Home / Destaque / Antes da Bíblia ser liberada para o Público (ler e entender seu conteúdo) a Igreja torturou e matou muita gente em nome de “Deus”! Saiba um pouco desta História negra do “Cristianismo” e como a Bíblia foi escrita, neste dia especial, “Dia da Bíblia”(10/12/2017)!

Antes da Bíblia ser liberada para o Público (ler e entender seu conteúdo) a Igreja torturou e matou muita gente em nome de “Deus”! Saiba um pouco desta História negra do “Cristianismo” e como a Bíblia foi escrita, neste dia especial, “Dia da Bíblia”(10/12/2017)!

Nos dias de Hoje  

A Idade das Trevas. Os dias da “Santa Inquisição” da Igreja

A Inquisição da igreja católica durou 588 anos, deixando um rastro de milhões de pessoas torturadas, assassinadas, queimadas, decaptadas, enforcadas e empaladas (uma lança atravessava o corpo do anus à boca).

Os motivos para tais penas iam desde condenar aqueles que praticavam religiões antigas (acusados de bruxaria e magia), a defensores de ideias proibidas como: dizer que o sol girava ao redor da Terra, que as estrelas são sóis e que o universo é infinito.

Inquisição é o ato de inquirir, isto é, indagar, investigar, interrogar judicialmente. No caso da Santa Inquisição, significa”questionar judicialmente aqueles que, de uma forma ou de outra, se opõem aos preceitos da Igreja Católica”. Dessa forma, a Santa Inquisição, também conhecida como Santo Ofício, foi um tribunal eclesiástico criado com a finalidade “oficial” de investigar e punir os crimes contra a fé católica.

Na prática, os pagãos representavam uma constante ameaça à autoridade clerical e a Inquisição era um recurso para impor à força a supremacia católica, exterminando todos que não aceitavam o cristianismo nos padrões impostos pela Igreja. Posteriormente, a Santa Inquisição passou a ser utilizada também como um meio de coação, de forma a manipular as autoridades como meio de obter vantagens políticas.

Os inquisidores, cidadãos encarregados de investigar e denunciar os hereges, eram doutores em Teologia, Direito Canônico e Civil. Inquisidores e informantes eram muito bem pagos. Todos os que testemunhassem contra uma pessoa supostamente herege, recebiam uma parte de suas propriedades e riquezas, caso a vítima fosse condenada.

Os inquisidores deveriam ter no mínimo 40 anos de idade. Sua autoridade era outorgada pelo Papa através de uma bula, que também podia incumbir o poder de nomear os inquisidores a um Cardeal representante, bem como a padres e frades franciscanos e dominicanos. As autoridades civis, sob a ameaça de excomunhão em caso de recusa, eram ordenadas a queimar os hereges.

Camponeses eram incentivados (ludibriados com a promessa de ascenderem ao reino divino ou através de recompensas financeras) a cooperarem com os inquisidores. A caça às Bruxas tornou-se muito lucrativa.

 

A execução era realizada, geralmente, em praça pública sob os olhos de todos os moradores. Punir publicamente era uma forma de coagir e intimidar a população. A vítima podia ser enforcada, decapitada, ou, na maioria das vezes, queimada.Se uma mulher fosse acusada de bruxaria, ficava na iminência de sofrer uma tortura muito especial por parte do clero sedento de sexo.

 Como você descobrirá ao ler o “Malleus Maleficarum”, o manual operacional da Inquisição, as mulheres eram especialmente visadas para perseguição como prováveis bruxas. Se uma mulher fosse meramente lançada de um lugar alto, como vemos aqui, podia chamar a si mesma de sortuda por ter uma morte relativamente rápida e com pouca dor. Como demonstraremos, um espírito demoníaco de obsessão de desvio sexual e luxúria soprou em toda a Inquisição depois da publicação do “Malleus Maleficarum”; em 5 de dezembro de 1484, o papa Inocêncio III emitiu a bula papal que estabeleceu esse documento como o padrão pelo qual a Inquisição deveria ser conduzida. O celibato clerical já estava em vigor há 361 anos, tempo bastante para tornar os sacerdotes em verdadeiros desviados sexuais.

Essa obsessão sexual rapidamente cresceu ao ponto em que uma mulher vivia com medo de que um dia, a partir do nada, pudesse ser acusada por alguém de ser uma bruxa; visto que a acusação era equivalente à culpa, aquela mulher podia esperar uma morte lenta sob tortura nas mãos de sacerdotes celibatários e com desvio sexual. Essa declaração é fato histórico, e provaremos isso, por meio do documento oficial da “Santa” Inquisição católica romana, o “Malleus Maleficarum”

Roda de despedaçamento

Uma roda onde o acusado é amarrado na parte externa. Abaixo da roda há uma bandeja metálica na qual ficavam depositadas a brasas. À medida que a  roda se movimentava em torno do próprio eixo, o acusado era queimado pelo calor produzido pelas brasas. Por vezes, as brasas eram substituídas por agulhas metálicas.

Este método foi utilizado entre 100 e 1700 em países como Inglaterra, Holanda e Alemanha.(Fonte:blogdocarlosmaia)              Mas graças a leitura da Bíblia  muita gente se libertou e deixou de acreditar nestas  verdades únicas da Igreja, que dizia que só ela tinha o poder de dizer quem era de Deus e quem era Herege ,Pagão, Bruxa ou condenados por Deus. (A melhor coisa que aconteceu foi a Bíblia ter sido liberada, mas para isso morreu muita gente torturada e queimada em Praça Pública nos dias do nascimento do Protestantismo.

AS PERSEGUIÇÕES DO CATOLICISMO CONTRA A BÍBLIA
Por David Cloud

Durante o período em que a igreja católica esteve no poder, ela fez tudo o que pode para manter a Bíblia fora das mãos do povo comum.  Era ilegal traduzir a Bíblia para a linguagem popular, ainda que a maioria das pessoas não pudesse ler a Bíblia oficial católica por ela estar em latim, um idioma conhecido apenas pelos que possuíam a mais alta instrução.

Considere algumas das leis católicas feitas contra a tradução da Bíblia. Essas leis tiveram início no 13° século e vigoraram até o 19°.

(1) No ano de 1215, o papa Inocêncio III emitiu uma lei ordenando “que devem ser presos para interrogatório e julgamento, QUEM ESTIVER ENVOLVIDO NA TRADUÇÃO DOS VOLUMES SACROS, ou que mantém reuniões secretas, ou que pregue sem a autorização dos superiores; contra quem o processo deve ser iniciado sem qualquer permissão para apelo” (J.P. Callender, Illustrations of Popery, 1838, p. 387). Inocêncio declarou “que como pela lei antiga, o animal que tocasse o monte santo era apedrejado até a morte, assim simples e iletrados homens não eram autorizados a tocar na Bíblia ou fazer qualquer ato de pregação de suas doutrinas” (Schaff, History of the Christian Church, VI, p. 723).

(2) O Concílio de Toulouse (1229) PROIBIU OS LEIGOS DE POSSUIR OU LER TRADUÇÕES DO VERNÁCULO DA BÍBLIA (Allix, Ecclesiastical History, II, p. 213). Este concílio ordenou que “os bispos deveriam nomear, em cada paróquia um sacerdote e dois ou três leigos, que deveriam se engajar sob juramento, para fazer uma busca rigorosa a todos os hereges e seus cúmplices, e para essa finalidade vistoriar cada casa, do sótão a adega, juntamente com todos os lugares subterrâneos, onde eles poderiam esconder-se” (Thomas M’Crie, History of the Reformation in Spain, 1856, p. 82).  Eles também buscavam por Bíblias ilegais.

(3) O concílio de Tarragona (1234) “ORDENOU QUE TODAS AS VERSÕES DO VERNÁCULO DEVERIAM SER TRAZIDAS AOS BISPOS PARA SEREM QUEIMADAS” (Paris Simms, Bible from the Beginning, p. 1929, 162).

(4) Em 1483, o infame inquisidor general Tomás de Torquemada, iniciou seu reinado de terror como chefe da inquisição espanhola; o rei Fernando e sua rainha “PROIBIRAM TODOS, SOB SEVERAS PENALIDADES, DE TRADUZIR A ESCRITURA SAGRADA PARA O DIALETO POPULAR, OU DE USÁ-LA QUANDO TRADUZIDA DE OUTROS IDIOMAS” (M’Crie, p. 192). Por mais de três séculos a Bíblia na linguagem comum foi um livro proibido na Espanha e milhares de cópias foram queimadas nas fogueiras, junto com aqueles que as possuíam.

