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Estiagem mais severa dos últimos 100 anos seca o Rio São Francisco

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04/11/2014

Nascente na Serra da Canastra (MG) secou em setembro.
A estiagem já atingiu a maioria dos quase 200 afluentes.

O Rio São Francisco, considerado um dos mais importantes do país, está secando por causa da estiagem mais severa dos últimos cem anos. Os repórteres José Raimundo e Gabriel Senna percorreram o rio da nascente a foz. As imagens são desoladoras.

A nascente na Serra da Canastra, em Minas Gerais, secou em setembro – um fato inédito. Na época, a informação era que o volume do rio não seria afetado porque ele recebe água dos seus afluentes.

Só que a estiagem se prolongou e já atingiu a maioria dos quase 200 afluentes. Um deles, o Córrego do Arrozal, secou completamente, entre os municípios de Januária e São Francisco. Agora, parece uma estrada, sem nenhum sinal de vida.

A quantidade de chuva na região do São Francisco está abaixo da média histórica há três anos. Segundo a companhia de abastecimento de Minas Gerais, a seca deste ano é a pior dos últimos cem anos.

“Essa grande estiagem ela é uma questão climática, mas também nós achamos que é importante o momento de fazermos o pacto das águas, que é uma forma de integrar ações governamentais no sentido da revitalização do rio”, explica o coordenador do Comitê Bacia do Rio São Francisco Márcio Tadeu Pedrosa.

A bacia do Velho Chico tem 2.586 km de extensão e corta seis estados e o Distrito Federal. Na cidade de Pirapora, o vapor Benjamim Guimarães, famosa atração turística, está parado. O solo está tão seco que dá a impressão de deserto. No lugar da areia, barro e mato muito secos.

A represa da usina de Três Marias, o primeiro reservatório ao longo do rio, está com menos de 3% da capacidade. Se não chover o suficiente em novembro, o rio pode secar em um trecho de 40 km, entre a represa e a foz do primeiro afluente, o Rio Abaeté.

“A represa de Três Marias está mais de 20 metros abaixo do seu nível normal com risco de não mais descer água pela represa e prejudicar mais ainda os usos que nós chamamos de usos múltiplos, que é o abastecimento de água, animal, indústria, agricultura, pecuária”, completa o coordenador.

Hoje, 12% da água do São Francisco abastecem as cidades e comunidades rurais, 7% vão para a indústria e 77% são destinados à irrigação agrícola. O norte de Minas faz parte do maior projeto de fruticultura irrigada da região sudeste, o projeto Jaíba – 25 mil hectares são plantados com vários tipos de frutas que geram mais de 18 mil empregos diretos.

Na região sudoeste de Minas, o nível dos rios baixou dez metros. As margens se transformaram em paredões de terra e o gado que desce em busca de água para matar a sede não consegue voltar. Muitos estão morrendo. O peixe também está difícil e a população ribeirinha sofre. Quase nove mil pescadores dependem do Rio São Francisco.

Entre a divisa da Bahia com Minas até o município de Xique-Xique, o assoreamento atinge a maior parte do leito do rio. Um dos motivos é a destruição das matas ciliares. Elas não existem mais em quase toda a extensão das duas margens.

O rio está mais largo e muito mais raso. Comunidades ribeirinhas que ficavam longe das águas agora estão a poucos metros. Famílias já foram obrigadas a se mudar. Nos trechos onde as balsas fazem a travessia de carros já virou rotina as embarcações encalharem.

Em vários municípios ribeirinhos, enormes bancos de areia impedem o rio de correr. A barragem de Sobradinho já encolheu mais de 80%. A caatinga submersa reapareceu. Comunidades que ficavam perto da água agora estão a quilômetros de distância e os moradores estão sendo abastecidos por caminhões-pipa. No povoado de Piçarrão, só recebe água quem tem dinheiro para pagar.

  • G1/ Pesqueirafuxico

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