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Prefeito e deputado estadual são investigados por lavagem de dinheiro em casas lotéricas, diz Justiça Federal

JFPE confirmou, nesta quinta (12), que o prefeito de Itamaracá, Mosar Tato (PSB), e Guilherme Uchôa Júnior (PSC), filho do ex-presidente da Alepe Guilherme Uchôa, estão entre os alvos da Operação Mapa da Mina, deflagrada pela PF, na quarta (11).

Por G1 PE

12/11/2020 18h15  Atualizado há 12 horas


Carro foi apreendido na Operação Mapa da Mina, desencadeada pela Polícia Federal de Pernambuco na quarta-feira (11) — Foto: Assesoria/Polícia Federal/Divulgação

Carro foi apreendido na Operação Mapa da Mina, desencadeada pela Polícia Federal de Pernambuco na quarta-feira (11) — Foto: Assesoria/Polícia Federal/Divulgaçãohttps://bdeeff5d3c0260bdccb7b98944a02db7.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html

A Justiça Federal em Pernambuco (JFPE) confirmou, nesta quinta (11), nomes de políticos investigados pela Polícia Federal pelo uso de casas lotéricas para lavar dinheiro de cofres públicos e de corrupção. São eles: o prefeito de Itamaracá (Grande Recife), Mosar Tato (PSB), e o deputado estadual Guilherme Uchôa Júnior (PSC), filho do ex-presidente da Assembleia Legislativa (Alepe) Guilherme Uchôa, que morreu em 2018.

Os dois foram alvo da Operação Mapa da Mina, deflagrada na quarta (11), pela Polícia Federal, em várias cidades do estado. As informações sobre o envolvimentos dos políticos estão contidas em oito documentos com decisões da JFPE, divulgadas nesta quinta.

Além dos políticos, segundo a JFPE, foram alvo de mandados de busca e apreensão a viúva de Guilherme Uchôa, Eva Lúcia Goes Uchôa Cavalcanti Barbosa, e a filha do ex-deputado e esposa do prefeito de Itamaracá, Giovana Maria Góes Uchôa Cavalcanti Barbosa.

A Justiça Federal também confirmou o envolvimento do policial Pércio Araújo Ferraz e de Renato Correia de Lima, apontados como líderes da quadrilha. Pelo menos R$ 30 milhões teriam sido desviados pelo grupo.

Carros de luxo foram apreendidos durante operação Mapa da Mina, da Polícia Federal, na quarta (11) — Foto: Polícia Federal/Divulgação

Carros de luxo foram apreendidos durante operação Mapa da Mina, da Polícia Federal, na quarta (11) — Foto: Polícia Federal/Divulgaçãohttps://bdeeff5d3c0260bdccb7b98944a02db7.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html

Na quarta-feira, entre os bens apreendidos, segundo a PF, estavam carros de luxo das marcas BMW e Land Rover, além de documentos. Os mandados foram autorizados pela 13ª Vara Federal de Pernambuco. O processo tramitava em sigilo de Justiça, mas a divulgação dos nomes dos envolvidos foi autorizada.

A operação apurou que a quadrilha teria o apadrinhamento do ex-deputado estadual Guilherme Uchoa. Segundo a JFPE, como presidente da Alepe, o ex-parlamentar facilitava o acesso das empresas Alforge e Alfoservice a prestações de serviço a órgãos públicos, por meio do direcionamento de licitações.

Também foram identificados indícios de participação nos crimes as empresas FRV Soluções Terceirizadas, R&E Prestação de Serviços e Bunker Segurança e Vigilância Patrimonial Eirelli. Ao todo, mais de R$ 12 milhões foram transferidos das contas dos investigados para as loterias da família de Guilherme Uchôa.

As lotéricas investigadas são as seguintes:

  • Loteria RioMar LTDA: pertence a Mosar Tato, Giovana Uchôa, e ao o filho deles, Mosar de Melo Uchôa Cavalcanti Barbosa, e à viúva de Guilherme Uchôa, Eva Uchôa
  • Loteria Sonho Meu LTDA: pertence a Eva Uchôa e a Guilherme Uchôa Júnior
  • Sonho Certo Loteria LTDA: pertence a Eva Uchôa e a Mosar Tato
  • Show Loterias LTDA: pertence a Eva Uchôa, Mosar Tato e a Guilherme Uchôa
  • Mapa da Mina Loteria LTDA: pertence a Eva Uchôa e Guilherme Uchôa Júnior

O esquema

PF investiga políticos acusados de usar lotéricas para lavar dinheiro
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Guilherme Uchôa foi eleito deputado estadual pela primeira vez em 1994 e permaneceu no cargo até julho de 2018, quando faleceu, aos 71 anos. Ele foi presidente da Alepe por seis vezes, desde 2006. Os investigadores acreditam que ele utilizava do cargo para facilitar a atuação do grupo criminoso (veja vídeo acima).