(5) Na Inglaterra, também, leis foram emitidas pelas autoridades católicas contra as Bíblias vernaculares. As Constituições de Thomas Arundel, emitidas em 1408 pelo arcebispo de Canterbury, fez essa impetuosa demanda: “POR ISSO, DECRETAMOS E ORDENAMOS QUE NENHUM HOMEM, DAQUI POR DIANTE, POR SUA PRÓPRIA AUTORIDADE, TRADUZA QUALQUER TEXTO DA ESCRITURA PARA O INGLÊS, OU QUALQUER OUTRA LÍNGUA, por meio de livro, folheto, ou tratado, agora recentemente estabelecido no tempo de John Wyclife, ou depois, ou que venha a ser estabelecido, em parte do todo, ou privada e abertamente, sob pena de excomunhão maior, até a referida tradução ser permitida pela autoridade do lugar, ou, se o caso assim exigir, pelo concílio provincial” (John Eadie, The English Bible, vol. 1, 1876, p. 89). Observe a consideração de Arundel do homem que deu ao povo de fala inglesa a sua primeira Bíblia: “Este pestilento miserável John Wycliffe de memória condenável, um filho do diabo, e ele mesmo um pupilo do antiCristo, que enquanto viveu, andou na vaidade da sua mente … coroando sua maldade traduzindo as Escrituras para a língua materna” (Fountain, John Wycliffe, p. 45).

(6) Papa Leão X (1513-1521), que se opôs contra os esforços de Lutero em seguir o preceito bíblico de fé e Escrituras somente, iniciou o quinto Concílio de Latrão (1513-1517), que denunciou que nenhum livro devesse ser impresso, exceto os aprovados pela Igreja Católica. “POR ISSO, PARA SEMPRE E A PARTIR DE AGORA, A NINGUÉM DEVE SER PERMITIDO IMPRIMIR QUALQUER LIVRO OU ESCRITO, SEM UMA AVALIAÇÃO PRÉVIA, PARA SERVIR DE TESTEMUNHO POR ASSINATURA MANUAL, PELO VIGÁRIO PAPAL E MESTRE DO SAGRADO PALÁCIO EM ROMA, e em outras cidades e dioceses pela Inquisição, e o bispo ou um perito por ele nomeado. POR NEGLIGÊNCIA DESTA, A PUNIÇÃO ERA A EXCOMUNHÃO, A PERDA DA EDIÇÃO, QUE ERA PARA SER QUEIMADA, uma multa de 100 ducados para a construção da basílica de São Pedro, e a suspensão de negócios por um ano” (Henry Lea, The Inquisition of the Middle Ages).

(7) Essas restrições foram repetidas pelo Concílio de Trento em 1546, que colocaram as traduções da Bíblia, como a alemã, espanhola e inglesa, na sua lista de livros proibidos, bem como proibidos a qualquer pessoa de ler a Bíblia sem a licença de um bispo católico ou inquisidor.Segue uma citação do Concílio de Trento: “… SERÁ CONSIDERADO ILEGAL QUE ALGUÉM IMPRIMA OU TENHA IMPRIMIDO QUAISQUER LIVROS QUE LIDEM COM QUESTÕES DOUTRINÁRIAS, SEM O NOME DO AUTOR, OU NO FUTURO PARA VENDÊ-LOS, OU MESMO TÊ-LOS COMO SUA POSSE, A MENOS QUE TENHAM SIDO PREVIAMENTE EXAMINADOS E APROVADOS PELA AUTORIDADE, SOB PENA DE ANÁTEMA E MULTA prescrita pelo último Conselho de Latrão” (Fourth session, April 8, 1546, The Canons and Decrees of the Council of Trent, Translated by H.J. Schroeder, pp. 17-19).

Essas regras foram afixadas no Índice de Livros Proibidos e foram constantemente reafirmadas pelos papas nos séculos 16, 17, 18 e 19. Estas proibições, de fato, nunca foram revogadas. É verdade que o Concílio de Trento não proibiu absolutamente a leitura das Escrituras em todas as circunstâncias. Permitiu algumas exceções. Os padres tinham permissão de ler a Bíblia Latina. Bispos e inquisidores foram autorizados a conceder licença para certos fiéis católicos de ler a Bíblia em latim, desde que estas Escrituras fossem acompanhadas por notas católicas e se cressem que estes não seriam “prejudicados” por tal leitura. Na prática, porém, as proclamações do Concílio de Trento proibiram a leitura das Escrituras Sagradas para, pelo menos, 90% da população. A reivindicação de Roma de possuir autoridade para determinar quem pode e quem não pode traduzir, publicar e ler a Bíblia é uma das afirmações mais blasfemas já feitas sob este sol.

A atitude das autoridades católicas do século 16 em relação à Bíblia ficou evidente a partir de um discurso de Richard Du Mans entregue em Trento, no qual ele disse que “as Escrituras se tornaram inúteis, uma vez que o escolásticos haviam estabelecido a verdade de todas as doutrinas; e ainda que elas fossem antigamente lidas na igreja, para a instrução do povo, e ainda lidas no serviço, no entanto, não deveria ser feito um estudo, porque os luteranos vinham ganhando todos aqueles que as liam” (William M’Gavin, The Protestant, 1846, p. 144). É verdade que a Bíblia leva o homem para fora do catolicismo, mas isto é somente porque o catolicismo não é fundamentado sobre a Palavra de Deus!

Papa Clemente VIII (1592-1605) confirmou as proclamações do Concílio de Trento contra traduções da Bíblia (Eadie, History of the English Bible, II, p. 112) e foi ainda mais longe, proibindo a concessão de licenças para a leitura da Bíblia sob quaisquer condições (Richard Littledale, Plain Reasons Against Joining the Church of Rome, 1924, p. 91).

(8) As restrições contra a posse das Escrituras vernaculares foram repetidas pelos papas até o final do século 19:

Papa Bento XIV (1740-1758) confirmou as proclamações o Conselho de Trento contra traduções da Bíblia (Eadie, History of the English Bible, II, p. 112) e emitiu uma liminar “que nenhuma versão deve ser oferecida para ser lida, mas as que forem aprovadas pela Santa Sé, acompanhadas de notas provenientes dos escritos dos santos pais da Igreja, ou de outros autores e mestres católicos” (D.B. Ray, The Papal Controversy, p. 479).

Foi durante o reinado do Papa Pio VII (1800-1823) que o movimento das modernas sociedades Bíblicas começou. A British and Foreign Bible Society foi formada em março de 1804, com o objetivo de “incentivar uma maior circulação das Sagradas Escrituras, sem nota ou comentário”. Outras sociedades foram logo criadas com o mesmo exaltado propósito. Alemanha (1804), Irlanda (1806), Canadá (1807); Edimburgo (1809); Hungria (1811), Finlândia, Glasgow, Zurique, Prússia (1812), Rússia (1813); Dinamarca e na Suécia (1814); Holanda, Islândia (1815); Estados Unidos, Noruega e dos valdenses (1816), Austrália, Malta, Paris (1817), etc. Uma das sociedades começou a distribuir uma Bíblia polonesa na Polônia. O Papa, em vez de louvar ao Senhor que a Palavra eterna de Deus estava sendo colocada nas mãos das multidões de pessoas espiritualmente carentes, mostrou seu descontentamento através da emissão de uma bula contra as Sociedades Bíblicas em 29 de junho de 1816. O Papa expressou-se como estando “chocado” com a circulação das Escrituras na língua polonesa. Ele caracterizou essa prática como um “um dos mais astutos dispositivos pelo qual as próprias bases da religião são prejudicadas”, “uma peste”, que deve ser “curada e abolida”, “uma profanação da fé, eminentemente perigosa para as almas”. O Papa Pio VII também repreendeu o arcebispo de Buhusz, de Mohiley na Rússia, por causa de seu endosso de uma recém-formada Sociedade Bíblica naquele país (Kenneth Latourette, The Nineteenth Century in Europe, p. 448). A declaração papal, datada de 3 de setembro de 1816, declarou que “se as Sagradas Escrituras fossem permitidas na língua vulgar em todos os lugares, sem discriminação, mais prejuízo do que benefícios poderiam surgir” (Jacobus, Roman Catholic and Protestant Versions Compared, p. 236).

