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Homem morre durante tentativa de ocupar terreno em Taboão da Serra

03/05/2015 

Guardas municipais tentaram impedir que sem-teto tomassem área.
Prefeitura diz que será feita perícia em armas de guardas.

Do G1 São Paulo

A tentativa de ocupação de um terreno na madrugada deste domingo (3) terminou com a morte do metalúrgico Fernando Neris Ferraz, de 22 anos. O caso ocorreu no Jardim Record, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo. Ferraz foi atingido por um tiro durante a ação de agentes da Guarda Municipal que buscavam impedir a ocupação do terreno.

Não se sabe dizer se o disparo foi feito pela própria GCM ou alguém que estava no local. Todos os GCMs disseram que fizeram apenas disparo de alerta, para o alto”
Daniel Borges,
secretário de Comunicação de Taboão

O tumulto entre cerca de 100 sem-teto e 12 guardas municipais ocorreu por volta da 1h30. A Prefeitura de Taboão diz que os sem-teto reagiram e atacaram os guardas, mas que ainda apura a origem do tiro.

Testemunhas negam confronto, dizem que a Guarda Municipal reprimiu a ocupação e que o disparo partiu de uma agente da corporação.

Segundo Karine Pereira Santos, mulher da vítima, o marido avisou que iria participar da invasão e deixou o imóvel alugado onde moram às 22h44 de sábado (2).

Ela conta que só soube no meio da madrugada deste domingo sobre o assassinato. “Às 3h recebi a notícia que ele tinha sido baleado. E o pior de tudo, por uma policial”, disse Karine (veja vídeo com depoimento de Karine abaixo).

Juntamente com o irmão e amigos, Ferraz tinha se juntado recentemente a um grupo de luta por moradia. De acordo com eles, essa foi a primeira participação deles em uma atividade. “Tá, era errado (invadir), mas ninguém escolhe isso. Não é fácil pagar aluguel. Não é fácil viver a vida que a gente vive. Ele não foi lá porque ele era um vagabundo. Ele era um trabalhador, só queria uma oportunidade”, desabafou Karine.

Na porta da delegacia, ela segurava quatro cápsulas deflagradas e relatava que elas foram recolhidas no local onde o marido foi morto, segundo ela, por uma guarda civil. “Até falam muito que eu sou ciumenta, que eu prendia muito ele. E na primeira oportunidade que ele teve de fazer alguma coisa, se foi, assim de um jeito tão ruim”, afirmou Karine.

Ferido com tiro
O pintor Diego Arcanjo Gabriel também apontou uma agente da Guarda Civil como responsável pelo disparo. Ele acredita que o mesmo tiro que matou Ferraz o atingiu antes de raspão. Ele esteve nesta tarde na delegacia prestando depoimento.

Irmão do metalúrgico assassinado, o jovem Diego Neri Ferraz conta que estava no terreno quando houve a ação da Guarda Municipal. “Não teve confronto. Eles já chegaram atirando. Primeiro atiraram bomba de efeito moral, todo mundo saiu já com o olho ardendo, todo mundo reclamando, se afastou”, conta Diego Ferraz.

“Depois, juntou todo mundo novamente e eles voltaram revidando com bala de borracha. Aí a população começou a jogar pedras neles. Eles começaram a atirar com revólver para cima. Quando a gente foi olhar meu irmão já estava baleado”, afirma Diego Ferraz.

Secretário diz que apura disparo
O secretário de Comunicação da cidade, Daniel Borges, disse está sendo apurado de onde partiu o tiro. “Não se sabe dizer se o disparo foi feito pela própria GCM ou alguém que estava no local. Todos os GCMs disseram que fizeram apenas disparo de alerta, para o alto”, disse.

Daniel Borges afirmou que a maioria dos guardas disparou tiros com balas de festim para tentar dispersar o grupo. Ele disse, no entanto, que os guardas possuem armamento letal, por isso foi realizada perícia para verificar a presença de pólvora nas mãos dos envolvidos e as armas estão em posse dos responsáveis pela investigação do caso.

Cápsulas reunidas por mulher da vítima de assassinato durante invasão de terreno em Taboão. (Foto: Reprodução/Globo News)Cápsulas reunidas por mulher da vítima de assassinato durante invasão de terreno em Taboão. (Foto: Reprodução/Globo News)

Ocupação de área municipal
O terreno pertence à Prefeitura e fica ao lado de uma Unidade Básica de Saúde e de uma escola. O grupo tentou ocupar a área por volta das 8h30 deste sábado (2) e a GCM já havia retirado as pessoas do local. Por volta da 1h, segundo a Prefeitura, guardas passavam pela região quando flagraram uma nova tentativa de invasão.

Foi pedido reforço e cerca de meia hora depois começou o tumulto. “Houve confronto, eles jogaram pedras, paus, quebraram uma viatura, um GCM foi ferido”, disse o secretário.

O caso será investigado pelo 1º Distrito Policial da cidade. Segundo a Prefeitura, não havia mais nenhum sem-teto no terreno neste domingo. Guardas fazem a segurança da área, que deve ser utilizada para a construção de um novo equipamento público.

A Polícia Militar disse que não há registro de que ela tenha sido acionada para a ocorrência.

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