08/03/2015 15h25 – Atualizado em 08/03/2015 15h25
População também participou de missa na Igreja Nossa Senhora das Dores.
Para padre celebrante, momento foi oportuno para refletir sobre a violência.
Na manhã deste domingo (8), moradores de Poção, no Agreste de Pernambuco, foram às ruas para homenagear as vítimas da chacina registrada no dia 6 de fevereiro. Depois de orações, centenas de pessoas seguiram em direção à Igreja Nossa Senhora das Dores. No local foi celebrada uma missa em memória ao trigésimo dia de falecimento das vítimas.
(Foto: Jailson Lima/ TV Asa Branca)
Para o padre Carlos Eduardo Pereira Santos, que celebrou a missa, o momento foi importante para refletir sobre a violência no município. “Aproveitamos a oportunidade para fazer uma oração. Pelas vítimas e em prol da paz. O objetivo era tornar este dia marcado pela paz. Queremos uma nova vida para a população”, conta.
Ainda segundo o padre, após a missa foram entregue flores para as mulheres parentes das vítimas. “Um símbolo de solidariedade, lembrando o Dia Internacional das Mulheres”, pontua.
Suspeita de envenenamento
Suposta mandante da chacina em Poção, Bernadete de Lourdes Britto Siqueira Rocha teria também participado do envenenamento da nora dela, Jucy Venâncio de Britto Siqueira, mãe da menina que sobreviveu àquele crime. Com um mandando de busca e apreensão, policiais entraram na casa da suspeita, em Arcoverde, e acharam documentos que a relacionam a este caso, segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil.
Bernadete de Lourdes Britto Siqueira Rocha tem 52 anos, é avó paterna da criança sobrevivente e foi presa no dia 27 de fevereiro. O filho dela, José Cláudio de Britto Siqueira Filho, de 32 anos, é igualmente suspeito de ser mandante da chacina e foi preso na mesma data. A assessoria de imprensa comunicou ainda que, no dia 28 de fevereiro, foi preso um homem de nome e idade não informados que seria um dos executores do crime.
As prisões valem por 30 dias e foram anunciadas em nota oficial da Secretaria de Defesa Social (SDS-PE) no dia 28 de fevereiro.
Entenda o caso
A chacina ocorreu no dia 6 de fevereiro. As vítimas estavam em um carro do Conselho Tutelar do município com uma menina de 3 anos, única sobrevivente. Eles vinham da casa da avó paterna da criança, situada emArcoverde, no Sertão, a cerca de 70km de Poção.
Segundo o avô materno, João Batista, as famílias dividiam a guarda da criança. O pai e a avó paterna cuidavam dela durante a semana e, nos fins de semana, a menina ficava com os avós maternos.
A senhora que morreu na chacina era Ana Rita Venâncio, esposa de João Batista e avó da criança.
As primeiras informações obtidas pela Polícia Militar apontam para uma emboscada contra as vítimas, na estrada do Sítio Cafundó, por ondeos cinco passavam de carro. “Primeiro, atiraram no motorista, depois nas mulheres que estavam no banco de trás e à queima roupa em um deles [conselheiro] que tentou escapar”, informou a PM ao G1.
Os conselheiros eram Carmem Lúcia da Silva, de 38 anos, José Daniel Farias Monteiro, de 31, e Lindenberg Nóbrega de Vasconcelos, de 54. Uma equipe do Instituto Médico Legal (IML) deCaruaru esteve no local e recolheu os corpos.
paterna da criança sobrevivente, em Arcoverde
(Foto: Reprodução/ TV Asa Branca)
Inicialmente, havia a informação de que a criança teria sido ferida à bala na confusão, mas, no hospital, informaram que o sangue que a sujava não era dela. A menina está em um local não divulgado, por questão de segurança.
O avô materno disse que, no dia do crime, a avó e o pai mudaram repentinamente o horário que eles costumavam pegar a menina para passar o fim de semana. “A gente era para pegar a criança às 11h30 no colégio e entregar na segunda, de 7h30. Só que, essa semana, eles mesmo mudaram. (…) Mudou para gente ir pegar de 17h”, relata. Segundo ele, há mais de dois anos as famílias compartilham a guarda da criança.
A PM comunicou, no dia 7, que nem o pai nem a avó paterna foram localizados. A mãe da criança já é falecida, segundo a corporação.
Várias equipes à disposição
O governo do estado designou várias equipes da Polícia Civil especializada em homicídios, cada uma com um delegado, para apurar o caso. “Todo o efetivo da Polícia Militar da região se encontra à disposição da Polícia Civil para eventuais diligências que contribuam para o esclarecimento do caso. A determinação expressa do governador Paulo Câmara é que o crime seja rapidamente elucidado e para isso recomendou todos os esforços do estado”, ressaltou a assessoria de imprensa do governo de Pernambuco.
saiba mais
- Presos suspeitos de mandar matar 3 conselheiros tutelares e idosa em PE
- Nova equipe de conselheiros passa a atuar após chacina que vitimou três
- Em PE, conselheiros tutelares se mobilizam pedindo mais segurança
- Conselhos tutelares de Juiz de Fora atendem em regime de plantão
- Suplentes de conselheiros tutelares mortos devem ser convocados
- Disque-Denúncia oferece R$ 4 mil por informações sobre chacina em Poção
- Governador de PE acompanha velório de vítimas da chacina em Poção
- Chacina em Poção ocorreu depois de criança sair da casa da avó paterna
- Integrantes de Conselho Tutelar e uma mulher são mortos a tiros em Poção
Governador de Pernambuco, Paulo Câmara(PSB) acompanhou no dia 8 de fevereiro o velório das quatro vítimas da chacina. Com o secretário Alessandro Carvalho, da pasta de Defesa Social, o gestor cumprimentou as famílias. Uma multidão acompanhou o momento, desde o Centro Catequético até o sepultamento, no cemitério local. Também estiveram na cidade o secretário Isaltino Nascimento, de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude, e conselheiros tutelares do estado e da Paraíba.
À ocasião, Câmara falou que três equipes de polícia estão à frente das investigações, em vez de quatro, como dito anteriormente. O delegado Darley Timóteo informou ao G1 que houve uma adequação à nova realidade. “A gente está é agregando outras pessoas, outros policiais. Na verdade, no primeiro dia, primeiro momento, os profissionais da região foram para lá. O governador falou em três equipes porque houve um redimensionamento de forças, porque a gente está aprimorando. Não adianta ter cinco ou seis equipes, mas sem estar se movimentando”, declarou.
Timóteo informou ainda que ele e o delegado regional Eronildo Rodolfo de Farias, de Belo Jardim, estão coordenando o caso, enquanto o chefe de polícia Erik Lessa continua à frente dos procedimentos. A Polícia Civil informou que o inquérito está sob sigilo para não comprometer as investigações e que não divulgará informações sobre o caso.
À época, o prefeito do município decretou luto oficial. A ministra Ideli Salvatti divulgou nota de pesar na página da Secretaria de Direitos Humanos lamentando as mortes.