De acordo com as investigações, o policial militar Pércio Araújo Ferraz seria o líder da quadrilha e teria movimentado, entre janeiro de 2012 e abril de 2018, R$ 29.623.197,03.

As dezenas de milhões de reais movimentadas por ele seriam incompatíveis com seu salário de PM. De acordo com o Portal da Transparência de Pernambuco, ele recebia, em média, pouco mais de R$ 12 mil líquidos por ser coronel da corporação.

Pércio, segundo a polícia, tinha aproximação com Guilherme Uchôa devido ao cargo. O oficial atuava como um dos responsáveis pela segurança da Alepe.

Dinheiro em espécie, celulares e computadores foram apreendidos na operação Mapa da Mina, da Polícia Federal, na quarta (11) — Foto: Polícia Federal/Divulgação

Dinheiro em espécie, celulares e computadores foram apreendidos na operação Mapa da Mina, da Polícia Federal, na quarta (11) — Foto: Polícia Federal/Divulgação

Com ele, na gestão do grupo criminoso, estava Renato Correia de Lima, que, para a polícia, “é, em tese, sócio de Pércio nas empresas e nos negócios delituosos desenvolvidos a partir deles, desde 6 de maio de 2010, quando da constituição da empresa R SAT Segurança Eletrônica”.

De acordo com a Justiça Federal, também há indícios de que o deputado estadual Guilherme Uchôa Júnior, um dos proprietários das lotéricas investigadas, também utilizava a empresa Star Turismo e Transporte LTDA, da qual é proprietário, para lavar dinheiro, com o mesmo propósito das casas lotéricas.https://bdeeff5d3c0260bdccb7b98944a02db7.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html

Isso porque, segundo a investigação, informações declaradas por ele à Receita Federal, para fins de Imposto de Renda, não condiziam com os rendimentos recebidos pela empresa.

G1 entrou em contato com as assessorias da prefeitura de Itamaracá, do deputado Guilherme Uchôa Júnior e da Alepe, mas não recebeu retorno, até a última atualização desta reportagem.

A operação

As cinco lotéricas, de acordo com a PF, são mantidas “apenas para viabilizar o processo de lavagem de dinheiro, já que não geram lucros reais para seus sócios”. Feitas desde 2013, as transferências ultrapassam R$ 14 milhões.

Ao todo, foram 25 mandados de busca e apreensão para endereços no Grande Recife, em Caruaru, no Agreste, e em Floresta, no Sertão, dentro da operação Mapa da Mina, que contou com apoio da Controladoria Geral da União (CGU).

A investigação começou a partir de outra ação da PF, denominada Decimus, que identificou um grupo empresarial comandado por oficial da Polícia Militar com atuação na área de vigilância e de serviços gerais. Apenas duas empresas desse grupo receberam, desde 2013, cerca de R$ 175 milhões dos cofres públicos. No entanto, a PF não informou se esse dinheiro teria sido desviado.

A PF afirmou que esse grupo teve “crescimento econômico vertiginoso a partir de 2013” através de contratos com entidades públicas municipais, estaduais e federais, mediante dispensas de licitação suspeitas ou processos licitatórios direcionados (veja vídeo abaixo).

Operação da PF e da CGU investiga uso de casas lotéricas para lavagem de dinheiro
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Operação da PF e da CGU investiga uso de casas lotéricas para lavagem de dinheirohttps://bdeeff5d3c0260bdccb7b98944a02db7.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html

Segundo a CGU, as possíveis irregularidades teriam ocorrido na 3ª Superintendência Regional da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e em outros órgãos.

Na primeira fase da operação, os indícios encontrados pela PF apontaram que os políticos investigados atuavam em parceria com o grupo empresarial junto a dirigentes de órgãos públicos, com o objetivo de direcionar licitações – ou a dispensa delas – para favorecer as empresas.

Os envolvidos podem responder pelos crimes de lavagem de dinheiro, fraude a licitações, peculato e corrupção ativa. Além de 100 policiais federais, auditores da Controladoria Geral da União participaram do cumprimento dos mandados.

Operação Decimus

Em abril de 2018 a Operação Decimus investigou irregularidades em duas empresas de segurança privada no Recife. Durante a ação, um tenente-coronel da Polícia Militar de Pernambuco foi detido e foram apreendidos cerca de 33,5 mil dólares em espécie, além de R$ 220 mil e seis armas de fogo e 150 munições de calibres diversos.

Além do dinheiro e das armas, a PF também apreendeu sete discos rígidos, dez celulares, um tablet, cinco notebooks, três agendas, 2.200 folhas de cheques com valores diversos, carimbos, cartões magnéticos e documentos. Na data, as investigações apuraram a relação do oficial da PM com uma das empresas de segurança que foi alvo da operação.https://audioglobo.globo.com/widget/widget.html?podcast=702&audio=322143&color=C4170Chttps://bdeeff5d3c0260bdccb7b98944a02db7.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-37/html/container.html

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