Há cinco inquéritos abertos contra Padre Airton. Defesa dele nega as acusações.
Por g1 PE e TV Globo
26/07/2023 05h04 Atualizado há uma hora
Imagem de arquivo mostra o Padre Airton Freire na Fundação Terra — Foto: Reprodução/Fundação Terra
O Padre Airton Freire, líder da Fundação Terra, é alvo de cinco inquéritos por denúncias de estupro e outros crimes sexuais. As vítimas dizem ter sido levadas para a “casinha”, um casebre onde o religioso dormia, e terem sido abusadas por ele.
O religioso está preso preventivamente e internado em estado grave, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital no Recife, com “princípio de acidente vascular cerebral (AVC)”. A defesa dele nega as acusações.
Confira, abaixo, a cronologia do caso:
- Em maio, a personal stylist Silvia Tavares veio a público denunciar ter sido estuprada pelo motorista Jailson Leonardo da Silva, de 46 anos, a mando do Padre Airton, que, segundo ela, se masturbava vendo o abuso.
- O crime, segundo ela, aconteceu no dia 18 de agosto de 2022, durante um retiro espiritual na Fazenda Malhada, um complexo da Fundação Terra em Arcoverde, no Sertão do estado.
- O padre, no dia anterior, a chamou à “casinha”. No local, ele pediu uma massagem, que ela fez. Depois, ela diz ter sido ameaçada com uma faca por Jailson, que, a mando do padre, a estuprou.
- Silvia Tavares disse que, mesmo depois do estupro, passou mais três dias na Fazenda Malhada, tentando obter provas.
- Em maio, meses depois de ter denunciado o crime à Polícia Civil, a mulher decidiu pedir providências publicamente.
- A igreja, então, suspendeu Padre Airton das atividades religiosas.
- Padre Airton também pediu afastamento da presidência da Fundação Terra e, em comunicado, se disse abalado pelas acusações, que disse serem falsas.
- O motorista Jailson Leonardo da Silva também se disse inocente, alvo de “denúncias fantasiosas”.
- Dois meses depois disso, Padre Airton foi preso preventivamente em Arcoverde. Ele foi levado para o Presídio Advogado Brito Alves, na mesma cidade.
- O Ministério Público, então, informou que havia cinco inquéritos abertos, e que outras vítimas além de Silvia Tavares tinham sido identificadas.
- Uma dessas vítimas é um ex-funcionário do padre, que afirmou ter sido dopado e ter acordado só de cueca numa cadeira. Ele também disse que os abusos eram frequentes.
- Uma terceira pessoa foi uma mulher que diz ter sido vítima um ano e meio antes de Silvia Tavares. Ela afirma que conseguiu escapar.
- Silvia Tavares disse que, depois da denúncia, começou a receber ameaças de morte de seguidores de Padre Airton.
- O Padre Airton, que estava preso, foi internado num hospital particular de Arcoverde com uma crise de hipertensão arterial.
- Depois, foi transferido para o Hospital Português, no Recife, em estado grave. Segundo a defesa, ele sofreu um “princípio de acidente vascular cerebral” (AVC).
Defesa do padre
A defesa do padre Airton afirma que ele reitera ser “inocente” das acusações. Os advogados dizem que vão tentar conseguir um habeas corpus para o padre, e afirmam não terem tido acesso aos autos da investigação.
Eles também consideram que a prisão preventiva de Padre Airton não tem pré-requisitos legais, e que ela “contraria todas as previsões da legislação brasileira e até do direito internacional”.
“Airton Freire é um homem de 67 anos com sérias restrições de saúde. Desde que começou a ser alvo das acusações que refuta, afastou-se das funções eclesiásticas e da presidência da Fundação Terra, onde desenvolveu um trabalho social que atendeu milhares de pessoas nos últimos 40 anos. Além disso, manteve-se isolado e jamais incentivou manifestações ou atos que prejudicassem as investigações, apesar de receber o apoio voluntário de milhares de fiéis. E, por último, apresentou-se espontaneamente às autoridades quando da decretação da prisão preventiva”, afirma.
Os advogados do padre também dizem que ele não atrapalhou as investigações, não coagiu testemunhas e que não há perigo de “eventuais práticas criminosas que possam pôr em risco as supostas vítimas”.
“Os relatos levados às autoridades policiais remetem a supostos episódios de quase um ano atrás ou mais antigos, não sendo recentes para justificar uma prisão”.