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COMEÇA O GOVERNO TEMER: DIAS MELHORES VIRÃO? (Por: Vandeck Santiago)

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Vandeck Santiago compartilhou a foto de Diario de Pernambuco. 19 min · Por que não sou otimista com o governo Temer.

Meu artigo de hoje na edição impressa do Diario de Pernambuco. Foto de Diario de Pernambuco. Diario de Pernambuco 1 h · #EmFoco  por Vandeck Santiago

Duas consequências do afastamento da presidente Dilma Rousseff: primeira, a ira e a indignação que vimos com frequência nos últimos meses, expressadas sobretudo em protestos de rua e bater de panelas, vão mudar de lado. Agora estarão entre os partidários do governo afastado; segunda, sem a legitimidade de ter chegado à Presidência por meio de eleições, Michel Temer vai ter de operar no curto prazo, e seu governo precisará mostrar resultados positivos logo. As duas consequências devem ocupar papel de destaque no cenário dos dias que virão. O trauma causado pelo impeachment é que provocará a mudança de lado da ira e da indignação. Da mesma forma que aconteceu com Dilma, aonde quer que Michel Temer vá certamente haverá manifestantes contra ele, brandindo bandeiras e entoando o coro de “golpista”. Em coluna publicada quando da votação do processo na Câmara, em 17 de abril passado, escrevi que o sentimento que predominou após o impeachment de Fernando Collor foi o da concórdia entre as pessoas, mas que o vai predominar agora será o da discórdia. A um governo iniciante costuma-se dar 100 dias de trégua, mas esta prática histórica não deve contemplar o de Temer. O processo pelo qual ele chegou ao cargo e a polarização política que estamos vivendo não deixa espaço para isso. E nos últimos 17 meses “trégua” tornou-se uma palavra sem sentido; em janeiro de 2015, mês em que tomou posse para o seu segundo mandato, Dilma já enfrentava protestos. Temer assumirá com maioria folgada no Congresso e apoio do empresariado, mas sem forte aprovação popular e com a legitimidade contestada pelos que agora lhe serão oposição. O eleitor não votou em “Temer presidente” nem foi às ruas para que ele chegasse lá. O voto que se deu na chapa dele foi para “Dilma presidente”, e os protestos eram não a favor dele, mas contra o governo petista. Não à toa já ontem o presidente nacional do PSDB e candidato derrotado nas eleições presidenciais, senador Aécio Neves, dizia que ele deve buscar legitimidade junto à população. Para isso seu governo precisa estancar a crise e inspirar esperanças de que a situação vai melhorar. Em um primeiro momento ele contará com a maioria folgada no Congresso e é possível que consiga aprovar algumas medidas que Dilma não conseguiria. Mas isso é em um “primeiro momento”; dado o alto grau de imprevisibilidade que tem norteado a nossa política, os desdobramentos das medidas que ele tomará são uma incógnita. A partir de hoje Dilma será afastada por um período de até 180 dias, ao fim dos quais o Senado fará a votação final, pela aprovação ou rejeição do impeachment. Nesse período teremos então dois presidentes: Dilma, afastada, e Temer, interino. A operação Lava-Jato pode até perder o ímpeto que até aqui tem demonstrado, mas suas implicações não desaparecerão no ar – podemos ter novas prisões, novas denúncias nas delações e novos personagens tornados réus. As investigações sobre a lista da Odebrecht, que tem mais de 200 políticos (muitos deles entre os que agora estão apoiando o governo Temer), ainda não tiveram seu desfecho. Lá na frente, embora não muito distante, ainda temos a ação do PSDB no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que pede a impugnação da chapa Dilma e Temer por fraude e abuso de poder político e econômico na eleição de 2014. Diz que a chapa Dilma-Temer recebeu “financiamento de campanha mediante doações oficiais de empreiteiras contratadas pela Petrobras como parte da distribuição de propinas” e que a eleição teria sido “ilegítima”. Por 5 votos a 2, em seis de outubro do ano passado, o TSE decidiu dar prosseguimento à ação. O julgamento final deve ocorrer este ano – ou seja, está dentro do terreno das possibilidades um eventual afastamento de Temer pelo TSE, o que levaria a novas eleições. (Curioso que agora o PSDB fará parte do governo de um político que o próprio partido, em ação judicial de oito meses atrás, considerou ter sido eleito de forma ilegítima. E, pior, uma ação do PSDB pode levar à deposição de um governante do qual o partido hoje é aliado. Como já disse alguém, no Brasil até o passado é imprevisível…) Vejam vocês que o cenário para o futuro próximo está marcado pelas incertezas. Quando um governo novo se inicia, também é costume que ele seja avaliado sob a perspectiva do otimismo. Esta é mais uma tradição que o momento atual não permite manter. Foto: Nelson Almeida/AFP.

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