Papa Leão XII (1823-29) emitiu uma bula aos bispos da Irlanda em 3 de maio de 1824, no qual ele afirmava o Concílio de Trento e condenava a distribuição da Bíblia. “Não é segredo para vós, veneráveis ​​irmãos, que uma certa sociedade, vulgarmente chamada de Sociedade Bíblica, está audaciosamente espalhando-se por todo o mundo. Depois de desprezar as tradições dos santos pais, e em oposição ao bem conhecido decreto do Concílio de Trento, esta Sociedade tem juntado todas as suas forças, e dirige todos os meios para um objeto – a tradução, ou melhor, a perversão da Bíblia para as línguas vernaculares de todas as nações. … SE AS SAGRADAS ESCRITURAS FOREM INDISCRIMINADAMENTE PUBLICADAS POR TODA PARTE, MAIS MALES DO QUE VANTAGENS SURGIRÃO, por conta da imprudência dos homens” (Bull of Leo XII, May 3, 1824; cited from Charles Elliott, Delineation of Roman Catholicism, 1851, p. 21). Este Papa republicou o Índice de Livros Proibidos em 26 de março de 1825, e determinou que os decretos do Concílio de Trento fossem aplicados contra a distribuição das Escrituras (R.P. Blakeney, Popery in Its Social Aspect, p. 137).

Papa Gregório XVI (1831-46) ratificou os decretos de seus antecessores, proibindo a livre distribuição das Escrituras. Em sua encíclica de 8 de maio de 1844, o Papa afirmou: “ALÉM DISSO, CONFIRMO E RENOVO OS DECRETOS ACIMA RECITADOS, ENTREGUE EM TEMPOS ANTIGOS POR AUTORIDADE APOSTÓLICA, CONTRA A PUBLICAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO, LEITURA E POSSE DE LIVROS DAS SAGRADAS ESCRITURAS TRADUZIDAS PARA A LÍNGUA VULGAR” (James Wylie, The Papacy, 1867, p. 182). Esta encíclica foi proferida contra as sociedades bíblicas em geral, e mencionou em particular a Aliança Cristã, que foi formada em 1843 em Nova York com a finalidade de distribuir Escrituras.

Papa Pio IX (1846-78) em novembro de 1846 emitiu uma carta encíclica em que denunciou todos os adversários do catolicismo, entre os quais ele incluiu “as insidiosas Sociedades Bíblicas”. Ele disse que a sociedades bíblicas estavam “renovando os artifícios dos hereges antigos”, ao distribuir a “todos os tipos de homens, mesmo os menos instruídos, gratuitamente e a imensas custas, cópias em grande número dos livros da Sagrada Escritura traduzidas contra as mais sagradas regras da Igreja em várias línguas vulgares …”. Que crime horrível! Distribuir as Escrituras livremente a todas as pessoas! Foi Pio IX que declarou os papas “infalíveis” no Concílio Vaticano I em 1870.

Papa Leão XIII (1878-1903) publicou a “Constituição Apostólica” em 1897, que declarava: “Todas as versões do vernáculo, até mesmo as católicas, estão totalmente proibidas, a menos que sejam aprovadas pela Santa Sé, ou publicadas sob os cuidados vigilantes dos Bispos, com anotações tomadas dos pais da Igreja e escritores católicos” (Melancthon Jacobus, Roman Catholic and Protestant Bibles, p. 237).

Onde a Igreja Católica Romana estava no poder, a Bíblia sempre foi um artigo escasso. Considere alguns exemplos: Quando o governo de Nova Orleans foi assumido em 1803, “não foi formalizado o juramento de posse até que fosse concluída uma longa procura por uma Bíblia para isso, quando uma Vulgata Latina foi finalmente obtida de um padre” (William Canton, The Bible and the Anglo-Saxon People, I, p. 245). Em Quebec, até 1826, MUITAS PESSOAS NUNCA TINHAM OUVIDO FALAR DO NOVO TESTAMENTO (Canton, II, 61). A situação era a mesma na América do Sul, onde “por cerca de três séculos se passaram quase que inteiramente sem a Bíblia”. Foi em 1831 que a primeira Bíblia foi impressa na América espanhola, e mesmo assim as cópias eram exorbitantemente caras (Canton, II, 347). Assim, mesmo quando as autoridades católicas finalmente imprimiram algumas Bíblias, os preços estavam muito além do alcance da maioria das pessoas. Entre dezembro de 1907 e fevereiro 1908 uma diligente pesquisa foi feita para determinar quantas Bíblias estavam disponíveis na Irlanda católica. Nenhuma parte da Bíblia estava disponível nas livrarias em Athlone, Balbriggan, Drogheda, Mullingar, Wexford, e Clonmel. Um assistente de loja em Mullingar disse: “Eu nunca vi uma Bíblia católica”. Quando perguntado sobre o Novo Testamento, um vendedor da Catholic Truth Society respondeu: “Nós não a temos”. Aqueles que fizeram o extenso levantamento concluíram “QUE, EM 90% DAS CIDADES, VILAS E ALDEIAS OU NA IRLANDA, UM CATÓLICO NÃO PODERIA ENCONTRAR UMA CÓPIA DA BÍBLIA CATÓLICA OU DO NOVO TESTAMENTO” (Alexander Robertson, The Papal Conquest, 1909, pp. 166-167).

Estes fatos descobrem apenas a ponta do iceberg em relação à atitude de Roma em relação à Bíblia nos tempos antigos.

OS VALDENSES são um exemplo do que ocorreu durante este período. Eles viviam nas montanhas da Itália e da França e eventualmente se espalharam por toda a Europa; eles se recusaram a aderir à Igreja Católica ou reconhecer o papa. Eles receberam a Bíblia como a única fonte de fé e prática e tinham suas próprias traduções, que diligentemente reproduziam em cópias escritas à mão. Roma perseguiu os valdenses por toda a Idade das Trevas (Idade Média) até o século 18.

Algumas descrições breves das perseguições contra os valdenses seguem. Note que muitos livros foram escritos sobre essas perseguições e os fatos a seguir apenas sugerem a destruição e tormento derramado sobre essas pessoas.

SÉCULO 12

A Igreja Católica Romana perseguiu Pedro Valdo e se recusou a aceitar a sua tradução do Novo Testamento para a língua Romana. O Papa Alexandre III (1159-1181) expulsou Valdo e seus seguidores de sua diocese, e o próximo papa, Lúcio III, lançou a maldição papal sobre eles (William Blackburn, History of the Christian Church, 1880, pp. 309, 310).  O Concílio de Tours, em 1163 promoveu a inquisição contra os crentes da Bíblia, emitindo um decreto que declarava: “Ninguém deve receber ou ajudar hereges, nem comprar ou vender alguma coisa com eles, que fazendo assim, os privando do conforto e humanidade, possam ser obrigados a se arrepender do erro do seu caminho” (Gideon Ouseley, A Short Defence of the Old Religion, 1821, p. 221). “Muitos Albigenses, recusando os termos, foram queimados em diferentes cidades no sul da França” (G.H. Orchard, A Concise History of the Baptists, 1855, p. 199). O Terceiro Concílio de Latrão “deu permissão aos príncipes para submeter os hereges à escravidão e encurtou o tempo de penitência por dois anos para aqueles que pegassem em armas contra eles” (Philip Schaff, History of the Christian Church, V, p. 519).

SÉCULO 13

No ano de 1209, o Papa Inocêncio III convocou a uma cruzada contra os valdenses na França. Qualquer pessoa que se voluntariasse para a guerra contra os “hereges” (assim chamados por Roma porque discordavam de seus dogmas) era prometido o perdão de pecados e muitas recompensas. Dezenas de milhares pegaram em armas pelo Papa e marcharam contra os odiados valdenses. Cerca de 200.000 dissidentes foram mortos pelo exército do Papa em poucos meses. Duas grandes cidades, Beziers e Carcasone, foram destruídas, juntamente com muitas pequenas cidades e aldeias. A guerra se estendeu por 20 anos! Milhares ficaram desabrigados e foram obrigados a vagar nas matas e montanhas para escapar de seus algozes. As crueldades praticadas pelos perseguidores católicos foram horríveis. Os cristãos eram jogados de penhascos elevados, enforcados, estripados, trespassados repetidamente, afogados, rasgados por cães, queimados vivos, crucificados. Em um caso, 400 mães fugiram para um refúgio com seus bebês em uma caverna em Castelluzzo, localizada a mais de 600 metros acima do vale em que viviam. Eles foram descobertos pelos católicos furiosos, um grande incêndio foi feito na boca da caverna e eles morreram sufocados.

