira (MG)
O atual vereador de Belo Horizonte, Nikolas Ferreira (PL — MG) liderou a disputa neste domingo para uma vaga na Câmara dos Deputados. Nas redes sociais, o mineiro sempre se demonstrou um forte apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em 2020, ele teve uma das maiores votação na disputa municipal. Neste domingo, ele bateu o recorde de votos do estado: teve quase um milhão e meio (1.492.047).
Nikolas Ferreira — Foto: Reprodução/Instagram
Julia Zanatta (SC)
A deputada que se apresenta como “antifeminista do fuzil” é amiga pessoal de Heloisa Bolsonaro, mulher do também deputado Eduardo Bolsonaro (PL). Durante a campanha, Zanatta teve o apoio dos dois e também do empresário Luciano Hang, da loja de departamentos Havan, o que lhe rendeu 111 mil votos neste domingo.
Julia Zanatta (PL) ao lado de Luciano Hang — Foto: Reprodução
Silvia Waiãpi (AP)
A indígena bolsonarista Silvia Waiãpi é militar das Forças Armadas e teve 5.435 votos. Durante a campanha, recebeu apoio de figuras como Damares Alves (Republicanos), Carla Zambelli (PL) e de Eduardo Bolsonaro (PL). Em seu Instagram, ela defende bandeiras tradicionalmente contrárias aos povos originários. “Agronegócio e Mineração irão destravar o Amapá’, escreveu em post.
— O nosso estado não tem se desenvolvido, principalmente pelas leis ambientais que são severas demais apenas para o Norte do país — diz em vídeo de campanha.
Sílvia Waiãpi e Carla Zambelli: indígena bolsonarista passa a ser representante de povos originários no Congresso — Foto: Reprodução
Ricardo Salles (SP)
O ex-ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro foi um dos campeões de voto: conquistou 639 mil. Salles ganhou notoriedade por ter se envolvido em uma série de polêmicas e se tornado alvo da Polícia Federal por suspeita de favorecimento de interesses de madeireiros.
Além disso, recebe fortes críticas de ambientalistas pela atuação à frente da pasta e já foi citado em um inquérito do Ministério Público de São Paulo por enriquecimento ilícito.
O ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles — Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo
André Fernandes (CE)
O deputado estadual foi o mais votado no Ceará: mobilizou mais de 259 mil eleitores. Nas redes sociais, André é um importante aliado do presidente: tem mais de 1 milhão de seguidores e propaga críticas ao ex-presidente Lula. Ele tem apenas 24 anos.
André Fernandes (PL) no primeiro turno das eleições 2022 — Foto: Reprodução
General Pazuello (RJ)
O ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro liderou a votação no Rio de Janeiro neste domingo: somou 205.324 votos. Enquanto ministro, foi alvo de ações de improbidade administrativa pela suposta negligência na compra das vacinas contra a Covid-19 e pela acusação de omissão na crise do oxigênio em Manaus, no Amazonas, também causada pelo novo coronavírus.
O general da reserva foi inclusive indiciado pela CPI da Covid sob a acusação de ter cometido crimes contra a humanidade, emprego irregular de verbas públicas, prevaricação e outros crimes.
Ex-ministro da Saúde, general Pazuello (PL – RJ) se lançou como candidato a deputado federal. — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
Roberta Roma (BA)
A mulher de João Roma, que ficou em terceiro lugar na disputa pelo governo da Bahia, foi eleita deputada federal com mais de 160 mil votos. A baiana nunca exerceu nenhum cargo eletivo.
Roberta Roma (PL) durante as eleições deste domingo — Foto: Reproduçãohttps://16a39bd38ea22fa92289ab2515ebb20b.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Mario Frias (SP)
O ex-secretário de Cultura de Jair Bolsonaro se elegeu como deputado federal por São Paulo com 122 mil votos. Antes de entrar na política, ele atuava em novelas como “Malhação”, da TV Globo.
Mário Frias — Foto: Divulgação
Zé Trovão (SC)
Com 71 mil votos, o bolsonarista conquistou uma cadeira. Zé Trovão é alvo de investigação pela organização de atos antidemocráticos no 7 de setembro do ano passado. Na época, ele incentivou caminhoneiros a fechar estradas para pressionar o Senado a acolher pedido de impeachment de ministros do STF. Chegou a ser preso por ordem do ministro Alexandre de Moraes e, depois disso, foi solto com o uso de tornozeleira eletrônica e outras medidas restritivas.
O caminhoneiro Marco Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão — Foto: Reprodução
Amália Barros (MT)
Com a benção da primeira-dama, Amália se elegeu deputada federal. Fundadora de um instituto que possibilita a doação de próteses oculares, as duas se uniram em uma bandeira constantemente referenciada por Michelle: a da inclusão. Neste domingo, Amália obteve 70.294 votos e estará no Congresso Nacional a partir de janeiro.
Michelle Bolsonaro com a amiga Amalia Barros: apoio na candidatura — Foto: Reprodução/Instagram
Mauricio do Volei (MG)
Maurício Souza ingressou na política com o apoio do presidente depois de ter se envolvido em polêmicas por comentários homofóbicos. Ex-jogador da seleção brasileira de vôlei, nas urnas como “Maurício do Vôlei”, recebeu mais de 83 mil votos e vai representar Minas Gerais em Brasília pelos próximos quatro anos.
O jogador de vôlei Maurício Souza aproximou-se de Bolsonaro após ser demitido por homofobia e será candidato a deputado — Foto: Antonin THUILLIER / AFP
Fonte: Globo.com