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O pornô é bom para a sociedade

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A indústria do sexo explícito não serve só para girar a economia. Ela também pode combater crimes sexuais – e até emancipar mulheres

POR Redação Super

 Disclaimer: Essa matéria faz parte do Arquivo da Revista Superinteressante, e pode conter dados muito antigos que podem não condizer mais com a atualidade.

Milton Diamond*

Pornografia. A maioria das pessoas já viu e defende fortes opiniões sobre ela. Uns argumentam que seu acesso fácil traz efeitos negativos à sociedade, como a degradação da mulher. Mas outros defendem que é uma expressão legítima de fantasias, e que não apenas traz satisfação imediata do desejo como também substitui a agressão sexual. Assim, evitaria outras atividades perigosas, prejudiciais e ilegais. Algumas feministas afirmam até que ela emancipa a mulher, libertando-a das amarras do pudor e das restrições sociais.

Não faltam provas confirmando esse posicionamento. Ao longo dos anos, muitos cientistas investigaram a ligação da pornografia tanto com crimes sexuais quanto com seu efeito na atitude dos homens em relação às mulheres. E, em todas as regiões investigadas, pesquisadores descobriram que crimes sexuais ou diminuíram ou não aumentaram onde a disponibilidade da pornografia cresceu. E, dos poucos que viram correlação entre a disponibilidade de pornografia e comportamentos antissociais, nenhum encontrou relação de causa e efeito.

Pesquisas de escala nacional na Dinamarca, Suécia, Alemanha Ocidental e EUA observaram que, embora a presença de pornografia tenha aumentado consideravelmente de 1964 a 1984 nesses países, a taxa de estupros ou caiu ou permaneceu no mesmo nível. Estudos posteriores mostraram ainda resultados semelhantes em todos os outros países cientificamente examinados – entre eles, Canadá, China, República Checa, Finlândia, Japão e Polônia. Afinal, a pornografia oferece um substituto fácil e imediato para os crimes sexuais: a masturbação.

Ainda assim, é comum que a polícia sugira que uma grande porcentagem de criminosos sexuais já usou pornografia. Isso é irrelevante, dado que a maioria dos homens tem em algum momento da vida acesso a conteúdos de sexo explícito.

Observando a questão mais de perto, pesquisadores descobriram algo surpreendente: presos estupradores têm maior probabilidade de ter sido punidos na juventude por ver pornografia que os não estupradores. E mais. Presos não estupradores começaram a ver pornografia mais cedo e em maior quantidade que os estupradores. O que é realmente correlato com o crime sexual é ter tido uma educação religiosa rígida e repressora.

Estudos também mostram que homens expostos a filmes pornográficos são mais tolerantes com as mulheres que os não expostos. Nenhum pesquisador cientificamente sério provou que a exposição à pornografia tem uma relação de causa e efeito com sentimentos ou atos negativos contra mulheres.

É verdade que algumas pessoas afirmam sofrer efeitos adversos da exposição à pornografia – basta considerar testemunhos em cortes de divórcio. No entanto, não há nenhuma prova de que a pornografia tenha sido a causa do abuso. Acima de tudo, não há liberdades que não possam ser usadas de forma equivocada. Mas o acesso à pornografia é uma das que parecem oferecer mais bem do que mal.

*Milton Diamond é diretor do Centro do Pacífico para Sexo e Sociedade, associado à Universidade do Havaí. Os artigos aqui publicados não representam necessariamente a opinião da SUPER.

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