SÉCULO 15

Em 1487 o papa Inocêncio VIII convocou uma cruzada contra os valdenses na Itália, Alemanha, e em outros lugares. Ele prometeu o perdão dos pecados e uma parte do saque para aqueles que aderissem. Carlos VIII da França e Carlos II de Sabóia concordaram em levantar um exército para a destruição dos valdenses. Este exército regular era de cerca de 18.000 soldados e milhares de “rufiões” juntaram-se, instigados pela promessa de perdão dos pecados e da expectativa de obtenção do espólio das posses valdenses. Wylie descreve esses voluntários como “fanáticos ambiciosos, saqueadores imprudentes, assassinos impiedosos” (James Wylie, History of the Waldenses, 1860, p. 29) [N.T.: Obra traduzida e disponível na íntegra neste link​ ​]. Este exército atacou simultaneamente os vales valdenses pelo norte da Itália, nas planícies ao sul e pela França ao oeste. Milhares de cristãos crentes na Bíblia pereceram nesta cruzada. Suas casas e plantações foram destruídas. Muitas aldeias inteiras foram destruídas. Suas mulheres foram estupradas e depois brutalmente assassinadas. Seus filhos foram jogados contra as árvores e penhascos. Mais de 3000 cristãos valdenses, homens, mulheres e crianças morreram em uma caverna chamada Aigue-Froid para onde tinham fugido para se proteger. Estes eram os habitantes de toda a aldeia de Val Loyse, e as propriedades dessas pobres pessoas foi distribuída entre os participantes da cruzada. Muitos vales inteiros foram queimados, pilhados e despovoados. Esta cruzada contra os valdenses durou um ano.

SÉCULO 16

Segue-se uma breve descrição das perseguições no século 16 como dadas por um pastor valdense: “Não há uma cidade no Piemonte sob um pastor valdense que alguns de nossos irmãos não tenham sido condenados à morte … Hugo Chiamps de Finestrelle teve suas entranhas arrancadas de seu corpo ainda vivo, em Turim. Pedro Geymarali de Bobbio, da mesma maneira, teve suas entranhas arrancadas em Lucerna, e um felino feroz foi colocado no lugar para torturá-lo ainda mais; Maria Romano foi enterrada viva em Rocco-Patia; Magdalen Foulano sofreu o mesmo destino em San Giovanni; Susan Michelini teve as mãos e pés atados, e deixada a perecer de frio e fome em Saracena. Bartolomeu Fache, cortado com sabres, teve as feridas preenchidas com cal virgem, e pereceu, assim, em agonia em Fenile; Daniel Michelini teve sua língua arrancada em Bobbio, por ter louvado a Deus. James Baridari pereceu coberto de mechas sulfurosas, que foram enfiadas em sua carne sob as unhas, entre os dedos, nas narinas, nos lábios, e sobre todo o seu corpo, e então queimado. Daniel Revelli teve a boca cheia de pólvora, que, sendo acesa, explodiu a sua cabeça em pedaços. Maria Monnen, presa em Liousa, teve a carne de seu rosto cortado até o osso do queixo, de modo que sua mandíbula foi deixada nua, e ela ficou, assim, a perecer. Paul Garnier foi lentamente cortado em pedaços em Rora. Thomas Margueti foi mutilado de uma maneira indescritível em Miraboco, e Susan Jaquin cortada em pequenos pedaços em La Torre. Sara Rostagnol foi aberta das pernas ao peito, e assim deixada a perecer na estrada entre Eyral e Lucerna. Anne Charbonnier foi empalada e levada assim, em uma lança, como um estandarte, de San Giovanni a La Torre. Daniel Rambaud, em Paesano, teve suas unhas arrancadas, depois seus dedos decepados, então seus pés e mãos, braços e pernas, a cada recusa sucessiva de sua parte em abjurar o Evangelho” (Alex Muston, A History of the Waldenses: The Israel of the Alps, 1866).

Não somente os cristãos valdenses foram destruídos pelos exércitos, mas a sua literatura e Escrituras vernaculares foram destruídas por vingança durante essas perseguições. Os padres católicos que acompanharam os exércitos fizeram isso conscientemente. Assim, muitas cópias das Escrituras valdenses foram destruídas por isso temos pouca informação sobre as suas Bíblias.

No século 17, Samuel Morland visitou os valdenses no norte da Itália como representante do governante da Inglaterra, Oliver Cromwell. Morland tentou ajudar os valdenses nas amargas perseguições que ainda estavam sendo derramadas sobre eles. Exércitos inteiros haviam sido enviados para destruir as aldeias valdenses no século 17. Praticamente todos os seus documentos haviam sido destruídos. Morland recolheu todos os materiais restantes que pode encontrar e em 1658 mandou para a Inglaterra para ser depositado na biblioteca da Universidade de Cambridge. As coleções de Morland ainda estão disponíveis. Em 2 de junho de 2004, J.S. Ringrose, responsável pelos manuscritos na biblioteca da universidade de Cambridge, escreveu a Justin Savino, estudante do Emmanuel Baptist Theological Seminary, Newington, Connecticut, como segue: “Existem duas principais coleções de manuscritos valdenses, ambos depositados por Samuel Morland em 1658. MSS (manuscritos) Dd. 3. 25-38 (Morland MSS GV) são manuscritos do século XVII, principalmente transcrições de fontes históricas anteriores. MSS. Dd. 15,29-34 (Morland AF) são medievais”. O pacote F de Morland contém manuscritos do século 14 com o Novo Testamento inteiro e partes do Antigo e escritos apócrifos” no dialeto do Piemonte provençal ou ocitano”. Em uma visita a biblioteca em abril de 2005 examinei o pacote F. Ele contém seis pequenos itens, incluindo um Novo Testamento (embora não contendo todos os livros).
 
 

CONSIDERE ALGUNS EXEMPLOS DE COMO A BÍBLIA FOI PERSEGUIDA POR ROMA:
   
A BÍBLIA INGLESA FOI PERSEGUIDA

JOHN WYCLIFFE (1324-1384), o pai da Bíblia em inglês, é um exemplo de como Roma tratou a Bíblia nestes dias.

Wycliffe, vigário da Igreja de Saint Mary em Lutterworth, completou o Novo Testamento inglês em 1380 e o Velho Testamento em 1382. Ele rejeitou muitas das heresias de Roma, incluindo a doutrina de que o povo não deveria ter a Bíblia em sua própria língua. Aqui está uma das poderosas afirmações que ele fez para as autoridades católicas: “Você diz que é uma heresia falar das Sagradas Escrituras em inglês. Você me chama de herege, porque eu traduzi a Bíblia para a língua comum do povo. Você sabe quem blasfema? Não dá o Espírito Santo a Palavra de Deus em primeiro lugar na língua materna das nações a quem foi dirigida? Por que você fala contra o Espírito Santo? Você diz que a Igreja de Deus está em perigo com este livro. Como pode ser isso? Não é somente da Bíblia que aprendemos que Deus criou uma sociedade tal como Igreja sobre a terra? Não é a Bíblia que dá toda a sua autoridade à Igreja? Não é da Bíblia que aprendemos quem é o Construtor e Soberano da Igreja, quais são as leis pelas quais ela é governada, e os direitos e privilégios dos seus membros? Sem a Bíblia, que permissão tem a Igreja para mostrar tais coisas a todos esses? É você quem coloca a Igreja em perigo ao esconder o mandado Divino, a missiva real de seu Rei, a autoridade que ela exerce e a fé que ela ordena” (David Fountain, John Wycliffe, pp. 45-47).

Roma perseguiu amargamente Wycliffe e tentou, sem sucesso, prendê-lo. O papa Gregório XI emitiu cinco bulas contra Wycliffe, mas ele foi protegido pela rainha da Inglaterra e outros.

