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BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS EM PERNAMBUCO

Com o apoio da UFRPE, da UFAPE, da UFPE/CAA, do CES/Universidade de Coimbra e do MST, o grupo de pesquisa “Curupiras Colonialidades e Outras Epistemologias” e o “Observatório dos Movimentos Sociais na América Latina” organizaram uma série de atividades acadêmicas, de caráter extensionista, entre os dias 9 e 14 de Dezembro de 2019 em Pernambuco, que tiveram o professor doutor Boaventura de Sousa Santos enquanto uma figura de articulação política e referência teórica central.

Nos dias 9 e 10 de Dezembro, Boaventura participou de uma atividade no Centro de Formação Paulo Freire, denominada Universidade Popular dos Movimentos Sociais, que reuniu alguns intelectuais, ONGs e representantes de movimentos sociais, cuja finalidade foi discutir e pensar ações conjuntas na área da educação. Essas entidades escreveram um documento, a Carta de Normandia, reafirmando uma série de compromissos, entre eles: a defesa irrestrita ao Centro de Formação Paulo Freire e a necessidade de pensarmos, em conjunto com os movimentos sociais, uma escola de formação.
Nos dias 11 e 12 de Dezembro, foi realizado na UFPE/CAA, na cidade de Caruaru, o Seminário Internacional “Superar violências, construir alternativas, escrever um novo mundo”, no qual o professor Boaventura de Sousa Santos fez a conferência de abertura “Reinventar a democracia a partir dos conhecimentos nascidos nas lutas sociais”, trazendo uma série de questões a respeito da atual conjuntura política e sua relação com a necessidade de reinventar a democracia e o socialismo. O seminário se caracterizou, entre outras coisas, como um espaço e momento de articulação e formação da Rede CES-Brasil, uma organização que envolve pesquisadores que possuem algum tipo de conexão com o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e que passarão a se integrar a uma rede mais ampla de pesquisa que envolve, fundamentalmente, a conexão com o pensamento crítico do Sul Global e a construção de uma perspectiva teórico-epistemológica em diálogo com os movimentos sociais.
Palestra de Abertura do Seminário Superar Violências, Construir Alternativas e Escrever um Novo Mundo

No dia 13 de Dezembro, pela manhã, Boaventura de Sousa Santos fez uma aula pública no Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA) da UFPE, em Recife. O tema dessa aula foram “As epistemologias do Sul e a Defesa da Universidade Pública”, denotando os desafios da Universidade Pública no Século XXI e os diversos tipos de ataques que as instituições públicas de ensino vem sofrendo pelo capitalismo e pela direita ultraconservadora. No turno da tarde, o professor recebeu da UFRPE e da UFPE o título de Doutor Honoris Causa, na Faculdade de Direito do Recife. Na Cerimônia, Boaventura discorreu um longo discurso sobre a grave crise pela qual passa o sistema judiciário brasileiro, alertando para os riscos à democracia e para uma clara relação entre a Operação Lava Jato e os interesses do imperialismo estadunidense.

Por fim, no dia 14 de Dezembro, no Armazém do Campo, também em Recife, o professor Boaventura participou da atividade de lançamento de seu último livro: “Esquerdas do Mundo, Uni-vos!”. Essa atividade incluiu um debate com a Mandata JUNTAS CODEPUTADAS (PSOL), o Senador Humberto Costa (PT) e Gleisa Campigotto (MST), que girou em torno das formas e dos sentidos de unidade de esquerda que podiam ser construídos em busca da superação dos retrocessos impostos pelo neoliberalismo e pelo governo ultraconservador de Jair Bolsonaro. Posteriormente ao debate, o professor Santos se reuniu com os grupos “AJD – Associação de Juízes pela Democracia”, a “ABJD – Associação Brasileira de Juristas pela Democracia” e coletivo “Transforma Ministério Público”, no próprio Armazém do Campo, para um debate interno aos grupos.

Ao longo desses dias fizemos, enquanto grupo Curupiras, uma série de registros de áudio, vídeo e fotográficos e iremos, nos próximos meses, pensar a melhor forma de divulgar esse material ao público em geral. Por motivos diversos, consideramos histórica a passagem do professor Boaventura em Pernambuco! 

Grupo de Pesquisa Curupiras Colonialidades e Outras Epistemologias

Recife, 16 de Dezembro de 2019

www.curupiras.com

Por indicação do Professor de Hístória Mauro Valença.