Wycliffe morreu em 31 de dezembro de 1384, e 43 anos mais tarde, em 1428, a Igreja Católica desenterrou os seus ossos e os queimou.

Roma também perseguiu os seguidores de Wycliffe, os lolardos, aprisionando-os e condenando muitos deles à morte. A torre dos lolardos em Londres foi assim chamada porque é um dos lugares onde eles foram presos e torturados. Era ilegal possuir uma cópia da Bíblia de Wycliffe, e a maioria das inestimáveis Escrituras manuscritas foram queimadas.

WILLIAM TYNDALE (1484-1536), o primeiro a traduzir a Bíblia em inglês do grego e hebraico, é outro exemplo das perseguições de Roma.

Quando jovem, Tyndale sentiu que tinha a obrigação de traduzir a Bíblia para o inglês diretamente do hebraico e grego, para que seu povo pudesse ter a Palavra de Deus das mais puras fontes. Quando ele expressou este plano para as autoridades católicas na Inglaterra, então sob domínio católico, ele soube que não seria possível fazer este trabalho em seu próprio país.

Enquanto trabalhava em Little Sodbury Manor após a sua graduação em Oxford, Tyndale pregou naquela parte do oeste da Inglaterra e debateu a verdade com padres católicos. Uma noite, um padre exclamou: “Estamos melhor sem as leis de Deus do que as do papa”. Ouvindo isso, Tyndale replicou: “Se Deus poupar minha vida por muitos anos, farei com que um menino que empurra um arado saiba mais das Escrituras do que vós”.

Tyndale viajou para o continente para alcançar este objetivo, onde ele teve que se mudar de um lugar para outro e esconder seu trabalho por causa das autoridades eclesiásticas.

Depois de completar o Novo Testamento e uma porção do Velho, Tyndale foi preso em maio de 1535. Ele ficou preso por 16 meses no castelo de Vilvorde, Bélgica.

Em 6 de outubro de 1536, Tyndale foi estrangulado e depois queimado na fogueira. Suas cinzas foram jogadas no rio que corria ao lado do castelo.

A BÍBLIA ALEMÃ FOI PERSEGUIDA

As Bíblias ALEMÃS PRÉ-LUTERO foram perseguidas no século 15. A primeira Bíblia completa impressa em alemão foi publicada por Johann Mentelin (John Mentel) em Estrasburgo em 1466 (Olaf Norlie, The Translated Bible, 1934, p. 73).

Mainz era o centro mais ativo de publicação na Alemanha naquela época, e em 1485, o arcebispo de lá EMITIU UM ÉDITO DE PRESCRIÇÃO CENSURANDO TODAS AS TRADUÇÕES DA BÍBLIA. O edital proíbia as Escrituras de serem dadas a homens simples e ignorantes bem como a mulheres. A seguir está um trecho: “Temos observado livros contendo o ofício da missa e também contendo coisas divinas e assuntos sublimes de nossa religião e traduzidas do latim para a língua alemã, não sem danos à religião (significando a religião católica), circulando entre as mãos do vulgar [pessoas comuns] … pois quem vai dar às pessoas ignorantes e iletradas e para o sexo feminino em cujas mãos os manuscritos sagrados de aprendizagem caem, a capacidade de encontrar o verdadeiro sentido? Nenhuma pessoa sã iria negar que os textos dos Santos Evangelhos e das epístolas de Paulo requerem muitos acréscimos e explicações de outros escritos”.

A BÍBLIA DE LUTERO, que apareceu pela primeira vez em 1522, também foi ferozmente perseguida.

D’Aubigne, em sua History of the Reformation, descreve como Roma respondeu a este marco na história da Alemanha: “padres ignorantes estremeceram com o pensamento de que cada cidadão, ou melhor, que cada camponês, agora seria capaz de disputar com eles sobre os preceitos de nosso Senhor. O rei da Inglaterra denunciou as ações do príncipe Frederico e George, duque da Saxônia. Mas, logo no mês de novembro, O DUQUE ORDENOU A SEUS SÚDITOS DEPOSITAR TODAS AS CÓPIAS DO NOVO TESTAMENTO DE LUTERO NAS MÃOS DOS MAGISTRADOS. BAVIERA, BRANDENBURGO, ÁUSTRIA, E TODOS OS ESTADOS DEVOTADOS A ROMA PUBLICARAM DECRETOS SEMELHANTES. EM ALGUNS LUGARES ELES FIZERAM UM TERRÍVEL SACRILÉGIO: FOGUEIRAS DESSES LIVROS SAGRADOS NAS PRAÇAS PÚBLICAS” (D’Aubigne, III, p. 77).

Perseguições foram lançadas pelas autoridades católicas sobre aqueles que lessem as obras de Lutero. Um exemplo dos que foram atormentados por distribuir o Novo Testamento alemão de Lutero foi o de  um livreiro chamado João, em Buda, na Hungria. Ele tinha circulado as Escrituras alemãs em todo o país. “Ele foi amarrado a uma estaca; seus perseguidores, em seguida, empilharam seus livros ao seu redor, colocando-os como se fosse uma torre, e depois atearam fogo neles. João manifestou inabalável coragem, exclamando do meio das chamas, que estava contente por sofrer pela causa do Senhor” (D’Aubigne, III, p. 152).

Em 1520 uma busca rigorosa por Bíblias Luteranas e livros teve início em Veneza, e aqueles encontrados foram destruídos (M’Crie, Reformation in Italy, p. 28).

AS BÍBLIAS ANABATISTAS alemãs foram perseguidas

 

A Bíblia alemã produzida por anabatistas apareceram em 1529, cinco anos antes da Bíblia completa de Lutero. Ela foi chamado a de A BÍBLIA DE WORMS, de acordo com o nome da cidade em que foi publicada. A tradução foi feita por dois anabatistas, Ludwig Hetzer e Hans Denck, “talentosos eruditos, bem versados em hebraico e grego, bem como em latim. Denck estudou e recebeu o grau de mestre na Universidade de Basel, sob e com Erasmus. Hetzer foi um aluno de Basel, e também da Universidade de Paris” (John Porter, The World’s Debt to the Baptists, 1914, p. 138). “Na época da sua publicação a aprovação da edição Denck-Hetzer foi ilimitada e universal. No prazo de três anos treze edições separadas apareceram em Estrasburgo, Augsburgo, Hagenau, e outros lugares. … Em uma palavra, em toda a Alemanha o livro dos desprezados anabatistas foi comprado, lido, e estimado”  (Ludwig Keller, Hans Denck, Ein Apostel der Wiedertaufer, p. 211; cited by Porter, p. 139). 

Esta Bíblia alemã e seus tradutores sofreram o destino que já vimos tantas vezes. “Denck, sofrendo com a tuberculose, sob o decreto de banimento e proscrição, morreu na clandestinidade, na Basiléia, em 1529, um pouco antes da Bíblia vir a ser impressa. Hetzer foi preso, condenado como herege, e decapitado no mesmo ano em Constance. … TODO O ESFORÇO POSSÍVEL FOI FEITO PARA SUPRIMIR ESTA “BÍBLIA HERETICA”;  ESCRITÓRIOS DE IMPRESSÃO, LUGARES ONDE O LIVRO ERA VENDIDO, CASAS PARTICULARES E PESSOAS FORAM REVISTADAS, E TODAS AS CÓPIAS ENCONTRADAS ERAM DESTRUÍDAS. Apenas três cópias que são acessíveis a acadêmicos vieram agora ao conhecimento da existência, uma está na biblioteca da Universidade de Bonn, uma em uma biblioteca em Stuttgart, e uma na Biblioteca Pública de Nova York”.

A BÍBLIA ESPANHOLA FOI PERSEGUIDA 

No século XV, um padre católico chamado BONIFACIO FERRER traduziu todas as Escrituras no dialeto valenciano ou catalão da Espanha. Ele morreu em 1417, mas a sua tradução foi impressa em Valência em 1478. Apesar do fato de ser produzida por um católico, “ela mal tinha feito a sua aparição quando foi suprimida pela Inquisição, que ordenou que toda a impressão deveria ser devorada pelas chamas. Tão rigorosamente essa ordem foi posta em execução, que dificilmente uma única cópia parece ter escapado” (M’Crie, History of the Progress and Suppression of the Reformation in Spain, 1829, pp. 191, 92). Em 1645 quatro folhas desta tradução foram descobertas em um mosteiro.

Em 1543 o Novo Testamento do espanhol FRANCISCO DE ENZINAS foi publicado com o título “O Novo Testamento, isto é, a Nova Aliança de nosso único Redentor e Salvador Jesus Cristo, traduzido do grego para a língua castelhana[Espanhol]”. Enzinas apresentou um cópia do seu Novo Testamento para Carlos V, imperador do Império Romano (1519-1558), durante a visita do imperador a Bruxelas, que por sua vez, a deu ao seu confessor católico, Pedro de Soto. “Depois de vários atrasos, Enzinas, tendo esperado o confessor, foi repreendido por ele como um inimigo da religião, por haver manchado a honra de seu país natal, e se recusando a reconhecer a sua falha ao traduzir esta obra, foi preso pelos oficiais de justiça e lançado na prisão” (M’Crie, History of the Reformation in Spain, pp. 194-95). O pai e tios de Francisco o visitaram na prisão, e o repreenderam para desonrar sua família. Após 15 meses confinado ele milagrosamente escapou da prisão em Bruxelas e fugiu para a Antuérpia, em seguida, para a Inglaterra, onde, em 1548, recebeu a cadeira de grego na Universidade de Cambridge. Ele voltou para o continente em 1550 e morreu de peste em EEstrasburgo em 1553. A maioria de seus Novos Testamentos foram queimados e todos os seus manuscritos foram destruídos pela Inquisição.

Outro homem que foi levantado por Deus para prover o mundo espanhol com uma Bíblia em seu idioma foi JUAN PEREZ DE PINEDA(1490-1567). Em Sevilha, Espanha, como chefe do Colégio de Doutrina, começou a estudar a Bíblia e rejeitou doutrina católica. Quando a perseguição começou contra os crentes nessa área, Perez e alguns de seus amigos conseguiram fugir da Espanha. Perez estabeleceu-se em Genebra e foi o primeiro a formar uma igreja espanhola naquela cidade (M’Crie, p. 363). Depois ele se mudou para a França. Sua tradução do Novo Testamento para o espanhol, confiando totalmente na versão de Enzinas, foi publicada em 1556 em Genebra.

Outro dos homens que fugiram dos terrores da inquisição na Espanha foi CASSIODORO DE REINA (1520-1594). Como um monge no mosteiro de San Isidro del Campo, em Sevilha, ele se uniu ao reavivamento protestante e rejeitou a doutrina católica. Preso e condenado à morte, Reina conseguiu escapar da prisão e fugir para Londres, onde pregou a uma congregação espanhola (Lupton, A History of the Geneva Bible, I, p. 40). Mais tarde, ele viajou para Genebra, e juntou-se com a igreja protestante espanhola de lá, pastoreada pelo já mencionado Juan Pérez de Pineda. Reina em 1567 completou um Novo Testamento Espanhol que “é aclamado até hoje como o maior triunfo da história literária espanhola”. Reina estabeleceu-se na Basiléia, e a Bíblia completa apareceu em 1569.

A obra de Reina foi abraçada por CIPRIANO DE VALERA (1532-1602?).

Como Enzinas e Reina, Valera havia fugido da inquisição na Espanha. Em 1565 Valera juntou-se a Universidade de Oxford e tornou-se conhecido por sua experiência linguística, “tendo domínio de pelo menos dez línguas”. Ele revisou e corrigiu a obra de Reina e publicou o Novo Testamento em Londres, em 1596, e, toda a Bíblia em 1602 em Amsterdã.

Todas estas Bíblias espanholas “foram acompanhadas com reivindicações para a prática de traduzir as escrituras em línguas vernaculares e o direito das pessoas de as lerem” (M’Crie, p. 202).

Contrastando com isso foi a atitude da Igreja Católica. Ainda em 1747, o inquisidor-geral na Espanha descontente que “alguns homens tinham a audácia extrema e execrável de pedir permissão para ler as Sagradas Escrituras na língua vulgar, não tinha medo de encontrar neles o veneno mais letal” (M’Crie, p. 202, f3).

O papa Júlio III dirigiu uma bula aos inquisidores em 1550 no qual advertiu-os das Bíblias espanholas que estavam sendo contrabandeadas para o país (M’Crie, History of the Reformation in Spain, p. 203). Os inquisidores receberam instruções “para apreender todas as cópias, e proceder com o máximo rigor contra aqueles que as portavam, sem excetuar os membros de universidades, faculdades ou mosteiros. … Ao mesmo tempo as mais rigorosas precauções foram adotadas para impedir a importação de tais livros, colocando agentes em todos os portos marítimos e em fronteiras de terra, com autoridade para vasculhar todos os pacotes e todos os viajantes que entrassem no reino” (M’Crie, p. 204).

A BÍBLIA FRANCESA FOI PERSEGUIDA

JACQUES LEFEVRE (1455-1536), um professor da Universidade de Paris, publicou um Novo Testamento em francês em 1523 e a Bíblia francesesa completa em 1528. Por seu trabalho de amor para com o povo francês, o idoso Lefevre foi odiado e perseguido pelas autoridades romanistas.

Uma das coisas que os amargurava foi o princípio de Lafevre de que todos os cristãos deveriam ler as Escrituras. Uma dessas autoridades com raiva, exclamou: “Será que ele não se atreve em recomendar a todos os fiéis ler as Escrituras? Será que ele não diz que quem não ama a Palavra de Cristo não é um cristão? E que a Palavra de Deus é suficiente para conduzir à vida eterna?” (D’Aubigne, III, p. 385).

A Sorbonne, a faculdade teológica da Universidade de Paris, condenou Lefevre como herege e ele foi forçado a fugir para Estrasburgo em 1525. Em 1531, Lefevre se refugiou no sul da França e lá permaneceu até sua morte … ” (Durant, The Story of Civilization, VI, p. 502).

A Sorbonne declarou guerra à impressão e aos impressores. Em 1534, vinte homens e uma mulher foram queimados vivos. Um deles era um impressor cujo único crime foi a impressão alguns dos escritos de Lutero, enquanto que outro foi um livreiro que tinha vendido os mesmos.

Um édito foi emitido em 1546 pelas autoridades católicas contra Lefevre e sua obra, em que a seguinte declaração é encontrada: “Não é nem conveniente nem útil para o público cristão que qualquer tradução da Bíblia deva ser autorizada a ser impressa, mas que elas sejam suprimidas como prejudiciais”. Também foi ordenado que qualquer pessoa que possuísse uma cópia deveria entregá-la no prazo de oito dias (John Beardslee, The Bible among the Nations, 1899, pp. 211, 12).

Muitos crentes franceses foram queimados por distribuir a Bíblia. O Martirológio integral de Foxe é um conjunto enorme de livros. Eu possuo um exemplar da oitava edição, que foi impressa em 1641. É um fólio de 3 volumes, 3227 páginas, três volumes juntos de quase um metro de largura, e cada página com 22,86cm x 34,29 cm. Cerca de 150 destas grandes páginas são dedicadas a uma enumeração de alguns dos mártires franceses. Seguem-se alguns exemplos:

Em 1525, um pregador do Evangelho chamado Schuch foi queimado na cidade de Nancy, na França. Quando ele foi preso e julgado, ele tinha sua Bíblia em mãos, e mantendo a mesma diante de seus acusadores, pregou a eles sobre as Escrituras e “humildemente confessou ainda forçosamente a Cristo crucificado”. Suas palavras foram tão incisivas que seus algozes “tomados de raiva, lançaram-se sobre ele com gritos violentos, ARRANCANDO A BÍBLIA EM QUE ELE ESTAVA LENDO ESTE TEXTO AMEAÇADOR, e como cães raivosos, incapazes de morder sua doutrina, eles a queimaram em seu convento”. O homem foi imediatamente condenado a ser queimado vivo, e a sentença foi rapidamente executada. “No dia 19 de agosto de 1525 toda a cidade de Nancy estava em movimento. Os sinos dobravam para a morte de um herege. O cortejo fúnebre partiu. Quando o mártir chegou ao local da execução, SEUS LIVROS FORAM QUEIMADOS DIANTE DELE; ele foi então convidado a retratar-se, mas se recusou, dizendo: “És tu, ó Deus, que me chamaste, e tu me darás força até o fim”. Tendo montado a pilha, ele continuou a recitar um Salmo, até a fumaça e as chamas sufocarem a sua voz” (D’Aubigne, History of the Reformation, III, pp. 468, 69).