Carta de Normandia

Estivemos no Agreste pernambucano, entre os dias 9 e 10 de dezembro de 2019, reunidos no assentamento Normandia, onde funciona o Centro de Formação Paulo Freire (CFPF), numa atividade denominada Universidade Popular dos Movimentos Sociais. Participaram da atividade:

Advogados pela Democracia; ASA – Articulação do Semiárido; Articulação do Sertão Anti-Nuclear; Caranguejo Uçá; CES – Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra; CEPA – Centro de Educação Popular Assunção ; CIMI – Conselho Indigenista Missionário; CONAQ – Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas; Coletivo Aimirim – UFPE; CRDH Semiárido – Centro de Referência em Direitos Humanos da Universidade Federal Rural do Semiárido; Comunidade Quilombola de Castainho; CPT – Comissão Pastoral da Terra; Curupiras: Colonialidades e Outras Epistemologias; FME – Fórum Municipal de Educação de Caruaru; FETAPE – Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Pernambuco; FMPE – Fórum de Mulheres de Pernambuco; Lutas e cores; GRITT – UFPE; MMM – Marcha Mundial das Mulheres; MMTR – Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais; MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra; NEABI – Núcleo de Estudos e Pesquisas Afrobrasileiros e Índígenas (Projeto Baobá-Ymyrapytã) da Universidade Federal da Paraíba – UFPB ; Observatório dos Movimentos Sociais da América Latina – CAA/UFPE; Rede Nacional de Parteiras Tradicionais do Brasil; RENAP – Rede Nacional de Advogadas e advogados populares; SERTA – Serviço de Tecnologias Alternativas; UFRPE – Universidade Federal Rural de Pernambuco; Povo Xukuru Do Ororubá;

Somos educadoras e educadores populares, ativistas, coletivos, grupos étnico-raciais, organizações não-governamentais, movimentos sindicais rural e urbano e movimentos sociais, que atuam no campo e na cidade. Estamos reunidas e reunidos diante de uma urgência de luta contra a aceleração de retrocessos e ataques a direitos, frente a um crescente processo global de avanço do conservadorismo. No Brasil, o governo Bolsonaro dá força a esta crescente onda de opressões patriarcais, coloniais e capitalistas.

Nestes dois dias destacamos:

1) O nosso apoio irrestrito ao Centro de Formação Paulo Freire, que é um dos maiores centros de referência em educação popular, educação do campo, agroecologia e formação política do país, contra os ataques que vem recebendo por parte da Justiça e do INCRA desde agosto de 2019, a partir de uma ordem de despejo, emitida pelo Juiz da 24ª Vara Federal de Caruaru, que está temporariamente suspensa por ordem do TRF da 5ª Região.

2) A necessidade de nossa unidade na luta contra o capitalismo, fascismo, patriarcalismo, imperialismo, LGBTIfobia, racismo, e a favor da causa indígena, quilombola e de povos e comunidades tradicionais, camponesa, da luta urbana e das trabalhadoras e trabalhadores do campo e da cidade, com o grande desafio de superar a fragmentação das lutas. Entendemos, assim, que alguns princípios nos conectam: busca por justiça social, democracia, emancipação, bem viver, indignação, necessidade de mudança, e um forte sentimento de ameaça que nos mostra a urgência de resistir em defesa da vida.

3) A necessidade de construirmos experiências de formação conjuntas, que agreguem ao mesmo tempo o formato participativo e autônomo da educação popular, a formação política, e a construção de diálogos de saberes comprometidos com lutas sociais contra o capitalismo, o colonialismo, o racismo e o patriarcado;

4) A importância de realizarmos a UPMS enquanto espaço político e coletivo de formação, construído a partir das trocas entre coletivos organizados, com o duplo objetivo de aumentar o conhecimento recíproco entre os movimentos e organizações, e tornar possíveis ações coletivas conjuntas;

5) A necessidade de aprofundar o compromisso da Universidade Pública com as lutas populares e suas organizações

6) A importância de, enquanto UPMS, ampliarmos o debate para grupos sociais oprimidos com quem não temos conseguido dialogar;

Para dar seguimento aos trabalhos, nos comprometemos a: Construir uma Escola de Formação da Universidade Popular Movimentos Sociais que se localizará no Centro de Formação Paulo Freire, no SERTA, e demais espaços formativos, realizando atividades político pedagógicas que serão construídas de forma horizontal, respeitando os princípios e pautas dos movimentos e instituições envolvidas.

Convidamos outros coletivos que se identifiquem com as propostas aqui apresentadas para se somar nessa construção.

10 de dezembro de 2019

Assentamento Normandia, Caruaru, Pernambuco, Brasil

https://alicenews.ces.uc.pt/index.php?lang=1&id=27584

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