Em 1546 Peter Chapot foi queimado até a morte por trazer Bíblias em francês para a  França e vendê-las. Por causa de seu corajoso testemunho no local da execução, um decreto determinou que “todos os que fossem queimados, que não se retratassem no fogo, deveriam ter suas línguas cortadas. Essa lei foi diligentemente observada” (Foxe, unabridged, 1641, II, p. 133).

Stephen Polliot também foi preso em 1546 com uma bolsa de Escrituras e livros evangélicos que estava distribuindo. Sua língua foi cortada e ele foi queimado, “com sua mochila de livros pendurada ao seu pescoço” (Foxe, unabridged, II, p. 134).

Nicholas Nayle, um sapateiro, foi preso em Paris e queimado em 1553 por levar pacotes de livros para distribuir entre os crentes.
Em 1554, Dionísio Vayre, que tinha contrabandeado muitos livros para a França, foi preso na Normandia e condenado a ser “queimado vivo, onde três vezes se levantou, caindo novamente no fogo” (Foxe, unabridged, II, p. 145).

O livreiro valdense Bartolomeu Heitor foi preso em 1556. Quando o juiz da inquisição disse: “Você foi pego por vender livros que contêm heresia; o que tem a dizer sobre isso?” Heitor respondeu: “Se a Bíblia é uma heresia para você, é a verdade para mim”. Depois de definhar na prisão por vários meses, Heitor foi queimado na estaca.


A BÍBLIA HOLANDESA FOI PERSEGUIDA

Em 1270 JACOB VAN MAERLANDT completou os quatro Evangelhos em holandês. “Este esforço despertou a ira do bispo da Igreja Católica de Utrecht, que pensou que era desrespeitoso para com as Escrituras, assim, trazê-las ao alcance das pessoas comuns, e Van Maerlandt quase perdeu a vida como recompensa por seu trabalho”. (John Beardslee, The Bible among the Nations, p. 175).

Em 1526 a primeira Bíblia completa em holandês foi publicada por JACOB VAN LIESVELDT na Antuérpia, e 20 anos depois Liesveldt foi decapitado também na Antuérpia “por seu trabalho de impressão” (Lupton, A History of the Geneva Bible, I, p. 35).

A BÍBLIA ITALIANA FOI PERSEGUIDA

ANTONIO BRUCIOLI publicou um Novo Testamento italiano em Veneza em 1530 e uma Bíblia inteira, dois anos depois. Brucioli também produziu um comentário sobre a Bíblia inteira, que foi publicado em sete volumes. “Suas traduções da Bíblia foram colocados na primeira classe de livros proibidos, e todas as suas obras, sobre quaisquer assuntos “publicados ou a serem publicados”, juntamente com todos os livros que saíam da sua imprensa, mesmo após sua morte, eram estritamente proibidos. … medidas violentas foram posteriormente empregadas para a sua supressão” (M’Crie, Reformation in Italy, 1856, pp. 56, 57).

Traduzido por Edimilson de Deus Teixeira
Fonte:  Way of Life Literature Fonte: http://www.discernimentobiblico.net

Hoje você pode ler sem proibições, em alguns países como o nosso Brasil. Porém, ainda existe gente sendo queimada em terras dos extremistas Islâmicos.

 

 

Sobre o Dia da Bíblia, “o livro feito em mutirão”

Dia 10 de dezembro comemoramos o Dia da Bíblia. Mas qual a origem dessa celebração?

Leia abaixo o texto “Bíblia, livro feito em mutirão”, escrito pelo biblista Carlos Mesters (extraído do site da Igreja Metodista em Vila Isabel, RJ)

Dia da Bíblia 

Esta data surgiu em 1549, na Grã-Bretanha, quando o Bispo Cranmer, incluiu no livro de orações do Rei Eduardo VI um dia especial para que a população intercedesse em favor da leitura do Livro Sagrado. A data escolhida foi o segundo domingo do Advento – celebrado nos quatro domingos que antecedem o Natal. Foi assim que o segundo domingo de dezembro tornou-se o Dia da Bíblia.

No Brasil, o Dia da Bíblia passou a ser celebrado em 1850, com a chegada, da Europa e dos Estados Unidos, dos primeiros missionários evangélicos que aqui vieram semear a Palavra de Deus.Durante o período do Império, a liberdade religiosa aos cultos protestantes era muito restrita, o que impedia que se manifestassem publicamente. Por volta de 1880, esta situação foi se modificando e o movimento evangélico, juntamente com o Dia da Bíblia, se popularizou.

Pouco a pouco, as diversas denominações evangélicas institucionalizaram a tradição do Dia da Bíblia, que ganhou ainda mais força com a fundação da Sociedade Bíblica do Brasil, em junho de 1948. Em dezembro deste mesmo ano, houve uma das primeiras manifestações públicas do Dia da Bíblia, em São Paulo, no Monumento do Ipiranga.

Hoje, o dia dedicado às Escrituras Sagradas é comemorado em cerca de 60 países, sendo que em alguns, a data é celebrada no segundo Domingo de setembro, numa referência ao trabalho do tradutor Jerônimo, na Vulgata, conhecida tradução da Bíblia para o latim. As comemorações do segundo domingo de dezembro mobilizam, todos os anos, milhões de cristãos em todo o País

Há mais de 150 anos, o Dia da Bíblia, é celebrado com o objetivo de difundir e estimular a leitura da Palavra de Deus. A fundação da Sociedade Bíblica do Brasil, em 1948, contribuiu para que esta data fosse se popularizando cada vez mais. E, graças a esse trabalho, o Dia da Bíblia, passou a ser comemorado não só no segundo domingo de dezembro, mas também ao longo de toda a semana que antecede esta data. A Semana da Bíblia é dedicada a eventos variados que vão desde cultos até maratonas de leitura bíblica que mobilizam milhares de pessoas. Conheça, a seguir, como a Semana da Bíblia é comemorada com cultos, carreatas concentrações, maratona, monumentos, distribuição de folhetos, etc.


BÍBLIA – UM LIVRO FEITO EM MUTIRÃO SOB A SALVADORA MÃO DE DEUS

(Texto de Carlos Mesters, adaptado por Roséte de Andrade)

1 – QUEM ESCREVEU A BÍBLIA?
Não foi uma única pessoa que escreveu a Bíblia. Muita gente deu a sua contribuição: homens e mulheres; jovens e velhos; pais e mães de família; agricultores, pescadores e operários de várias profissões; gente instruída que sabia ler e escrever e gente simples que só sabia contar histórias: gente viajada e gente que nunca saiu de casa; sacerdotes e profetas, reis e pastores, apóstolos e evangelistas.

Era gente de todas as classes, mas todos convertidos e unidos na mesma preocupação de construir um povo irmão, onde reinassem a fé e a justiça, o amor e a fraternidade, a verdade e a fidelidade, e onde não houvesse opressor nem oprimido.

Todos deram a sua colaboração, cada um do seu jeito. Todos foram professores e alunos uns dos outros. Mas aqui e acolá, a gente ainda percebe que nem sempre foi fácil. Alguns às vezes, puxavam a brasa um pouquinho para o seu lado.


2 – QUANDO FOI ESCRITA A BÍBLIA?

A Bíblia não foi escrita de uma só vez. Levou tempo, muito tempo, mais de mil anos. Começou em torno do ano 1250 antes de Cristo, e o ponto final só foi colocado cem anos depois do nascimento de Jesus.

Aliás, é muito difícil saber exatamente quando foi que começaram a escrever a Bíblia. Pois, antes de ser escrita, a Bíblia foi narrada e contada nas rodas de conversa e nas celebrações do povo. E antes de ser narrada e contada, ela foi vivida por muitas gerações num esforço teimoso de colocar Deus na vida e de organizar a vida de acordo com a justiça.

No começo, o povo não fazia muita distinção entre contar e escrever. O importante era expressar e transmitir aos outros a nova consciência do povo, nascida neles a partir do contato com Deus. Faziam isto lembrando aos filhos a história do passado e contando-lhes os fatos mais importantes da sua caminhada.

Como nós hoje decoramos as letras dos cânticos, assim eles decoravam e transmitiam as histórias, as leis, as profecias, os salmos, os provérbios e tantas outras coisas, que, depois foram escritas na Bíblia.

A Bíblia saiu da memória do povo. Nasceu da preocupação de não esquecer o passado.

3 – ONDE FOI ESCRITA A BÍBLIA?
A Bíblia não foi escrita no mesmo lugar, mas em muitos lugares e países diferentes. A maior parte do Antigo e Novo Testamento foi escrita na Palestina, a terra onde o povo vivia, por onde Jesus andou e onde nasceu a Igreja.

Algumas partes do Antigo Testamento foram escritas na Babilônia, onde o povo viveu no cativeiro, no século sexto antes de Cristo. Outras partes do Antigo Testamento foram escritas no Egito, para onde muita gente tinha imigrado depois do cativeiro.

O Novo Testamento tem partes que foram escritas na Síria, na Ásia Menor, Na Grécia, e na Itália, onde havia muitas comunidades, fundadas ou visitadas pelo Apóstolo Paulo.

Ora, os costumes, a cultura, a religião a situação econômica, social e política de todos estes povos deixaram marcas na Bíblia e tiveram sua influência na maneira de a Bíblia apresentar a mensagem de Deus aos homens.


4 – EM QUE LÍNGUA FOI ESCRITA A BÍBLIA?

A Bíblia não foi escrita numa única língua, mas sim em três línguas diferentes. A maior parte do Antigo Testamento foi escrita em hebraico. Era a língua que se falava na Palestina antes do cativeiro.

Depois do cativeiro, o povo da Palestina começou a falar aramaico. Mas a Bíblia continuava a ser escrita, copiada e lida em hebraico. E assim aconteceu que muita gente já não entendia mais a Escritura Sagrada. Por isso, para que o povo pudesse ter acesso a Bíblia, foram criadas escolinhas em todas as comunidades e povoados. Jesus, quando menino, deve ter freqüentado a escolinha de Nazaré, para aprender o hebraico e assim poder entender a Bíblia.

Só uma parte bem pequena do Antigo Testamento foi escrita em aramaico. Apenas um único livro do Antigo Testamento da Bíblia grega ( que tem 7 livros a mais que a Bíblia hebraica que nós protestantes usamos!), o livro da Sabedoria, foi escrito em grego. O grego era a nova língua do comércio que invadiu o mundo daquele tempo, depois das conquistas de Alexandre Magno, no século quarto antes de Cristo.

Assim, no tempo de Jesus, o povo da Palestina falava o aramaico em casa, usava o hebraico na leitura da Bíblia e o grego no comércio e na política. Neste mesmo tempo de Jesus, ainda não existia os escritos do Novo Testamento. Só existia o Antigo. O Novo Testamento estava sendo vivido e preparado lá em Nazaré.

Aconteceu ainda o seguinte: os judeus que, depois do cativeiro, tinham emigrado da Palestina para o Egito, com a passar dos séculos foram esquecendo a língua materna. Já não entendiam mais o hebraico nem o
aramaico. Só entendiam o grego, a língua da Grécia, que era falado até no Egito. Por isso no século terceiro antes de Cristo, um grupo de pessoas resolveu traduzir o Antigo testamento do hebraico para o grego. Foi a primeira tradução da Bíblia. Esta tradução para a língua grega é chamada “Septuaginta” ou “Dos Setenta” (tradução dos XVV).

Quando mais tarde, depois da morte e ressurreição de Jesus, os apóstolos saíram da Palestina para pregar o Evangelho aos outro povos que falavam o grego, eles adotaram esta tradução grega dos Setenta e a espalharam pelo mundo.

Na época em que foi feita a tradução grega dos Setenta, a lista (cânon) dos livros sagrados ainda não estava concluída. E assim aconteceu que a lista dos livros desta tradução grega ficou mais comprida do que a lista dos livros da Bíblia hebraica.

Ora, a diferença entre a Bíblia usada nas Igrejas Protestantes e a Bíblia usada nas comunidades católicas vem desta diferença entre a Bíblia hebraica da Palestina e a Bíblia grega do Egito. Os protestantes, a partir da Reforma Protestante do Martinho Lutero em 1517, preferiram a lista mais curta e mais antiga da Bíblia hebraica, e os católicos, permaneceram utilizando a tradição e prática dos Apóstolos: ficaram com a lista mais comprida da tradução grega dos Setenta.

Há sete livros a menos na edição da Bíblia usada pelos protestantes: Tobias, Judite, Baruc, Eclesiástico, Sabedoria, 1 Macabeus e 2 Macabeus (e também algumas partes do livro de Daniel e algumas partes do livro de Ester). Estes sete livros são chamados “deuterocanônicos”, isto é, são da segunda (deutoro) lista (cânon), ou seja, são da coleção (cânon) de Alexandria e não da coleção de Jerusalém.

Reconhecemos que os livros deuterocanônicos não contradizem a Mensagem Divina e servem de instrução e também para o cultivo espiritual. Chamar estes livros de apócrifos é um erro, primeiro porque foram reconhecidos como autênticos e inspirados, tanto pelos apóstolos como pela Igreja de Jesus que, sem exceção, durante muitos séculos os leu e encontrou neles o consolo da mensagem divina. E também porque a palavra apócrifo significa “escritos sem autenticidade ou cuja autenticidade não se provou”. Ou seja, apócrifos são na verdade os livros que a Igreja (particularmente os Apóstolos!) rejeitou, por não ver neles a real inspiração de Deus.

Exemplo de livros apócrifos são, o Evangelho de Tomé, que falava dos milagres de Jesus (dizendo, inclusive, que Jesus voava); o Evangelho de Maria, que colocava Maria com poderes divinos, etc…

Apesar dessa diferença de 7 livros, as duas edições revelam claramente a Mensagem de Deus: seu chamado, sua vontade, seu amor, sua missão, sua bênção.

5 – O ASSUNTO DA BÍBLIA:
O assunto da Bíblia não é só doutrina sobre Deus. Lá dentro tem de tudo: doutrina, histórias, provérbios, profecias, cânticos, salmos, lamentações, cartas, sermões, meditações, orações, filosofia, romances, cantos de amor, biografias, genealogias, poesias, parábolas, comparações, tratados, contratos, leis para organizar o povo, leis para o bom funcionamento do culto, coisas alegres e coisas tristes, fatos concretos e narrações simbólicas, coisas do passado, coisas do presente, coisas do futuro. Enfim, na Bíblia tem coisas que dá para rir e para chorar.

Tem trechos da Bíblia que querem comunicar alegria, esperança, coragem e amor. Outros trechos querem denunciar erros, pecados, opressão e injustiças. Tem páginas lá dentro que foram escritas pelo gosto de contar uma bela história para descansar a mente do leitor e provocar nele um sorriso de esperança.

A Bíblia parece um álbum de fotografias. Muitas famílias possuem um álbum assim. Ou, ao menos uma caixa onde guardam suas fotografias, todas misturadas, sem ordem. De vez em quando, os filhos despejam tudo na mesa para olhar e comentar as fotografias. Os pais tem que contar a história de cada uma delas. A Bíblia é um álbum de fotografias da família de Deus! Nas suas reuniões e celebrações, o povo olhava as suas “fotografias”, e os pais contavam as histórias. Este era o jeito de integrar os filhos no povo de Deus e de transmitir-lhes a consciência de sua missão e da sua responsabilidade.

A Bíblia não fala só do Deus que vai em busca do seu povo, mas também do povo que vai em busca do seu Deus e que procura realizar-se de acordo com a vontade divina. A Bíblia conta as virtudes e os pecados do povo de Deus, os acertos e os enganos, os pontos altos e os pontos baixos. Nada esconde, tudo revela. Conta os fatos do jeito que foram lembrados pelo povo. Histórias de gente pecadora que procura ser santa. História de gente opressora que procura converter-se e ser irmão. História de gente oprimida que procura libertar-se.

A Bíblia é tão variada como é variada a vida do povo. A palavra Bíblia vem do grego e quer dizer livros. A Sagrada Escritura usada por nós evangélicos tem 66 livros. É quase uma biblioteca. Poucas bibliotecas em nossas igrejas têm a variedade dos 66 livros da Bíblia.

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